Senar-SP tem curso voltado para Orquídeas, mas quase a totalidade dos alunos é de donas de casa
A falta de mão de obra qualificada tem sido um desafio crescente para o setor de flores e plantas ornamentais e, ao que tudo indica, em 2025 não será diferente. A dificuldade em atrair e manter os trabalhadores especializados compromete a eficiência da produção, resultando em atrasos na colheita, aumento de perdas e redução da qualidade dos produtos. Esse cenário ganha contornos ainda mais graves com o envelhecimento da força de trabalho e pela migração de jovens para áreas urbanas ou outros setores mais atrativos, deixando um espaço significativo nas operações agrícolas. Mesmo assim, a expectativa é de crescimento em torno de 6% em 2025.
Dirceu Hashimoto, presidente do Sindicato Rural de Atibaia e o segundo maior produtor de flores do estado, frisa que os problemas vão além da mão de obra. Para ele, a disparidade do mercado cambial, que tem elevado o preço dos insumos agrícolas também contribui nesse processo, que resiste graças à resiliência dos produtores. Hashimoto pontuou que outra questão que aflige é a falta de um seguro específico, uma vez que o setor de plantas ornamentais é muito sensível às mudanças climáticas.
“Não temos nenhum incentivo para modernizar e automatizar a produção. O governo é totalmente contra o desenvolvimento do setor agrícola”, lamentou Hashimoto.
O mercado de flores e plantas ornamentais paulista destaca-se como um dos mais dinâmicos e relevantes do Brasil. Ainda aguardando a consolidação dos dados do último ano, em 2023, o mercado de flores e plantas ornamentais no Brasil alcançou um faturamento de R$ 19,9 bilhões, dos quais aproximadamente 40% foram gerados em São Paulo, totalizando cerca de R$ 7,8 bilhões. Além disso, concentra 75% da produção nacional e responde por 55% do consumo desses produtos. Esses números destacam a posição central do estado na floricultura brasileira, tanto em termos de produção quanto de mercado consumidor.
O presidente do Sindicato Rural de Mogi das Cruzes e o maior produtor de orquídeas de São Paulo, Fábio Dan, faz coro com Hashimoto sobre o aumento dos insumos e a falta de mão de obra como elementos que impactam fortemente no setor. Os pequenos produtores, descapitalizados, são os que mais sofrem, já que os grandes investem em mecanização e robotização.
“O crescimento do setor tem sido registrado principalmente por aqueles que possuem uma melhor logística. A expectativa é de aumento do consumo per capta de flores”, disse Fábio Dan.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, tem trabalhado com todas as cadeias produtivas no sentido de buscar soluções para o setor agropecuário paulista. Atualmente o Senar-SP oferece cursos de Orquídeas e, apenas este ano, já foram realizados 164 cursos nos sindicatos paulistas, com maioria dos alunos composta por donas de casa que querem ver suas plantas florescerem com qualidade.
“Esse é um setor muito importante, que precisa de um olhar mais cuidadoso pela fragilidade das plantas e flores. A Faesp tem atuado, por meio de suas comissões técnicas, no sentido de construir políticas de fomento às cadeias produtivas, que garantam a produção e a permanência do homem no campo”, explicou Meirelles.
Ibraflor prevê crescimento
O presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Jorge Possato Teixeira, acredita que, apesar dos desafios enfrentados pelo setor, haverá crescimento de 6% a 8% em 2025. O último ano foi bastante positivo, chegando a 8%, superior ao da economia, puxado, principalmente pelo setor de flores de corte. Ele frisou que, não apenas os eventos e festas, mas também as vendas online e em supermercados garantiram esse índice.
“Entre os desafios que os produtores enfrentarão estão o custo de importação de mudas e sementes geneticamente aprimoradas, em dólar ou euro; e a instabilidade climática, com forte calor ou falta de chuva, comprometendo a qualidade das flores e aumentando o custo de produção, tanto de irrigação, quanto de esfriamento das estufas. Apesar disso, acredito que haverá a manutenção do índice de alta do ano passado”, concluiu o presidente do Ibraflor.
Fonte: Faesp