Investimento inicial ainda é o principal gargalo para que essa ferramenta esteja disponível a todos os pecuaristas
A inseminação artificial é uma das principais ferramentas utilizadas na pecuária para a melhoria genética dos rebanhos. Essa técnica permite a seleção de touros geneticamente superiores, garantindo que características desejáveis, como maior ganho de peso, resistência a doenças e melhor qualidade da carne ou do leite, sejam transmitidas às próximas gerações. Dessa forma, os produtores podem aprimorar a produtividade e a rentabilidade de suas fazendas de maneira mais eficiente e segura do que a reprodução natural.
Segundo o INDEX ASBIA 2024, elaborado pelo Cepea/USP para a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), houve um aumento de 4% no uso da inseminação artificial em relação a 2023. Apontou ainda o crescimento de 6% na coleta de sêmen e de 14% nas importações, mostrando o otimismo dos pecuaristas de corte e leite com o futuro do setor. A produção total de doses de sêmen atingiu 26,2 milhões, volume 7,4% superior, enquanto a inseminação artificial foi aplicada em 4.496 municípios, abrangendo 81% das cidades brasileiras. O investimento em genética para leite cresceu 9%, totalizando 5,9 milhões de doses, o maior volume desde 2018, enquanto o segmento de corte registrou alta de 3%, chegando a 17,5 milhões de doses.
Para o coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Luiz Otávio Motta, além dos preços, que não são acessíveis a todos, ainda há falta de mão-de-obra especializada para o trabalho. A vantagem, afirmou, é que o criador pode escolher os componentes que quer desenvolver e encontrar animais que possam oferecer o material perfeito para ter o resultado dentro do que desejou.
“O processo de inseminação artificial tem muitas vantagens, a principal é o ganho genético, poder usar genótipos de animais dos melhores criatórios do mundo. As limitações ainda são preço do investimento inicial, com botijão e sêmen, e principalmente, a carência de mão-de-obra”, frisou Motta.
Com o avanço das tecnologias, como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e a combinação com ferramentas de inteligência artificial para a seleção genética, São Paulo se destaca como referência nacional na modernização da pecuária. Essas inovações possibilitam maior previsibilidade no manejo reprodutivo e melhoram os índices de produtividade dos rebanhos. Dessa forma, a inseminação artificial continua desempenhando um papel essencial no desenvolvimento da pecuária paulista, garantindo competitividade e qualidade na produção de carne e leite.
“A qualidade do nosso gado, seja para abate ou leite, é o grande diferencial do estado de São Paulo. O desenvolvimento de pesquisas por instituições, como a Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA), à nível estadual, e a Embrapa, a nível nacional, tem sido vital para garantir um rebanho capaz de responder às necessidades dos produtores e do mercado, aprimorando a eficiência do processo, aumentando as taxas de prenhez e reduzindo os custos para os pecuaristas”, explicou o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
Antonio Ginack Junior, da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte, é um entusiasta do método e trabalha há 45 anos com aprimoramento genético. Além da inseminação artificial, o processo de transferência de embrião é apontado por ele como ferramenta que tem contribuído para a melhoria dos rebanhos, seja de leite, seja de carne.
“Aqui em Monte Aprazível fomos pioneiros nos cursos sobre esse método, entendendo que esse é o futuro da pecuária, permitindo que o produtor defina as características do futuro bezerro”, concluiu Ginack.
Fonte: FAESP