As sessões de terapia com cavalos desenvolvem a socialização e melhora da mobilidade, atendendo pessoas com deficiência e síndromes neurológicas
Todos os sábados, Cassia Cristina leva o filho Davi Soares, de 36 anos, ao Instituto de Zootecnia, ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, no município de Nova Odessa. No local, o jovem realiza, há dez anos, sessões de equoterapia disponibilizadas pela Associação de Assistência e Equoterapia Americana (Aequotam).
Em 2014, Davi sofreu um acidente e perdeu a mobilidade. Desde então, sua rotina diária inclui diferentes atividades terapêuticas para sua reabilitação, mas a equoterapia é a preferida. “Antes o Davi era muito bravo, não andava sozinho, tinha muita dificuldade de equilíbrio. Hoje, de todas as terapias que ele faz, a que ele mais gosta é a “terapia dos cavalos”, relata Cássia.
Davi Soares com seu cavalo Monteiro
A equoterapia promove benefícios físicos, psíquicos e cognitivos, como o ganho de força, de coordenação motora e de equilíbrio; a interação social com a natureza e o bem-estar, além da autoconfiança e autonomia.
As sessões em Nova Odessa dispõem de três profissionais que guiam o praticante – termo dado aos alunos da equoterapia – assim, é possível, além da interação com o cavalo, o contato com a equipe, o que estimula também a comunicação desses alunos. “Quando chega final de semana, o Davi acorda todo feliz e pergunta se é dia dele ver o cavalo, que se chama “Monteiro”, conta Cássia.
Daniela Bordignon, fisioterapeuta e presidente da Aequotam, explica que o cavalo é o único animal que tem a “marcha” parecida com a do ser humano, por este motivo, o adulto ou criança, que está em cima do animal, tem a sensação de caminhar. Conforme as sessões evoluem, as atividades são aprimoradas, incentivando o praticante a tirar as mãos da manta com alça, ficar em pé no estribo, até o ponto de ficar sozinho sem os laterais. “É necessário muita paciência e dedicação. O Davi passou a evoluir o tratamento depois de pelo menos 4 anos, onde ele, pela primeira vez, conseguiu abrir os braços e se equilibrar sozinho no cavalo”, comemora a mãe de Davi.
A Aequotam atende pessoas com comprometimento físico ou cognitivo, como pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) “O cavalo pode trazer conforto e bem estar para o praticante. O fato de ser um animal alto, a criança se sente empoderada em cima dele, trazendo muitos benefícios para crianças com o espectro”, conta Daniela.
Outro praticante de equoterapia com TEA há mais de 10 anos é Claudio Junior, de 25 anos. A mãe conta que antigamente, Cláudio só conseguia se locomover apoiando em objetos e a equoterapia melhorou muito sua mobilidade ao longo do tratamento. “Ele tinha dificuldade até para deitar na cama para dormir. Hoje, ele já consegue subir e descer escadas e até sentar no chão para brincar com seu cachorro”, se emociona Maria Roschel.
Ainda que exista o comprometimento da fala, Maria comemora os pequenos avanços conquistados pelo filho com a equoterapia. “Ele ainda não verbaliza, mas já conseguimos entender o que ele precisa, porque agora consegue apontar e gesticular. Isso tudo devido a terapia e as interações com os profissionais da associação”, comemora.
Cláudio Júnior durante a Equoterapia
A utilização dos cavalos para reabilitação começou na Grécia Antiga há mais de dois mil anos, quando começaram a perceber que os soldados que montavam a cavalo se recuperavam mais rápido do desgaste e lesões sofridas em guerras. Com o passar do tempo, a equoterapia ganhou espaço dentro das terapias que atendem pessoas com deficiência e síndromes neurológicas.
Sobre a Aequotam
A Associação de Assistência e Equoterapia de Americana (Aequotam) é uma associação sem fins lucrativos que tem por missão a reabilitação de pessoas com deficiência e a inserção delas no contexto social.
A área de 20 mil metros quadrados utilizada pela Aequotam, que pertence ao Instituto de Zootecnia, foi cedida gratuitamente por tempo indeterminado, em novembro de 2024, para que a associação realize as atividades de equoterapia. O documento, assinado pelo secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, assegura a utilização das instalações presentes na área, que incluem um laboratório que foi reformado com instalações de cocheiras e duas casas que serão reformadas e usadas para serviços administrativos.
O Decreto N° 68.369, de 05 de março de 2024, autoriza a Fazenda do Estado a outorgar o uso, mediante permissão de uso, a título precário e gratuito, por prazo indeterminado, em favor da Aequotam, de parte do imóvel denominado “Instituto de Zootecnia de Nova Odessa e Americana”, localizado na Rua Heitor Penteado, n° 56, Centro, no Município de Nova Odessa.
Por Caroline Guimarães
MTB: 0091806/SP
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo