A decisão do governo brasileiro de zerar o imposto de importação para a carne desossada de bovinos congelada não impacta a indústria nacional de carnes nem deverá reduzir preços para o consumidor, segundo o economista da FGV Agro, Felippe Serigati.
No caso das carnes, o governo anunciou o corte no imposto de importação apenas para a carne desossada de bovinos congelada, de 10,8% para zero, segundo a decisão do Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) na semana passada.
Em 2024, o Brasil importou apenas 20,18 mil toneladas de carne desossada de bovinos congelada, segundo dados do sistema Agrostat do governo federal. Desse total, 18,69 mil toneladas foram importadas de países que fazem parte do Mercosul, que já contavam com tarifa zero no comércio com o Brasil.
“E o ponto principal, uma parte da explicação do porquê o preço da carne bovina acelerou, vem pelo lado da demanda. A demanda por carne bovina está aquecida, seja no mercado interno ou no externo”, disse Serigati à CarneTec na segunda-feira (17).
A menor disponibilidade global de carne bovina, em momento de oferta menor por países produtores como os Estados Unidos, tem elevado preços globais da proteína. O Brasil continua sendo o principal fornecedor mundial de carne bovina, registrando recordes de exportação mensais.
“A ideia de que reduzir a tarifa de importação vai reduzir o preço da carne no Brasil não se sustenta”, disse Serigati.
Por Anna Flávia Rochas
Fonte: CarneTec Brasil