Os constantes recordes de aumento da safra são impactados pela falta de espaços adequados de estocagem
A falta de galpões para armazenamento é um dos principais desafios enfrentados pelos produtores rurais de grãos no Brasil. Com as safras batendo recordes sucessivos, a capacidade de estocagem não cresce no mesmo ritmo, o que gera problemas logísticos e pode levar à perda de qualidade dos produtos.
Além disso, a necessidade de escoamento rápido pressiona os preços para baixo durante o período de colheita, impactando a rentabilidade dos agricultores. Sem espaços adequados para armazenar a produção, muitos acabam recorrendo a soluções improvisadas, como lonas a céu aberto, o que aumenta os riscos de deterioração e perdas.
“Os produtores paulistas possuem uma estrutura um pouco melhor, com armazenamento de cooperativas, silos da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) na estocagem de soja e milho, enquanto os produtores de amendoim têm estrutura própria. Mas, a nível Brasil, a falta de espaços específicos para abrigar a produção impacta no resultado do setor agropecuário”, frisou o coordenador da Comissão Técnica de Grãos da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Marcio Vassoler.
Para driblar essa dificuldade, os produtores têm investido em alternativas como silos-bolsa, que permitem armazenar grãos temporariamente em condições controladas diretamente no campo. Essa solução, apesar de mais barata e rápida de implementar, não substitui os armazéns convencionais em termos de segurança e durabilidade. Além disso, cooperativas e empresas do setor têm ampliado seus investimentos na construção de estruturas coletivas de armazenamento, otimizando recursos e oferecendo suporte logístico para os agricultores.
Apesar dessas soluções, o problema estrutural persiste, exigindo políticas públicas mais eficazes para incentivar a construção de novos armazéns e melhorar a infraestrutura de transporte e escoamento da produção. A falta de investimentos nesse setor pode comprometer o crescimento sustentável do agronegócio, que depende de uma cadeia logística eficiente para manter sua competitividade global. Assim, o desafio do armazenamento de grãos continua sendo um obstáculo significativo para o setor, demandando planejamento estratégico e inovação para garantir que os recordes de produção se traduzam em ganhos reais para os produtores.
“É vital para o setor que haja investimentos em toda a cadeia, desde o crédito rural, a questão do seguro da produção – principalmente em tempos de mudanças climáticas – estocagem e rodovias para escoamento. Por isso insisto que há a necessidade de uma política de longo prazo que contemple todas essas variáveis, a fim de garantir a qualidade e competitividade do agro brasileiro”, concluiu o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
Fonte: FAESP
