O presidente do Carrefour na França, Alexandre Bompard, disse na quarta-feira (20) que a rede francesa não venderá carnes provenientes do Mercosul, em apoio aos agricultores da União Europeia que se opõem a um acordo de livre comércio entre o bloco europeu e o Mercosul.
“Em solidariedade ao mundo agrícola, o Carrefour se compromete a não vender carne do Mercosul. Este é o significado da minha mensagem aos presidentes dos sindicatos agrícolas”, disse Bompard em publicação nas redes sociais, referindo-se a uma carta enviada a Arnaud Rousseau, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Agricultores da França (FNSEA).
Na carta, Bompard disse que ouviu “o desespero e a raiva dos agricultores diante do projeto de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul e do risco de inundação no mercado francês de uma produção de carne que não respeita suas exigências e normas”. Ele não detalha quais as lojas que deixarão de vender as carnes do Mercosul.
O Carrefour Brasil disse em nota enviada à imprensa que “nada muda nas operações no país”.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) brasileiro disse em nota que rechaça as declarações de Bompard e “reitera a qualidade e compromisso da agropecuária brasileira com a legislação e as boas práticas agrícolas, em consonância com as diretrizes internacionais”.
O ministério disse que o sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carnes bovina e de aves do mundo, “mantendo relações comerciais com aproximadamente 160 países, atendendo aos padrões mais rigorosos, inclusive para a União Europeia”.
O Mapa disse ainda que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor, tendo apresentado ao bloco europeu propostas de modelos eletrônicos que contemplam as etapas iniciais da nova lei antidesmatamento da UE, que entra em vigor a partir do final de 2025.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que a declaração do presidente do Carrefour na França é “infeliz e infundada”, com “argumentos equivocados”.
“A argumentação é claramente utilizada para fins protecionistas, ressonando uma visão errônea de produtores locais contra o necessário equilíbrio de oferta de produtos de seu próprio mercado – o que se faz por meio da complementaridade, com produtos de alta qualidade e que atendam a todos os critérios determinados pelas autoridades sanitárias dos países importadores, como é o caso da proteína brasileira”, disse a entidade.
A ABPA disse que o protecionismo é também uma atitude de desrespeito aos princípios de sustentabilidade e que, “ao impulsionar o bloqueio injustificado a produtos provenientes de regiões com melhor capacidade de produção com respeito às questões ambientais, o Senhor Bompard coloca os consumidores de suas lojas em uma lógica de consumo com mais emissões e sob maior pressão inflacionária e menor acesso às classes menos favorecidas”.
Por Anna Flávia Rochas
Fonte: CarneTec Brasil