Localizado em Piracicaba, o Núcleo Regional de Pesquisa de Tanquinho, do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, recebeu no último mês a visita de um grupo de pesquisadores que estudam o uso de órgãos provenientes de suínos para transplante em humanos. Participaram pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da empresa XenoBrasil, que firmaram junto ao IZ o projeto “Produção nacional de suínos geneticamente modificados voltados para o xenotransplante de órgãos em humanos”, em novembro de 2023. Também esteve presente Luis Mauro Queiroz, ex-membro da equipe que produziu o suíno geneticamente modificado, doador do rim transplantado recentemente no Massachusetts General Hospital, em Boston, nos EUA. Durante a visita, foram discutidos processos, procedimentos, instalações e manejo dos suínos, bem como os desafios inerentes às atividades que envolvem todas as etapas do projeto.
Uma das líderes do projeto nacional, ao lado dos professores Silvano Raia e Mayana Zatz, da USP, a pesquisadora do IZ e diretora da Unidade de Tanquinho, Simone Raymundo Oliveira, ressaltou a oportunidade de aprendizado conferida pela presença de Queiroz. “Sua expertise frente tanto ao ciclo produtivo dos animais, quanto ao processo de transplante foi fundamental, nos proporcionando a aquisição de conhecimentos que garantirão o sucesso do projeto”, assegurou. Pela XenoBrasil e USP, participaram da visita o coordenador científico, Luciano Abreu Brito, e a coordenadora veterinária, Michelle Araújo.
Como explica a pesquisadora do IZ, desde 2017 a equipe da USP vem pesquisando essa técnica, tendo obtido resultados expressivos, como a edição genética de células suínas em laboratório, tornando-as incapazes de produzir substâncias que causam forte rejeição imunológica em humanos, e a criação de embriões clones de suínos a partir destas células, que futuramente poderão vir a se desenvolver em animais adultos. “Agora estamos perto de conseguir os primeiros suínos clones para uso em transplantes”, relata Simone, que lembra que os avanços só foram possíveis graças ao apoio de organizações como a XenoBrasil, FAPESP e CNPq.
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Xenotransplantes
De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (2023), no Brasil mais de 60 mil pessoas estão na fila de espera por um órgão para transplante, e essa demanda cresce em ritmo acelerado. Uma possível solução para o problema é o uso de órgãos de porcos em transplantes, conhecido como xenotransplante suíno. Apesar dos avanços mencionados, a técnica segue ainda em fase experimental e não há previsão para ser realizada no país.
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo