O aumento na demanda por suínos vivos no mercado brasileiro elevou os preços pagos ao produtor a patamares que não eram atingidos desde o segundo semestre de 2017, apesar de as exportações para a China ainda não terem aumentado, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).
Focos de peste suína africana na China têm resultado no sacrifício de milhares de suínos no maior produtor e consumidor de carne suína do mundo. Analistas e representantes da indústria de carnes esperam elevação na demanda por carnes importadas pelo país asiático e mudança nos fluxos globais de comércio destes produtos.
“Com a perspectiva de aumento das exportações ao longo do ano, especialmente para a China, parece que, finalmente, depois de muitos meses de dificuldades, o suinocultor voltará a trabalhar com margens positivas”, disse o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, no Boletim ABCS Mercado em Foco divulgado na segunda-feira (29).
“Resta saber até que ponto os indicadores socioeconômicos negativos do país, como alto desemprego e redução de renda, vão limitar esta subida dos preços.”
O volume de exportações de carne suína in natura brasileira para a China caiu 18% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a receita teve queda de 21,6%, segundo dados compilados pela ABCS. Por outro lado, as exportações para a Rússia estão se recuperando e aquele país importou 13% de todo o volume embarcado pelo Brasil no primeiro trimestre, ou 17 mil toneladas.
A ABCS espera que a baixa oferta de suínos para abate se mantenha nos próximos meses enquanto os custos de produção devem ficar estáveis. Uma boa colheita da segunda safra de milho e estabilidade do mercado de soja devem colaborar para a melhora das margens dos produtores de suínos.
“Porém, é preciso ficar atento às condições climáticas aqui e nos EUA e às negociações tarifárias da soja e da carne suína entre China e EUA. Além disso, com o crescimento das exportações de carne bovina e de frango, é esperada uma pressão para o aumento dos preços pagos ao suinocultor brasileiro”, disse a entidade.
O Boletim Mercado em Foco é desenvolvido por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (FNDS) com dados de especialistas do agronegócio, entre os quais da consultoria MBAgro.
Por Anna Flávia Rochas
Fonte: CarneTec Brasil