Reduzir as emissões de gases de efeito estufa e consequentemente os impactos das mudanças climáticas é um dos maiores desafios da atualidade. Se por um lado a agropecuária tem sido fortemente afetada pelos efeitos das anormalidades climáticas, como temperaturas extremas, ondas de calor, seca e inundações, por outro lado, os setores agropecuários e a mudança do uso da terra são os maiores responsáveis pelas emissões totais de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil.
Um dos principais usos da terra no país são as pastagens, com cerca de 159 milhões de hectares, sendo que a maior parte apresenta algum nível de degradação, podendo aumentar ainda mais as emissões de gases.
Pesquisa realizada no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Pastagem e Alimentação Animal do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, em colaboração com Embrapa Meio Ambiente, Instituto Agronômico (IAC-APTA) e Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, avaliou o estoque de carbono em solos sob mata e sob pastagem e identificaram que boas práticas de manejo de pastagem podem aumentar o sequestro do carbono (C) no solo, reduzindo as emissões.
De acordo com a pesquisadora do IZ Cristina Maria Pacheco Barbosa, foram analisadas amostras de solos de dois pareamentos de mata e pastagem. “Avaliamos três tratamentos: pastagem exclusiva de gramínea; pastagem exclusiva de gramínea com suplementação proteica aos animais; e pastagem de gramínea consorciada com leguminosa. Dependendo da textura do solo é possível ter o mesmo acumulo de carbono no solo de mata ou pastagem, e com o tempo é possível que o do solo sob pastagem supere o do solo sob mata”, diz.
Segundo Barbosa, pastagens mal manejadas, pouco produtivas e com baixa cobertura do solo devem resultar em déficit de C em relação à cobertura florestal original, enquanto pastagens com boas práticas de manejo, como adubação nitrogenada, consórcio com leguminosas, sistemas de pastejo rotacionado ou diferido, podem superar os estoques originais de C no solo. “Estas boas práticas também têm impactos positivos diversos na produção, como, por exemplo, na maior eficiência de uso dos nutrientes e no equilíbrio biológico dos sistemas”, reforça.
Por Alexandra Cordeiro
Fonte: Assessoria de Comunicação SAA/SP