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Setor de cerâmica quer substituir 50% do gás natural por biometano de cana até 2030

“Para a indústria cerâmica, o acordo representa um novo e importante passo na área energética, com ganhos econômicos e ambientais”, disse o presidente do conselho de administração da Anfacer, Benjamin Ferreira Neto

 

Um acordo entre os setores de cerâmica e o segmento sucroenergético prevê a redução de 50% do uso de gás natural das indústrias fabricantes de cerâmica São Paulo até 2030, o equivalente a aproximadamente 1 milhão de metros cúbicos por dia.

O combustível dos fornos das fábricas deverá ser substituído pelo biometano, gás produzido a partir de resíduos orgânicos e uma alternativa ao derivado do petróleo. A parceria foi firmada na última sexta-feira, 3, em Santa Gertrudes, no interior do Estado de São Paulo.

Inicialmente, o projeto-piloto de substituição contemplará dez plantas do polo fabril de Santa Gertrudes. O funcionamento operacional deverá ocorrer no início de 2025 e, a princípio, o uso deverá chegar à proporção de 5% do consumo energético das indústrias participantes.

O acordo envolve entidades como a Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), a Associação Paulista de Cerâmicas para Revestimento (Aspacer), o Sindicato das Indústrias de Cerâmica de Criciúma (Sindiceram) e o Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla). Há, ainda, participação da empresa Geo Biogás & Tech e do Senai.

Para o CEO da Geo Biogás & Tech, Alessandro Gardemann, o acordo demarca o movimento da indústria rumo à transição energética para baixo carbono. “O segmento industrial é fundamental para o desenvolvimento desse mercado e é muito bom ver, cada vez mais, novas empresas aderindo às soluções que agregam valor e descarbonizam sua produção”, declarou.

A iniciativa, segundo os segmentos envolvidos, visa o ganho na área sustentável, com diminuição da pegada de carbono, além da previsibilidade de preços e maior segurança energética.

“O projeto é pioneiro no país, por meio da associação de dois APLs (Arranjo Produtivo Local) e possibilitará a produção e o uso em escala do biometano, o chamado Pré-Sal Caipira”, afirmou o presidente do Conselho de Administração da Anfacer, Benjamin Ferreira Neto.

“Manteremos a qualidade e a produção da indústria cerâmica dentro de um conceito de economia circular com baixas emissões de gases de efeito estufa”, completou o presidente do Sindiceram, Otmar Müller.

Em um primeiro momento, por meio da rede já existente de gasodutos, serão injetados 50 mil metros cúbicos diários de biometano nos fornos das empresas de cerâmica. Somente em torno da região de Santa Gertrudes, 30 usinas têm potencial de fornecimento de 10 milhões a 30 milhões de metros cúbicos por dia.

Além da possibilidade de ampliação no volume do biocombustível disponibilizado para a indústria, o acordo permitirá o desenvolvimento de outros usos para o biometano dentro da cadeia produtiva do setor, como na conversão da frota de caminhões utilizados para transportar a matéria-prima das jazidas para as linhas de produção.

O Brasil é o segundo maior consumidor de revestimentos cerâmicos, terceiro maior produtor e sétimo maior exportador mundial. A indústria representa 6% do PIB da construção civil nacional e é constituída por 60 empresas e 71 unidades fabris, mantendo 28 mil empregos diretos e 200 mil indiretos, segundo informações das associações do segmento.

Por Gabriela Brumatti

Fonte: Agência Estado

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