Produtor paulista precisa dar mais atenção no manejo do pasto, sob o risco de perder dinheiro
Um aspecto importante da pecuária de corte e de leite é quanto às terras com vegetação destinada à alimentação do gado. No Brasil mais de 80% da carne bovina é produzida em regime de pastagem, com a adoção de capins selecionados. Mas o que nem todo mundo sabe é que a preocupação com o manejo desses locais deve ser a mesma que se tem com uma plantação de soja, milho ou outras sementes e olerícolas. Assim, o pasto deve ser cultivado, adubado e tão bem cuidado quanto as culturas agrícolas. O curso “Recuperação de Pastagens Degradadas”, oferecido pelo Serviço de Aprendizagem Rural (SENAR-SP), ensina, por meio de aulas práticas, como o produtor deve cuidar dessas áreas para garantir a qualidade e a produtividade do gado. As áreas degradadas afetam diretamente a produção de gado.
O manejo correto desses espaços implica a seleção de forrageiras de boa qualidade nutricional, resistente a pragas e a variações climáticas, e um programa de plantio que considere as especificidades da propriedade e do rebanho, permitindo melhor conservação do terreno e racionalização do consumo pelo gado – evitando que falte ou sobre alimento, pois em ambos os casos o pasto pode ser prejudicado. Deixar o pasto crescer “de qualquer jeito” para os animais comerem é a pior estratégia. Assim, a qualidade da alimentação e, por consequência, a qualidade do produto final, dependem de um sério planejamento.
Sérgio Berteli Garcia, instrutor desse curso no Sindicato Rural de Miguelópolis, aponta que falta conhecimento técnico por parte do produtor, sobre os cuidados necessários com essas áreas. “Grande parte delas está degradada porque o manejo é feito de maneira errada”, diz Sérgio. “Todo pecuarista acha que o capim que alimenta o gado não é uma cultura. Que não é como produzir soja ou milho, mas na realidade é. Porque se não houver um cuidado, se não for feita a adubação e o tratamento apropriado da mesma maneira que uma grande plantação, o pasto fica prejudicado. Esse conceito que o capim, que a gramínea, é uma cultura que necessita dos mesmos cuidados, como qualquer outra, precisa ser aprendido pelos produtores”, relata o instrutor do SENAR-SP.
O consumo da forragem pelo gado é alto. Um animal precisa consumir 3% do seu peso corporal em um só dia. Dependendo do tamanho do rebanho, em uma semana uma boa pastagem precisa fornecer 30 toneladas de matéria seca. Um solo degradado perde grande parte das gramíneas, chegando a fornecer apenas 3 ou 4 toneladas, o que afeta a produtividade e a nutrição do rebanho. O que causa esse desgaste é a falta de cuidado do produtor, que não presta atenção nas condições do pasto ou coloca uma quantidade muito grande de animais em uma área com pouco alimento – com a pouca forragem, o gado esgota o alimento, o solo fica empobrecido de gramíneas e passa a ser atacada por formigas, ou ocupada por plantas invasoras; a fertilidade é prejudicada, sofrendo até mesmo erosões, e a qualidade de nutrientes cai. O curso do SENAR-SP fornece aos participantes o conhecimento necessário para identificar as necessidades do solo afetado e as medidas para sua recuperação.
“O curso mostra, na prática, como reconhecer o nível de degradação do pasto e o que pode ser feito para que ele volte às condições originais”, afirma Sérgio. Ao identificar o problema, o produtor retira amostras e as prepara (esse preparo é cuidadoso, e os alunos do curso aprendem a realizá-lo) a fim de enviar para um laboratório, que vai avaliar as deficiências daquele solo e qual o “tratamento” que ele deve receber de acordo com os problemas encontrados – que pode ser falta de calcário, desequilíbrio do pH, baixo teor de cálcio e fósforo, ou uma combinação dessas e outras imperfeições. A partir do resultado do exame, um engenheiro agrônomo terá condições de indicar qual o melhor caminho no tratamento e recuperação.
No curso, o produtor aprende a seguir essas orientações técnicas e a implementar todo o processo de regeneração. Caso ele não tome as medidas necessárias para a restauração, será necessário formar um novo pasto, um processo muito mais longo e caro. “É por isso que esse curso é tão importante. Para que o pecuarista não perca dinheiro. Ele precisa visitar a área todo dia para avaliar suas condições e se é preciso tomar alguma medida que interrompa o desgaste”, ressalta o instrutor, que dá como exemplo um dos custos envolvidos para formação de uma nova pastagem: um saco de sementes para plantar em um hectare custa R$ 600,00. Esse gasto é economizado no pasto já existente em que o restabelecimento é feito com as plantas presentes no local, resgatando as condições para que voltem a crescer e a se reproduzir.
A preservação ou recuperação dessas áreas é uma ciência complexa que exige esforço, atenção e dedicação a fim de garantir a forragem que alimenta os rebanhos com otimização dos recursos financeiros que foram aplicados. Trata-se de garantir que os gastos na pecuária – que não são poucos – resultem na maior produtividade possível com otimização de custos. Por isso participar desse curso do SENAR-SP é de extrema importância para o produtor valorizar seu investimento com consciência e inteligência.
Cursos do SENAR
Para realizar este e outros cursos, o interessado deve procurar um parceiro do SENAR-AR/SP (Sindicatos Rurais, prefeituras conveniadas ou associações) de seu município ou próximo a sua região e fazer sua inscrição. Para conhecer os cursos disponíveis, acesse o site https://faespsenar.com.br/cursos/.
Fonte: FAESP