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Unica rebate críticas de distribuidoras ao sistema de comercialização de CBios

Indústria diz que alta no preço dos certificados de descarbonização não se deve a oferta menor e que emissores não fazem estoque

A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) diz que a recente alta nos preços dos certificados de descarbonização, os chamados CBios, não se deve a uma oferta menor do produto no mercado nem a um estoque por parte dos produtores de biocombustíveis.

Distribuidoras de combustíveis ouvidas pelo Poder360 haviam demonstrado insatisfação em relação à atual estrutura de comercialização dos certificados. Conforme as regras do programa RenovaBio, elas são obrigadas a comprar determinada quantidade de créditos anualmente. Ao mesmo tempo, não há obrigatoriedade para as emissoras de colocarem os CBios à venda.

O presidente da Unica, Evandro Gussi, rebateu as críticas afirmando que a compra é compulsória porque as distribuidoras comercializam combustíveis fósseis. “Hoje, parece que ninguém tem dúvida de que temos que reduzir emissões causadores do efeito estufa. Acho que é uma das poucas coisas consensuais no mundo. E os combustíveis fósseis são um dos principais elementos de emissão. A matriz de transporte é um dos principais emissores”, disse.

Segundo a Unica, as vendas de etanol registraram retração de quase 20% no primeiro trimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado. A entidade diz, no entanto, que não há redução de oferta de CBios.

Para Gussi, o aumento dos preços é ocasionado pela maior demanda das distribuidoras na comparação com a registrada no início de 2021.

“As distribuidoras conscientes do seu papel socioambiental estão trabalhando na redução das suas metas. As distribuidoras ‘fossilizadas’, sem preocupação com as metas de descarbonização, são poucas, marginais, e têm feito essas reclamações”, disse Gussi.

Segundo o diretor de economia e inteligência setorial da Unica, Luciano Rodrigues, atualmente o estoque de CBios nas mãos das distribuidoras supera 11,5 milhões de títulos, o que representa um crescimento próximo de 200% quando comparado a posição de um ano antes.

“Essa quantidade incorpora os títulos adquiridos no primeiro trimestre deste ano e os títulos comprados além da meta de 2020″, disse Rodrigues.

A comercialização de CBios entrou em vigor em 2020, na esteira dos compromissos firmados pelo Brasil no Acordo de Paris visando à redução de emissão de gases de efeito estufa. As produtoras de etanol representam 85% de todos os produtores de biocombustíveis aptos a emitirem CBios no país segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Por Rafaella Barros

Fonte: Poder360

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