Empresas que antes realizavam mais análises básicas têm oferecido também análises de micronutrientes e de granulometria
Dados do Programa de Ensaio de Proficiência IAC para Laboratórios de Análises de Solos, referentes ao ano de 2021, mostram que tem havido um incremento constante no número de laboratórios que realizam análises de micronutrientes e de granulometria, além das análises básicas. Esse aumento revela uma tendência de os laboratórios oferecerem mais opções para os clientes. Em 2021, 125 laboratórios tiveram seus serviços avaliados pelo IAC em suas análises para o conjunto analítico básico, 98 para o conjunto analítico de micronutrientes e 113 para granulometria. Em 2002, apenas 42 laboratórios analisavam micronutrientes e granulometria. O Programa de Ensaio de Proficiência IAC para Laboratórios de Análises de Solos é conduzido há 38 anos pelo Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Em 2021, cerca de 3 milhões de amostras de solo foram analisadas para a rotina básica pelos laboratórios participantes, quase 917 mil para micronutrientes e 880 mil para granulometria.
Segundo o pesquisador responsável pelo Programa, Heitor Cantarella, atualmente 67% dos laboratórios participantes do Ensaio de Proficiência fazem análises completas, isto é, básicas, micronutrientes e granulometria; apenas 5% fazem somente as análises básicas; 10% realizam as básicas e micronutrientes e um pequeno número de participantes realiza somente as análises de micronutrientes ou de granulometria. “Em 2021 o Ensaio de Proficiência teve 146 laboratórios inscritos, mas 144 enviaram resultados”, comenta Cantarella.
O Programa contribui para a capacitação dos laboratórios e, consequentemente, para que os agricultores possam se basear em análises de solos precisas, alcançando, assim, melhores resultados em suas lavouras.
O relatório completo sobre o Programa foi compartilhado com os participantes durante a 38ª Reunião Anual do Ensaio de Proficiência IAC para Laboratórios de Análise de Solo para fins Agrícolas, em 15 de fevereiro de 2022. O relatório apresenta também a lista dos participantes, quadros relativos ao processo de avaliação anual, metodologia de uso e notas explicativas. Ao longo do ano, os resultados parciais são enviados aos laboratórios a cada bimestre. Cada participante é identificado por um número sigiloso, trocado no início de cada ano.
Sobre os desempenhos dos laboratórios que participam do Programa do IAC, de modo geral, aqueles que recebem conceitos A e B em uma determinada rotina analítica também têm bom desempenho nas outras rotinas. Os dados, que são confidenciais, mostram que os laboratórios que obtêm bom conceito em um conjunto analítico, geralmente, são bem avaliados também nos outros. Já os piores laboratórios erram tanto nas análises básicas quanto nas de micronutrientes ou granulométricas.
“A porcentagem de laboratórios com conceitos A ou B vem decrescendo ligeiramente ao longo da última década. É possível que a principal razão para isso seja as mudanças de regras, que têm tornado a obtenção de conceitos A e B mais rigorosa. Outro motivo pode ser a entrada de novos laboratórios, com menos experiência. De qualquer modo, 70% ou mais dos laboratórios participantes conseguem selos no Ensaio de Proficiência”, comenta Cantarella.
O pesquisador explica que os dados de cada laboratório são comparados com a média de todos e com as médias daqueles que têm conceito A. “Essas tabelas permitem objetivamente observar os pontos fortes e fracos do laboratório e orientam seus responsáveis para as determinações que necessitam de atenção especial”, afirma.
A participação no Programa é voluntária e os laboratórios não são identificados nos documentos contendo resultados e divulgados pela Coordenação, a fim de evitar o uso indevido dos dados por parte de laboratórios concorrentes.
Ao longo do ano, os laboratórios devem seguir todas as determinações do conjunto analítico em que pretendem participar, além de analisar um número mínimo de 80% das amostras distribuídas pelo IAC. Desse modo, são avaliados os índices de excelência, referentes aos conceitos A e B, que recebem selo e certificado. Os participantes avaliados com C e D não os recebem. “Em 2021, tiveram o conceito A, 47 laboratórios de análises básicas, 42 de micronutrientes e 53 de granulometria”, relata.
A adesão ao Programa de Ensaio de Proficiência IAC é voluntária e os laboratórios podem aderir a um ou mais conjuntos de análises que são: básicas, micronutrientes e granulometria. Ao longo de 2022, o IAC enviará amostras de solo desconhecidas para os laboratórios analisarem.
Perfil dos laboratórios participantes
Dentre os laboratórios participantes do Programa de Ensaio de Proficiência IAC para Laboratórios de Análises de Solos 85% são privados e 15% são públicos. Esta é a menor relação entre laboratórios públicos e privados desde a criação do Programa, em 1988. “A proporção de laboratórios pertencentes ao setor privado no Ensaio de Proficiência IAC é crescente e é a maior entre os Programas de Laboratório similares no Brasil, indicando uma tendência, já bem consolidada no Estado de São Paulo, da prestação desse tipo de serviço ser realizada por empresas privadas”, avalia o pesquisador do IAC.
A relevância desse serviço prestado pelo IAC é reforçada quando se vê o perfil da figura jurídica dos laboratórios: 55% dos laboratórios são pequenas unidades independentes, que têm na análise de solo uma de suas principais atividades; laboratórios de empresas e fundações são 17%; laboratórios ligados a associações de produtores ou cooperativas somam 8%; laboratórios de institutos de pesquisa representam 4% do total e os ligados ao ensino público, 10%. As instituições de ensino privado representaram 6 % do total de participantes. Essas proporções estão relativamente estáveis há algum tempo, embora com pequenas variações de ano para ano.
O IAC possui pesquisas com solos tropicais desde o final do século XIX. “O nosso conhecimento ao longo de décadas permitiu o desenvolvimento de métodos de análise de solo apropriados para solos tropicais, conhecido como Método da Resina, ou Método IAC”, diz Cantarella.
Segundo o pesquisador, a análise de solo — o exame químico mais usado na agricultura no mundo todo — tem várias utilidades. A mais relevante delas, do ponto de vista prático, é seu uso para estabelecer a correção de acidez do solo e a adubação das culturas. “Calcários para corrigir a acidez do solo, e fertilizantes para suprir as plantas dos nutrientes necessários, representam, em média, de 20% a 30% do custo de produção das lavouras”, diz o pesquisador. O retorno da adoção da técnica é alto e o investimento em análises é baixo.
Onde estão os laboratórios participantes
Os laboratórios participantes do Ensaio de Proficiência IAC estão situados em 14 estados brasileiros, mas 48% estão no Estado de São Paulo. O segundo estado com maior número de laboratórios é Minas Gerais, com 23%, seguidos por Mato Grosso, 14%, e Goiás, com 8%. Três laboratórios são do exterior: Uruguai, Paraguai e Angola.
Por Carla Gomes e Mônica Galdino – IAC
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo