Os destaques sobre o preço dos combustíveis na semana de 12 a 18 de dezembro:
- O preço médio da gasolina diminuiu 0,43% nas cidades pesquisadas, enquanto o do etanol caiu 1,57%
- O consumo de etanol é considerado economicamente desvantajoso em todos os estados do país
- O valor do hidratado aumentou nas usinas paulistas, goianas e caiu nas mato-grossenses
- Levantamento de preços da ANP foi realizado em 352 municípios, seis a menos do que na semana anterior
Pela quarta semana consecutiva foi observada uma queda no preço médio nacional do etanol. Entre os dias 12 e 18 de dezembro, o valor do produto passou de R$ 5,210 por litro para R$ 5,128/L, retração de 1,57%.
A gasolina, por sua vez, entrou na quinta semana seguida de diminuição, de 0,43%. O valor do combustível fóssil saiu de R$ 6,708/L para R$ 6,679/L na média nacional.
Com isso, a relação entre o preço do biocombustível e o de seu concorrente fóssil no período foi de 76,8%, abaixo do resultado de uma semana antes, quando era de 77,7%. Isso ocorreu, pois a redução de preço da gasolina foi novamente inferior à do renovável.
Ainda assim, o biocombustível não é considerado comercialmente competitivo e segue distante do limite estabelecido de 70% do custo da gasolina, faixa em que é tido como vantajoso para os consumidores.
Os valores correspondem ao levantamento semanal realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No entanto, as comparações de valores nos postos não são exatamente precisas, já que o levantamento dos preços de combustíveis ainda não está sendo realizado em todas as cidades brasileiras e o número de localidades pesquisadas muda. Na semana analisada, foram levantados os dados de 352 municípios, seis a menos do que no período anterior.
Nas usinas paulistas, por sua vez, os preços do hidratado aumentaram 1,10%, de R$ 3,3202/L para R$ 3,3567/L. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP. Enquanto isso, houve acréscimo de 1,67% nas produtoras goianas e queda de 0,34% nas mato-grossenses.
Últimos acontecimentos
Parte da queda da gasolina pode ser justificada pela redução de dez centavos sobre o preço do combustível fóssil para as distribuidoras, anunciada pela Petrobras e que entrou em vigor no último dia 15. Entretanto, a transferência ao consumidor nem sempre ocorre, tampouco logo na semana seguinte. Esta foi a primeira baixa desde junho e, de acordo com a petroleira, reflete os preços internacionais e da taxa de câmbio, que estão mais estabilizados.
Ainda assim, conforme o coordenador do Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), André Braz, esta queda de 3% no preço do combustível deve refletir uma variação de apenas 1% nas bombas.
Já de acordo com o comentarista Miguel Daoud, considerando estes fatores, a queda dos preços poderia ser ainda maior, alcançando os 15%. Mas ele não descarta novas elevações, caso o dólar volte a subir.
Segundo estudo feito pela ValeCard, esta é a primeira queda de preço da gasolina nos postos em 19 meses. Antes deste recuo em dezembro, quando passou a custar R$ 6,952/L, o combustível fóssil apresentou, de acordo com a entidade, uma diminuição em maio de 2020 quando seu preço médio era de R$ 4,01/L.
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, também no dia 15, que não seria certo diminuir os valores dos combustíveis, pois a diferença não chegaria ao consumidor final. O chefe do executivo ainda voltou a acusar governadores de terem aumentado o valor do ICMS.
Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) voltou a defender a aprovação de seu projeto que prevê a regulação dos preços dos combustíveis (PL 1.472/2021).
Devido aos altos preços, o Congresso está discutindo também a liberação do modelo self-service nos postos. No modelo, amplamente difundido na Europa e Estados Unidos, o consumidor abasteceria o seu próprio veículo. De acordo com alguns parlamentares, a medida poderia diminuir os valores. Já a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis) é contra a medida, declarando que faria pouca diferença no valor final.
Variações nos estados
Segundo a ANP, entre 12 e 18 de dezembro, o preço do etanol subiu na média de cinco estados e no Distrito Federal, caiu em 20, e não foi contabilizado no Amapá. A gasolina, por sua vez, aumentou em quatro unidades da federação e caiu em 23.
Em São Paulo, maior produtor e consumidor de etanol do país, o biocombustível teve uma redução de 1,98%, custando R$ 4,938/L na média. Já a gasolina foi vendida a R$ 6,351/L, queda de 0,61%.
Com isso, a relação entre os preços caiu, ficando em 77,8% ante os 78,8% do período anterior. Ainda assim, o índice segue longe da marca de 70%, limite da faixa em que o etanol é considerado economicamente favorável ao consumidor. A pesquisa foi feita em 106 cidades paulistas, uma a menos do que na semana anterior.
Já em Goiás, o etanol foi vendido a R$ 5,030/L na média da semana analisada. No período, houve uma retração de 0,73% no preço do biocombustível. Enquanto isso, a gasolina apresentou retração de 0,67%, sendo vendida a R$ 6,919/L.
Assim, a relação entre os preços dos combustíveis ficou em 72,7% mesma média de uma semana antes e uma das menores dentre todas as unidades da federação. Segundo a ANP, 14 cidades goianas foram consideradas no levantamento, uma a mais do que no período anterior.
Por sua vez, Minas Gerais registrou redução de 1,11% no preço médio do etanol, que foi comercializado a R$ 5,327/L. A gasolina passou por uma queda de 0,37% e foi negociada a R$ 6,937/L, em média. Com isso, o renovável custou o equivalente a 76,8% do preço do combustível fóssil, índice inferior ao visto na semana anterior, de 77,4%. No total, 41 municípios mineiros participaram da pesquisa, um a menos do que na semana anterior.
Em Mato Grosso, o preço médio do etanol teve um decréscimo de 3,82%, o maior dentre os seis principais estados produtores, e foi vendido a R$ 4,810/L, representando o menor valor entre todas as unidades da federação. Na semana, a gasolina caiu 0,99%, passando a custar R$ 6,623/L. Desta forma, a relação entre os preços ficou em 72,6%, abaixo dos 74,8% de uma semana antes. A ANP fez a pesquisa em sete municípios mato-grossenses, mesma quantidade de uma semana antes.
Já em Mato Grosso do Sul, o valor do etanol caiu 1,42%, para R$ 5,353/L. A gasolina, por sua vez, teve uma queda de 0,66%, ficando em R$ 6,478/L. Assim, o biocombustível valeu o equivalente a 82,6% do preço de seu concorrente fóssil, a mais alta relação entre os seis principais estados produtores de etanol do país. Somente Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Três Lagoas participaram do levantamento.
Por fim, no Paraná o biocombustível custou o equivalente a 81,6% do preço da gasolina. No período, o renovável teve uma retração de 1,08%, sendo vendido por R$ 5,223/L na média estadual. Já a gasolina caiu 0,47%, para R$ 6,399/L. No total, 22 cidades foram pesquisadas no estado, mesma quantidade vista uma semana antes.
Os preços do etanol e da gasolina por região, estado ou cidade desde 2018 estão disponíveis na planilha interativa (exclusiva para assinantes). Também estão disponíveis gráficos avançados e filtros interativos sobre o comportamento dos preços.
Comparação comprometida
Após mais de dois meses em pausa, o levantamento de preços nos postos voltou a ser realizado semanalmente no final de outubro de 2020. Ainda assim, as comparações entre as análises não são precisas, já que o número de municípios pesquisados vem mudando semanalmente, conforme já era previsto pela ANP.
Entre 12 e 18 de dezembro, 352 cidades foram pesquisadas, seis a menos do que no período anterior. O levantamento inclui todas as capitais dos estados brasileiros. Algumas localidades deixaram de participar no comparativo semanal, mudando o número de municípios de alguns estados.
Apesar da progressão no número de cidades, o total está abaixo do objetivo divulgado pela ANP: 459. A agência vem demonstrando dificuldades em cumprir com o esperado em relação ao levantamento desde a pausa, quando tinha uma expectativa de data de retomada que não foi atingida e atrasou mais de um mês.
Com este retorno gradual, os números seguem não correspondendo à média dos postos dos estados como ocorria antes da pausa. A comparação semanal também deve ser observada com cautela, já que a amostra pode aumentar ou diminuir semanalmente.
Por Giully Regina
Fonte: NovaCana