Com foco na harmonização entre produção agropecuária e conservação do meio ambiente, a CATI, órgão responsável pelos serviços de extensão rural na Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), realiza há alguns anos um trabalho articulado com diversas entidades dos segmentos rural e ambiental da região de Mogi das Cruzes, com o objetivo de favorecer a transição agroecológica e construção de circuitos curtos de comercialização.
Atualmente, a ação tem como foco a implementação de Protocolo de Transição Agroecológica elaborado pela CATI, junto a 21 produtores de hortaliças e frutas do Cinturão Verde de São Paulo, cooperados da Cooperativa dos Produtores Rurais Solidários do Alto Tietê (Coopasat) fundada, em fevereiro de 2021, sob orientação e apoio da CATI Regional Mogi das Cruzes. Segundo David Rodrigues, diretor da Regional, o trabalho é realizado em parceria com a ONG francesa Agrisud International, o Hotel Club Med Lake Paradise, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), e a empresa Suzano S.A., por meio de seu Programa de Desenvolvimento Social.
Julie Terzian, coordenadora da parceria entre a Agrisud e o Hotel Club Med, explica a importância de apoiar esse trabalho liderado pela CATI. “O hotel foi o primeiro cliente da Coopasat, tendo feito a primeira compra ainda no mês de sua criação. Como este projeto visa melhorar a capacidade dos produtores locais, apoiando-os na adoção de práticas mais sustentáveis em suas propriedades, com base nos princípios da agroecologia, entendemos ser fundamental participar dessa parceria para a criação e o fortalecimento dessa cadeia de abastecimento local. É um princípio de ‘ganha, ganha’, ou seja, o hotel se beneficia com a aquisição de produtos saudáveis, sustentáveis ambientalmente e com rastreabilidade, e os agricultores familiares melhoram suas práticas agrícolas para produção de alimentos de qualidade, em quantidade e com regularidade, ampliando seus canais de venda e, consequentemente, sua renda”.
Para dar andamento ao trabalho, David relata que os extensionistas da CATI Regional Mogi das Cruzes e das Casas da Agricultura dos municípios envolvidos, têm se reunido com os produtores nos últimos meses, para delinear um cronograma de ações, bem como um projeto de implementação dos protocolos em propriedades, nas quais os produtores manifestaram interesse de adesão. “Entendemos que, por estarem situadas em uma região de áreas de vegetação nativa e abrangência de parte crucial do Tietê, rio que tem sua nascente na região, é fundamental que práticas sustentáveis sejam cada vez mais incentivadas e adotadas pelos produtores”, avalia, comentando que outro objetivo é favorecer os circuitos curtos de comercialização. “Com esse sistema é possível abrir novos nichos de mercado com venda direta pelos produtores aos consumidores, como também promover a inserção da produção agroecológica dos cooperados da Coopasat em pontos de venda da região”.
“Isso representará um aumento na produção de hortifrutis produzidas em sistema agroecológico, o que impactará em melhor atendimento da demanda crescente por esses produtos”, informa David, salientando que já existem feiras agroecológicas em municípios da região, com fluxo de consumidores em constante crescimento. “A proximidade com a capital paulista, que é um grande mercado para os produtos oriundos da agricultura agroecológica, bem como o fato de as produções orgânica e agroecológica terem um valor adicional na comercialização nos Programas de Compras Públicas como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), têm sido um grande incentivo para a adesão dos produtores ao Protocolo de Transição Agroecológica na região do Alto Tietê, aliada à conscientização ambiental que eles já demonstram”.
Cooperado da Coopasat, o produtor Valdecir Ribeiro, mostra a satisfação com o projeto e o trabalho realizado pelos extensionistas da SAA. “ Nós só temos o que agradecer, pois com o acompanhamento técnico da CATI nas propriedades e na cooperativa, e o apoio de parceiros como o Sebrae, conseguimos nos organizar, estamos nos fortalecendo e vendo a possibilidade de desenvolvimento e crescimento com gestão profissional. E neste projeto de transição agroecológica só temos a agradecer todos os parceiros envolvidos, pois ele será fundamental para que nós possamos produzir um alimento cada vez mais saudável e sustentável para a nossa família, para as pessoas que compram de nós, e tudo isso, contribuindo para a conservação do solo e da água, bens tão preciosos para a nossa vida, e que estão ameaçados em tantos lugares”.
Cleusa Pinheiro
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo