O Instituto Agronômico (IAC) e a APTA Regional de Presidente Prudente, unidades de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, lançaram hoje, 24, seis novas cultivares de batata-doce: IAC 1063, IAC 1049, IAC 417, IAC 21, IAC 198 e IAC 1308. Os novos materiais apresentam alta produtividade, com desempenho que supera o dobro da produtividade média no Brasil, que é 14,06 toneladas por hectare. O governador João Doria e o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Itamar Borges, estiveram presentes no ato, que representa a entrega da tecnologia ao setor. São Paulo é o segundo estado que mais produz batata-doce no Brasil e Presidente Prudente é a principal região produtora do estado.
As novas cultivares de batata-doce reúnem ainda um conjunto de características que agradam à indústria de processamento e aos consumidores, como coloração de polpa e casca, sabor, textura e elevado teor de nutrientes.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo trabalha para implantar a Rede de Vitrines Tecnológicas Hortícolas de Alta Qualidade, em Campinas, no IAC, e em Presidente Prudente, na APTA Regional. A iniciativa tem o objetivo de criar duas unidades de transferência de tecnologia integrada.
Segundo a diretora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-IAC), Lilian Cristina Anefalos, as unidades disponibilizarão continuamente materiais propagativos de novas cultivares de batata-doce selecionadas e livres de vírus. Os materiais atenderão à demanda crescente de produtores na região de Presidente Prudente. “Ambos os municípios são estratégicos na produção da cultura no Estado de São Paulo”, diz.
A implantação da Rede de Vitrines Tecnológicas Hortícolas de Alta Qualidade será realizada em quatro etapas. Na primeira, em junho e julho, será feita a introdução de materiais genéticos selecionados. Na segunda, de junho a outubro, serão finalizados os trâmites para registro e proteção das cultivares para mesa e indústria. Nesse período, também serão validados os protocolos para indexação dos materiais genéticos livres de vírus, que serão feitos na Biofábrica, no Centro de Cana do IAC. Na terceira etapa, de novembro a dezembro, serão disponibilizadas cultivares IAC de qualidade em escala para produtores e viveiristas. Na última fase, de outubro a março de 2022, será aperfeiçoada a operação da rede, com ampliação para a micropropagação in vitro. Esses prazos podem sofrer alterações dependendo do andamento dos processos.
Os investimentos na unidade Campinas são de R$ 134 mil e em Presidente Prudente de R$ 253 mil, aproximadamente. O Centro de Horticultura do IAC tem uma unidade de micropropagação in vitro credenciada no Registro Nacional de Sementes e Mudas do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (RENASEM-MAPA) e constitui o responsável técnico junto a este órgão. De 2010 a 2014, a unidade passou por ampliação e adequação para acondicionar o banco de germoplasma de batata e o jardim clonal das cultivares de batata IAC.
Entregas tecnológicas
Esta é mais uma entrega tecnológica dos Institutos de Pesquisa ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria. Essas entregas fazem parte de um programa do Governo do Estado de São Paulo, que coloca como meta a disponibilização de 150 soluções tecnológicas pela APTA até 2022. Só neste ano, serão mais de 50 nas áreas de agricultura, pecuária, sanidade animal e vegetal, pesca e aquicultura, economia e processamento de alimentos.
Conheça cada uma das novas cultivares
IAC 1049: com casca e polpa roxas, tem potencial produtivo de 30 toneladas, por hectare, e substâncias antioxidantes. Sua ingestão se assemelha a consumir uma planta medicinal. O teor de matéria seca da IAC 1049 é de 30%, superior à média de 25% dos produtos disponíveis no mercado. “Quanto maior esse índice, maior o rendimento na indústria para produção de doce, fécula e farinha”, diz José Carlos Feltran, pesquisador do IAC. Já para o consumo in natura, esse índice de matéria seca define se a batata fica mais macia ou mais rígida, dependendo do tempo de cozimento adotado nas residências. “Neste caso, varia de acordo com a preferência do consumidor, se gostar dela mais molinha, é melhor cozinhar um pouco mais”, diz Feltran. O ciclo de produção pode variar de 120 a 150 dias na primavera/verão e de 150 a 180 dias, no outono/inverno. “Além do uso na gastronomia, ela é indicada para a indústria de alimentos na produção de doces e farinhas”, comenta Valdemir Antonio Peressin, pesquisador do IAC.
IAC 417: com casca rosada bem clara e polpa amarelo pálido, o potencial produtivo é de 50 toneladas por hectare. O teor de matéria seca é estimado em 30%. Esse índice resulta em alta produção de amido, usado, por exemplo, para produzir farinha, fécula, glicose e bioplásticos. O ciclo da IAC 417 é de 120 a 150 dias na primavera/verão e de 150 a 180 dias no outono/inverno. “A variedade apresenta ótima qualidade de fécula e farinha, sendo indicada para a indústria”, diz Peressin.
IAC 21: com casca roxa e polpa amarelo pálido, é indicada para o consumo de mesa. Tem potencial produtivo superior a 30 toneladas, por hectare, na primavera/verão e 40 toneladas, por hectare, no inverno. Além do alto rendimento comercial, outro diferencial é a não deformação das raízes no inverno. Seu ciclo é de 120 a 150 dias na primavera/verão e de 150 a 180 dias, no outono/inverno. As pesquisas para o desenvolvimento do material foram conduzidas na APTA Regional de Presidente Prudente.
IAC 198: com casca roxa e polpa amarelo pálido, tem sabor agradável e é indicada para o consumo de mesa. Seu potencial produtivo é de 40 toneladas por hectare, na primavera/verão, periodo em que o ciclo é de 120 a 150 dias. No outono/inverno, esse ciclo passa para 150 a 180 dias. O material também foi desenvolvido na unidade da APTA de Presidente Prudente.
IAC 1308: casca roxa e polpa amarelo pálido, é indicada para o consumo in natura devido ao seu sabor agradável. Desenvolvida na APTA Regional de Presidente Prudente, tem potencial produtivo de 40 toneladas, por hectare, na primavera/verão, período em que o ciclo da variedade é de 120 a 150 dias. No outono/inverno, esse ciclo salta para 150 a 180 dias.
IAC 1063: a única com polpa alaranjada, coloração que indica alta concentração de betacaroteno. A batata-doce de polpa alaranjada é atrativa por seus atributos nutricionais, tornando-se mais interessante para a gastronomia. Essas características são acentuadas porque a IAC 1063 é rica em açúcar maltose, que imprime um ótimo sabor à batata-doce. Ela também tem potencial produtivo superior a 35 toneladas, por hectare. Esse perfil completa seu pacote tecnológico, que atrai toda a cadeia de produção até o comércio. O ciclo é de 120 a 150 dias, na primavera/verão, e de 150 a 180 dias, no outono/inverno. O teor de matéria seca é de aproximadamente 25%. “Essa variedade é voltada para o mercado de mesa, com sabor adocicado ideal para alta gastronomia e para indústria de compotas e doces”, comenta Peressin.
A produtividade de todas essas seis novas variedades é, no mínimo, o dobro da média nacional. No Rio Grande do Sul, o maior produtor nacional, a média é de 14,61 toneladas por hectare. Lá foram colhidas 175.041 toneladas em 11.983 hectares, segundo dados do IBGE de 2019. Este mesmo censo mostrou que o Brasil colheu 805.412 toneladas em 57.290 hectares. São Paulo ocupa a vice-liderança, com 140.727 toneladas em 8.650 hectares e produtividade média de 16,27 toneladas por hectare. A produção é realizada principalmente por pequenos produtores.
Por que cada batata-doce tem cores diversas?
Esse tubérculo apresenta diversas texturas e colorações. Versátil, pode ser usada em receitas de doces e salgados. Se no passado o mais comum era encontrar apenas a polpa creme, atualmente os mercados dispõem de variedades com raízes alongadas, cheias ou arredondadas, com casca de coloração branca, creme, cobre, vermelha, rosa e roxa e com polpa creme, amarela, laranja e roxa.
Segundo Valdemir Antonio Peressin, pesquisador do IAC responsável pela pesquisa, quanto mais escura for a tonalidade alaranjada da polpa, maior será a concentração de vitamina A. A batata-doce de polpa alaranjada é uma das espécies que mais apresentam potencial para a biofortificação de alimentos.
As variedades de coloração roxa possuem maior teor de antocianinas, considerados antioxidantes, que evitam a ação dos radicais livres no organismo, contribuindo para a melhoria da saúde. Já as raízes brancas são voltadas para indústria e mesa.
Por Carla Gomes (MTb 28156) e Mônica Galdino (MTb 47045)
Assessoria de imprensa – IAC
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo