Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar passava a cair contra o real nesta segunda-feira, acompanhando a fraqueza da divisa norte-americana no exterior, enquanto operadores de todo o mundo trabalhavam em modo de espera no início de uma semana que contará com dados de inflação dos Estados Unidos, em busca de pistas sobre o destino da política monetária do Federal Reserve.
Às 10:20, o dólar recuava 0,52%, a 5,3278 reais na venda, depois de ter apresentado leve alta nos primeiros minutos de negociação. O contrato mais negociado de dólar futuro tinha queda de 0,63%, a 5,330 reais.
No exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes também trabalhava com perdas, rondando mínimas em três meses.
É “uma semana com muitos dados”, destacaram em nota analistas da Genial investimentos, mas o mais importante de todos será a leitura da inflação e consumo pessoal nos Estados Unidos. “Este dado será fundamental para dar a direção da política monetária nos Estados Unidos nos próximos meses.”
O dólar, visto como um porto seguro, tem recuado de forma constante nos últimos dois meses em relação às principais moedas, à medida que o otimismo cresce em relação às perspectivas econômicas globais. No entanto, temores sobre um superaquecimento da maior economia do mundo e o risco de uma inflação sustentada poderiam levar o banco central dos EUA a apertar sua política monetária mais cedo do que o esperado.
A depreciação do dólar no mercado internacional “pode mudar a qualquer momento se houver o descolamento para cima das taxas de juros dos títulos norte-americanos, alavancados pela inflação interna, que levaria a moeda norte-americana a apreciação”, explicou em nota Sidnei Nehme, economista e diretor-executivo da NGO Corretora.
Enquanto isso, no cenário doméstico, os investidores continuavam de olho no clima político, que, segundo Nehme, pode piorar a percepção do risco-país.
“O viés político acentuado já em clima eleitoral (…) desfoca de forma relevante os fatores mais importantes demandados pelo país, e este ambiente de acirramento deve ser crescente”, disse ele. “As expectativas de que sejam alcançadas no tamanho adequado as reformas administrativa e tributária vão se tornando menores e devem impactar como fatores internos, fora a crise fiscal, na formação do preço (do dólar)” no Brasil.
Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a falar das eleições de 2022 e disse que a disputa já tem uma chapa definida com um “ladrão candidato a presidente e um vagabundo como vice”, em aparente referência aos antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.
Em entrevista para o jornal Folha de S. Paulo divulgada nesta segunda-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo irá “para o ataque” com a aproximação da eleição presidencial.
Na última sessão, o dólar à vista registrou alta de 1,51%, para 5,3554 reais na venda.
O Banco Central fará neste pregão leilão de swap tradicional para rolagem de até 15 mil contratos com vencimento em novembro de 2021 e março de 2022.
Fonte: Reuters