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A importância da rotação de acaricidas para o controle do ácaro da leprose

Aplicações sucessivas do mesmo acaricida ou de acaricidas com o mesmo modo de ação podem selecionar indivíduos resistentes, reduzindo a eficiência do produto

Durante o outono e o inverno, estações caracterizadas por períodos mais secos e de desenvolvimento dos frutos de laranja, a disseminação da leprose nos citros é maior. Isso ocorre porque o estresse hídrico nas plantas e o crescimento e amadurecimento dos frutos favorecem o aumento populacional do ácaro Brevipalpus yothersi, transmissor do vírus CiLV-C, causador da doença.

Tendo como um de seus efeitos a queda de frutos, principalmente quando as lesões estão próximas ao pedúnculo, a leprose influencia os números da safra. A taxa de queda de frutas provocada pela doença tem aumentado nos últimos cinco anos, conforme o gráfico abaixo, e chegou a 1,7% na safra 2020/2021.

Número de caixas de laranja perdidas e taxa de queda devido à leprose dos citros nas últimas cinco safras. Dados estimados pela Pesquisa de Estimativa de Safra do Fundecitrus.

O controle da leprose é baseado em medidas de redução das fontes do vírus e da população do ácaro. A indicação é que os citricultores tenham cuidado redobrado ao aplicar os acaricidas, evitando repetir o uso do mesmo princípio ativo e modo de ação nas pulverizações no período de um ano, para que não haja seleção de ácaros resistentes ao acaricida – assim, evitando que a eficiência do produto seja reduzida, o que pode ocasionar a diminuição do período de controle do ácaro e o aumento da frequência de reaplicações.

Em pesquisa desenvolvida na Unesp-Jaboticabal e financiada pelo Fundecitrus, observou-se que o acaricida espirodiclofeno teve efeito reduzido em certas populações do ácaro por causa do seu uso contínuo, o que levou à seleção de indivíduos mais resistentes.

“Para evitar que essa situação dificulte o manejo do ácaro da leprose, é necessário preservar a eficiência dos poucos acaricidas disponíveis para a citricultura, como o espirodiclofeno, ciflumetofem, propargite e hexitiazox”, diz o pesquisador da Unesp-Jaboticabal Daniel Júnior de Andrade, coordenador do estudo.

Em estudos com o espirodiclofeno, foram observadas diferenças significativas quanto à resistência a este acaricida entre populações de ácaro coletadas em campo – com a razão de resistência variando de baixa a moderada. Entretanto, para outras populações coletadas, não houve diferença quanto à suscetibilidade da população de campo em relação à população de laboratório, o que indica que, em áreas com manejo adequado, o espirodiclofeno ainda tem sido bastante eficiente.

“Os resultados obtidos na pesquisa são úteis para o desenvolvimento de estratégias de manejo da resistência do ácaro da leprose em citros no Brasil”, completa Andrade.

Portanto, para evitar o surgimento de populações resistentes, é fundamental que o produtor faça rotação de acaricidas com modos de ação diferentes. Embora outros produtos naturais e biológicos que demonstram potencial no controle do ácaro da leprose estejam sendo pesquisados e avaliados, a eficiência dos acaricidas disponíveis atualmente precisa ser preservada, defende o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi.

“Não há perspectiva de que novos acaricidas estejam disponíveis na citricultura em curto prazo. Também por isso é tão importante que não sejam feitas aplicações sequenciais de um mesmo produto, para que continuem sendo eficientes”, ressalta Bassanezi.

Para mais informações sobre a pesquisa, acesse a dissertação em https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/194384/rocha_cm_me_jabo.pdf?sequence=3&isAllowed=y e o artigo https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1002/ps.6341?af=R.

Manual técnico para o controle sustentável da leprose: para fazer o download do material produzido pelo Fundecitrus, acesse https://www.fundecitrus.com.br/comunicacao/manual_detalhes/leprose-dos-citros/85.

Fonte: FUNDECITRUS

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