(Foto: REUTERS/Paulo Whitaker)
A suspensão da compra de carne de frango de 11 frigoríficos brasileiros anunciada na quinta-feira (6/5) pela Arábia Saudita teve como causa a detecção de salmonella em lotes de produtos analisados pela aduana do país comprador.
A informação já chegou a Brasília e foi levantada pelo adido agrícola do Brasil no país, segundo apurou a Revista Globo Rural. Questionado nesta sexta-feira (7/5), o Ministério da Agricultura (Mapa) informou que ainda “não foi comunicado oficialmente sobre os motivos da suspensão”.
Fontes ligadas ao setor de importação e exportação no mercado árabe e do próprio Mapa também confirmaram que a razão para a suspensão se deu por “presença de salmonella acima dos níveis mínimos tolerados pelo país”, disse uma delas, que pediu para não ser identificada.
Em nota conjunta com o Ministério das Relações Exteriores divulgada na quinta-feira (6/5), o Ministério da Agricultura revelou “surpresa e consternação” com a decisão da Arábia Saudita, país que concentra mais de 11% das exportações brasileiras de frango e que figurou como o segundo maior destino do produto no ano passado.
“Não houve contato prévio das autoridades sauditas, tampouco apresentação de motivações ou justificativas que embasem as suspensões. A informação consta apenas em nova lista de plantas brasileiras autorizadas a exportar, publicada hoje pela Saudi Food and Drug Authority (SFDA), que exclui os referidos estabelecimentos, previamente permitidos”, explicou o governo brasileiro.
Na ocasião, os ministérios também reiteraram “os elevados padrões de qualidade e sanidade” seguidos pela cadeia de produtos de origem animal no país e a “confiança de que todos os requisitos sanitários estabelecidos por mercados de destino são integralmente cumpridos”. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também divulgou nota na ocasião e disse que está “apoiando o Governo Brasileiro na busca por mais detalhes sobre a surpreendente decisão unilateral tomada pelas autoridades sauditas”.
“O setor reitera os fatos já apresentados pelo Ministério da Agricultura e pelo Ministério das Relações Exteriores na busca por explicações sobre as suspensões e trabalha para o restabelecimento das habilitações no menor prazo possível”, afirmou a entidade na última quinta-feira (6/5).
Relatório técnico
As autoridades sauditas devem enviar ao Brasil um relatório técnico na próxima terça-feira (11/5), segundo informações da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. O documento deve apontar as razões para a suspensão das 11 plantas de carne de frango e as circunstâncias nas quais foi constatada a contaminação.
Presente no sistema digestivo dos animais, a salmonella é um gênero de bactérias na qual se enquadram mais de 2.600 micro-organismos. A sua presença em carne de aves é comum, havendo um limite de tolerância para contaminações – o que pode mudar a depender do nível de exigência sanitária do país.
No caso da Arábia Saudita, o país tem elevado esses padrões desde o início da pandemia, mas o contexto do anúncio, feito na mesma semana em que a Almarai, uma das maiores companhias do setor no país, confirmou investimento de US$ 1,8 bilhão para dobrar a sua produção local de frangos, gerou desconfiança no Brasil de que a medida tenha viés protecionista.
Os 11 frigoríficos suspensos respondem por 65% do volume de frango halal atualmente embarcado para a Arábia Saudita, que é o segundo maior mercado para o frango brasileiro no exterior, absorvendo cerca 12% das exportações totais do produto, de acordo com a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
Das 11 suspensões, sete estão relacionadas a unidades controladas pela JBS. Procurada, a empresa afirmou que o caso é “uma questão setorial” a ser tratada pela entidade representativa do setor. A ABPA, por sua vez, afirmou na sexta-feira (7/5) que só se manifestará sobre a presença ou não de salmonella na carne brasileira após ter acesso ao relatório da autoridade sanitária saudita, a Saudi Food and Drug Authority (SFDA).
Representantes da Vibra Agroindustrial, que teve três unidades suspensas pela Arábia Saudita, e da Agroaraçá, com um frigorífico vetado, não foram localizadas pela reportagem nesta sexta-feira (7/5) para comentar o assunto.
Fonte: Revista Globo Rural
Autor: Cleyton Vilarino