Brasília (30/04/2021) – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na sexta (30), da live “Sustentabilidade e o Agronegócio brasileiro: mitos e oportunidades”, promovida pelo Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a empresa BRF.
A diretora de Relações Internacionais, Lígia Dutra, foi a moderadora do debate e destacou a importância do pequeno produtor para o agro e como a assistência técnica pode dar subsídios para que ele ganhe escala produzindo com sustentabilidade.
Ela citou a redução do número de produtores que recebem assistência técnica no Brasil, que passou de 22% em 2006 para 20% de acordo com o levantamento realizado pelo Censo Agropecuário 2017.
“Quando a gente fala de agricultura e sustentabilidade, não podemos deixar de falar de assistência técnica. O agro não é homogêneo no Brasil. Vemos que a realidade do produtor rural é bastante distinta e há desafios que são bem específicos para cada um, com produtores que sequer contam com assistência técnica. Essa é uma realidade urgente que precisamos mudar.”
Segundo Lígia, o produtor precisa da assistência técnica para melhorar seus processos, ter rentabilidade e fazer bom uso do solo, contribuindo para a redução das emissões de carbono. “Precisamos investir nisso para trazer os pequenos produtores para frente”.
O debate abordou também a evolução da tecnologia e a importância da pesquisa para gerar oportunidades para os produtores brasileiros. Para Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, o Estado não tem tido capacidade para levar conectividade para todo o País e isso acaba prejudicando o pequeno produtor.
“As empresas que vendem máquinas agrícolas para grandes produtores estão vendendo pacotes com a máquina e a antena para que ele tenha acesso a satélites e faça seu produto funcionar. O pequeno produtor não tem isso, não tem máquina agrícola adequada para ele, não tem acesso à informática, falta infraestrutura. Então, cada vez mais, as cooperativas são essenciais nesse processo. É a solução ideal quando associada à assistência técnica.”
Na avaliação de Daniela Lerda, senior fellow do Cebri e coordenadora do Climate and Land Use Alliance, a organização dos produtores é necessária e a assistência técnica deve ter modelos que acompanhem as realidades locais dentro dos territórios para acomodar as diversidades de modelos produtivos.
Grazielle Parenti, vice-presidente Global de Relações Institucionais, Reputação e Sustentabilidade da BRF, afirmou que a sustentabilidade e a segurança alimentar estão conectadas e é onde o Brasil tem a oportunidade de ser protagonista.
“Quando começou a pandemia ano passado as pessoas começaram a se perguntar se faltaria alimento, mas o setor mostrou sua resiliência. O Brasil alimentou não só os brasileiros, mas também o mundo e não faltou comida e houve, inclusive, aumento nas exportações. Então, o Brasil tem condições de ser esse parceiro confiável para os outros países, além de fornecer produtos e alimentos de qualidade internamente. Isso mostra o protagonismo que o Brasil pode ter daqui para a frente.”
Ignácio Gavilan, do Fórum Bens e Consumo (CGF), destacou a sustentabilidade do agro brasileiro e deu exemplo do setor sulcroalcooleiro, que na sua avaliação, reúne mitigação das mudanças climáticas, desenvolvimento rural e segurança energética.
Ele falou sobre o mercado europeu e ressaltou que “tanto o consumidor quanto a empresa europeia têm muita fé no Brasil do ponto de vista de sustentabilidade e do marco jurídico, com o Código Florestal, que é mais avançado que os códigos europeus”.
O evento foi o primeiro de um ciclo de três encontros que irão discutir grandes temas do agronegócio no pós-pandemia. O debate contou também com a participação de Luciana Gama Muniz, diretora de Projetos do Cebri, e de Luiz Fernando Furlan, conselheiro emérito do Cebri e ex-ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Assista o debate na íntegra: https://www.youtube.com/embed/1oQAgxYGOok
Fonte: CNA