Instituído em 2011, o Dia Nacional da Conscientização sobre Mudanças Climáticas é comemorado em 16 de março com o objetivo de promover o debate e o incentivo às medidas de proteção dos ecossistemas brasileiros. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo reúne algumas iniciativas e tecnologias que visam diminuir o impacto ambiental e a emissão de gases.
Conservação da biodiversidade
Pesquisadores da Secretaria desenvolvem estudos que visam a restauração ecológica e florestal da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul, na região do Vale do Paraíba, aliando a geração de renda e segurança alimentar de famílias de agricultores. O projeto, que também tem foco em cálculos relacionados ao sequestro de carbono, é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo Fundo Mundial para o Ambiente (GEF) e prevê o plantio de espécies nativas de frutas e plantas de diferentes regiões do País por meio de várias técnicas, entre elas a chamada muvuca, uma espécie de “coquetel” de sementes. Saiba mais neste link.
Controle biológico
O controle biológico consiste no uso de um inimigo natural para combater determinada praga ou doença. A tecnologia é considerada sustentável, pois reduz ou elimina a necessidade de utilizar defensivos agrícolas. O Instituto Biológico (IB-APTA) mantém o Programa de Inovação e Transferência de Tecnologia em Controle Biológico (Probio), que visa promover e oferecer novas tecnologias para o setor. Ao todo, 90 empresas brasileiras que produzem bioinsumos utilizam cepas selecionadas pelo Instituto ou passaram por treinamento na instituição.
“Os resultados do IB nesta área estão em dois milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar no Brasil, três milhões de soja, 2.500 hectares em plantas ornamentais e morango, além de mil hectares cultivados com banana”, afirma José Eduardo Marcondes de Almeida, pesquisador do IB.
Embalagens ambientalmente sustentáveis
A preocupação em avaliar o desempenho ambiental de sistemas de embalagem e de produtos acondicionados é um dos focos do trabalho do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), que auxilia associações, empresas e instituições públicas no uso racional dos recursos naturais, além de disponibilizar informações técnicas consistentes.
Nas publicações gratuitas online Avaliação do Ciclo de Vida: Princípios e Aplicações e Avaliação do Ciclo de Vida como Instrumento de Gestão estão reunidos conhecimentos de duas décadas de estudos do Instituto em Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). A ferramenta permite identificar o impacto ambiental potencial associado a um produto ou atividade desde a extração das matérias-primas, produção, distribuição, uso até a disposição final, com aplicação direta dos resultados em gestão ambiental: melhoria de produtos, processos ou serviços; planejamento estratégico; elaboração de políticas públicas; suporte ao marketing; e subsídio para rotulagem ambiental.
Além da ACV, o Ital oferece subsídios para rotulagem ambiental, ecodesign (design for environment), esclarecimentos sobre estratégias ambientais, sustentabilidade e legislação sobre embalagem e meio ambiente, orientação para o desenvolvimento de produtos sustentáveis, estudos sobre impacto ambiental de embalagens e produtos, treinamento sobre sustentabilidade ambiental, critical review e pegada de carbono (carbon footprint).
Corrida da Bovinocultura Leiteira para a Resiliência Climática
O pesquisador do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), Luís Alberto Ambrósio desenvolve modelos computacionais para aprofundar no entendimento das mudanças climáticas e da resiliência dos sistemas de produção para ajudar a promover pró-ativamente ações empreendedoras climáticas com relevantes benefícios ambientais, sociais e econômicos para a pecuária.
“As conclusões dos trabalhos de modelagem estabelecem linhas estratégias para o setor agropecuário. Os modelos de simulação podem ser utilizados em todas as pesquisas e desenvolvimento de inovações que envolvem animais, já que animal e suas fontes de alimento [pastagem e grãos] são dependentes do clima, assim como a propagação de doenças, reprodução, oferta de água, práticas de manejo, bem-estar animal e até o próprio consumo da pecuária”, detalha Ambrósio.
Ambrósio enfatiza que todos os projetos atuais devem englobar questionamentos, como “Se o aumento da temperatura for de 1,5 ou 2 ou 3 graus [considerando as projeções do INPE para cada região] a tecnologia funcionará? Ou seja, será Resiliente? Quem pagará os custos e as perdas da pecuária devido às mudanças climáticas? E a modelagem computacional ajuda a responder estas questões.” Institucionalmente, este entendimento pode contribuir para estabelecer pesquisas e ações, diretamente com os produtores, afirma.
Com início da campanha ‘Race to Resilience’ das Nações Unidas lançada na Cúpula de Adaptação Climática, em janeiro de 2021, Ambrósio criou o grupo ‘Corrida da Bovinocultura Leiteira para a Resiliência Climática’, que busca discutir, organizar e executar ações que ampliem a capacidade do sistema de produção de leite em se antecipar, preparar respostas e se recuperar dos distúrbios das mudanças climáticas. A abordagem da resiliência da bovinocultura leiteira às mudanças climáticas, por exemplo, atende várias áreas estratégicas da Pasta.
Dentre os sistemas alimentares a produção de leite corre os mais altos riscos de sofrer distúrbios das mudanças climáticas por ser atividade integrada com a natureza [água, solo, clima e biodiversidade]; por envolver animais de produção que têm o direito ao bem-estar nos estados dos cinco domínios [Nutrição, Saúde, Comportamento, Ambiente e Estado Mental] e que dependem de alimentos como pastagens, forrageiras, grãos, e da circularidade de subprodutos agroindustriais [farelos, bagaços]; por ser fonte de trabalho e renda familiar para milhões de pequenos produtores; e, finalmente, por ser alimento básico na estrutura nutricional humana, em particular crianças e idosos.
“Assumimos o objetivo da campanha ‘Race to Resilience’ até 2030, para catalisar ações que construam a resiliência das pessoas, animais e natureza dos sistemas de pecuária leiteira vulneráveis aos riscos dos distúrbios climáticos”, ressalta Ambrósio.
Mudanças climáticas e o papel da Extensão Rural
Os aspectos das mudanças climáticas globais têm sido alvo de intenso estudo desde a década de 1980, assim como os seus impactos no planeta e suas implicações para a economia e a vida em sociedade, seja na área urbana ou rural.
Nesse contexto, a preocupação com as mudanças climáticas é pauta presente na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) que atua em parceria com a pesquisa, sociedade civil organizada, com as entidades ligadas ao segmento rural, e com os produtores. “Pensar em sustentabilidade é garantir, para as futuras gerações, padrões de processos agropecuários adequados ao momento atual. Dessa forma, as ações de Ater (assistência técnica e extensão); as linhas de crédito e as políticas públicas incentivadas e/ou executadas pelos extensionistas; bem como a transferência de tecnologia e conhecimento para o enfrentamento dessa problemática, são rotinas no trabalho operacional e estratégico da CDRS”, salienta Antoniane Arantes de Oliveira Roque, engenheiro agrícola da Secretaria, que atua no Centro de Informações Agropecuárias (Ciagro) da CDRS, nas áreas de conservação da água e do solo.
Antoniane complementa: “É importante frisar que todo o trabalho da extensão rural nessa área considera o variado perfil do produtor paulista e seus diferentes níveis de vulnerabilidade diante das consequências das mudanças climáticas”.
Por Paloma Minke
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo