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Consórcio de leguminosa e gramínea resulta em aumento de ganho de peso de bovinos e mitigação de gases de efeito estufa

Com um ano, pesquisas com pastagens consorciadas já apontam dados positivos para pecuária

A preocupação mundial por sistemas sustentáveis de produção animal com alta geração de biomassa e de biodiversidade tem sido o foco das pesquisas para transferir ao produtor rural tecnologias que possibilitem o melhor manejo no campo. Em busca dessa difusão tecnológica, o Instituto de Zootecnia (IZ/APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vem desenvolvendo estudos sobre o uso de sistemas integrados, de pastagens com associação de gramíneas e leguminosas forrageiras para mitigação de gases do efeito estufa, contribuindo assim com a sustentabilidade dos sistemas de produção animal.

Sob a responsabilidade da pesquisadora Luciana Gerdes, atualmente diretora do Centro de Pesquisa de Nutrição Animal e Pastagens, o projeto “Consórcio de gramínea e leguminosa como estratégia de mitigação de metano e fixação biológica de nitrogênio no solo”, financiado pela Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, completou um ano de coleta de dados. 

O estudo, iniciado em setembro de 2019, investiga os efeitos do consórcio da gramínea Brachiaria brizantha e da leguminosa Macrotyloma axillare NO 279 no solo, na planta, no animal e no ambiente. “A pesquisa prioriza analisar no solo balanço de carbono, na planta caracterização da produção de forragem e componentes botânicos, no animal, o desempenho, qualidade do produto e ecossistema ruminal e, no ambiente, o fluxo de emissão de gases do efeito estufa, vulnerabilidade e análises do ciclo de vida, incorporando, assim, todos os componentes do sistema de produção animal”, detalha Gerdes.

Segundo a a pesquisadora, os primeiros resultados são positivos. “O uso do consórcio Brachiaria brizantha e Macrotyloma axillare aumentou em 30% o ganho de peso dos animais.”

As principais vantagens do uso de leguminosas em pastos consorciados são que elas favorecem a atividade biológica do solo, contribuindo para a velocidade de ciclagem de nutrientes e a redução de perdas pela incorporação dos resíduos, atuam para o aumento dos estoques de carbono, aumentam o teor de nitrogênio no sistema solo/planta e, consequentemente, a produtividade das pastagens.

Além disso, Gerdes disse que o consumo da leguminosa pelos animais resulta em melhorias na dieta, pois elas podem ser fonte de suplementação proteica, por apresentarem teores de proteína superiores ao das gramíneas, com maior digestibilidade e menores teores de fibra, permitindo melhor produtividade animal.

As leguminosas também apresentam quantidades significativas de compostos secundários, que são de grande interesse na nutrição de ruminantes, por serem moduladores da fermentação ruminal, possibilitando menores perdas energéticas e consequente melhoria na produtividade animal.

Gerdes explica que no Brasil, praticamente, há pouca utilização de pastagem consorciada pelos produtores “talvez pela falta de conhecimento sobre a interação entre as espécies consorciadas para melhor definição de manejo eficaz e eficiente”.

“O projeto fornecerá base científica para definir métodos de manejo que contribuam com a produtividade e perenidade de sistemas de produção animal em pastagens consorciadas, contribuindo com inovação imprescindível neste campo da exploração pecuária no Brasil”, enfatiza Gerdes.

Os resultados finais da pesquisa estão previstos para o final de 2021 e início de 2022. O projeto de pesquisa realizado no IZ faz parte do Projeto Temático apoiado pela Fapesp, sob coordenação de Paulo Henrique Mazza Rodrigues, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), que estuda a mitigação de gases de efeito estufa no sudeste brasileiro.

Além do IZ, o trabalho é realizado em conjunto com cinco instituições de pesquisa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa [Pecuária Sudeste, Meio Ambiente e Instrumentação]; Universidade de São Paulo – USP [Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Centro de Energia Nuclear na Agricultura e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz];  Universidade da Califórnia [Davis] e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Este projeto engloba três teses de doutorado, duas dissertações de mestrado e três iniciações científicas, fatores importantes que colaboram para a propagação do conhecimento científico.

Por Paloma Minke

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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