SÃO PAULO (Reuters) – A colheita brasileira de soja na temporada 2020/21 havia atingido 9,1% até a última sexta-feira, com atraso ante a média histórica após problemas no plantio e também avançando mais lentamente devido a chuvas, apontou nesta quinta-feira a consultoria Datagro.
De uma semana para a outra, houve um aumento de 4,7 pontos percentuais, enquanto na média dos últimos cinco anos o avanço normal nesse período seria de 6,6 pontos.
A colheita segue muito abaixo dos 21,4% de igual período de 2020, e dos 19,7% da média dos últimos cinco anos.
“Além do já esperado atraso por conta do plantio mais lento na temporada, as chuvas vêm acontecendo de forma regular em praticamente toda a área produtora, mantendo os trabalhos limitados às poucas janelas de melhora do clima”, disse o coordenador de Grãos da Datagro, Flávio Roberto de França Junior, em nota.
Com pouca soja em estoques, o mercado observa atentamente o desenvolvimento da colheita para que exportações projetadas possam ser viabilizadas em fevereiro.
Apesar de alguns problemas localizados, as condições gerais da safra estão satisfatórias em grande parte das regiões produtoras e “o país caminha para a colheita de outra safra cheia e, muito provavelmente, recorde”.
As regiões que chegaram a observar um pouco de estiagem, como no noroeste de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Piauí, voltaram a observar precipitações, com normalização das condições, disse a Datagro.
A previsão para esta nova semana segue predominantemente chuvosa para a região central e do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), o que favorece as lavouras tardias, mas pode trazer problemas para a colheita.
Já o clima ao sul do Brasil, incluindo áreas de São Paulo e sul do Mato Grosso do Sul, deve ficar mais seco nos próximos dias, permitindo que a colheita avance normalmente, notou a consultoria.
Áreas ao norte do país deverão receber volumes importantes de chuvas nos próximos dias, acima da média histórica em algumas regiões, segundo dados Refinitiv, o que pode trazer alguns transtornos para a colheita. (https://amers2.apps.cp.thomsonreuters.com/cms/?pageid=awd-br-forecast-analysis-maps-gfsop-degc&hour=6&date=20210218)
MILHO
No milho de verão, a colheita avançou um pouco melhor e ainda se encontra em ritmo superior ao normal, puxada basicamente pelo avanço nos Estados do Sul.
Na média da região Centro-Sul, a colheita atingiu 20,6%, ante 14,6% na semana passada, pouco acima dos 17,8% no mesmo período da temporada anterior e dos 15,5% da média dos últimos cinco anos.
A safra teve perdas significativas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina pela falta de chuvas entre setembro e novembro.
O plantio do milho da safra de inverno na região centro-sul do Brasil está bastante lento, refletindo atrasos da soja.
Segundo levantamento da Datagro, apenas 11,8% da área nacional havia sido semeada até 12 de fevereiro, contra 3,6% da semana anterior.
O fluxo está bem atrás dos 31,7% de 2020 e dos 30,3% da média dos últimos cinco anos.
“Mesmo com uma janela de plantio mais apertada, ainda é possível esperar uma safra expressiva, caso o clima permita primeiro a semeadura, e depois garanta umidade até março/abril”, afirmou França Junior.
Por Roberto Samora
Fonte: Reuters