O governo do presidente argentino Alberto Fernandez entrou em confronto com algumas empresas e investidores sobre o teto de preços de alguns produtos e o congelamento de tarifas de serviços públicos (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)
BUENOS AIRES (Reuters) – A Argentina está investigando empresas de bens de consumo incluindo Danone, Procter & Gamble e Unilever, além de produtores de alimentos como a Bunge, sob acusações de que elas terem deliberadamente reduzido a produção, em meio a medidas do governo para conter o aumento de preços.
O ministério da produção do país, em um comunicado, alegou que essas e outras empresas estariam “retendo os volumes de produção” e não teriam seguido uma resolução que determinou aumento da produção ao “nível mais alto de sua capacidade instalada”.
O governo disse que uma investigação encontrou escassez em supermercados de produtos que variam de óleo de cozinha a fraldas e queijos, e que as empresas sob investigação devem corrigir a situação e restaurar os níveis de estoque.
As empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários por e-mail.
Daniel Funes de Rioja, chefe da Câmara da Indústria de Alimentos Copal, rejeitou as acusações e disse à imprensa que a indústria seguiu em frente apesar dos altos custos e congelamento de preços.
As empresas abasteceram o mercado “durante toda a pandemia, apesar dos trabalhadores doentes, problemas logísticos, greves dos petroleiros, bloqueio de caminhoneiros de 15 dias, feriados, férias de pessoal e paralisação de fábricas para manutenção”, disse Funes de Rioja.
Mas o ministro da Produção, Matías Kulfas, disse que o governo detectou “alguns produtos faltando nos supermercados” e atribuiu isso a um problema de abastecimento pelos grandes produtores industriais.
O governo da nação sul-americana, sob uma administração de orientação à esquerda, tem tentado proteger os consumidores de aumentos dos preços e buscado controlar uma inflação galopante, prevista em uma pesquisa do banco central em 50% este ano.
O governo do presidente argentino Alberto Fernandez entrou em confronto com algumas empresas e investidores sobre o teto de preços de alguns produtos e o congelamento de tarifas de serviços públicos.
Na quarta-feira, os detentores da dívida soberana da Argentina criticaram tais políticas como medidas de curto prazo e condenadas ao fracasso.
O ministério da produção disse que as leis de teto de preço visam proteger os consumidores de “possíveis abusos de preços e garantir o abastecimento normal de produtos nos supermercados”.
Temores recentes sobre o ressurgimento da inflação geraram tensão entre o governo argentino e o grande setor agrícola do país, com a tensão aliviada após promessas de exportadores e produtores de ajudar a manter os preços domésticos baixos.
Por Walter Bianchi; reportagem adicional de Agustin Geis
Fonte: Reuters