Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em meio à crise econômica desencadeada pela pandemia de covid-19, o consumo de combustíveis no Brasil caiu 6% em 2020, ante o ano anterior. Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as vendas totalizaram 131,7 bilhões de litros no ano passado, o menor patamar anual desde 2012. O comportamento do mercado brasileiro no início de 2021, contudo, dá alguns sinais de recuperação.
Apesar da retração geral, o diesel, principal derivado comercializado no país, terminou 2020 relativamente estável, com alta de 0,3% no ano. O consumo de diesel, no Brasil, totalizou 57,4 bilhões de litros, impactado positivamente, em parte, pelas safras recordes de grãos.
Os números da agência reguladora sugerem que as vendas do combustível têm se mantido em alta. No segundo semestre, o crescimento do volume de diesel comercializado no país foi de 2,95%. Em dezembro, o avanço foi de 9,2%, na comparação com igual mês de 2019.
De acordo com o boletim de monitoramento do mercado durante a pandemia, divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), os dados preliminares de vendas do combustível acumulavam em janeiro, até o dia 26, uma alta de 1,8% em relação a igual período de 2020.
Enquanto o diesel conseguiu se manter firme em 2020, por outro lado as medidas de isolamento social causaram impacto negativo nas vendas de gasolina e de etanolhidratado, combustíveis mais associados ao consumo das famílias, nos veículos leves. A comercialização de gasolina, por exemplo, recuou 6,1%, para 35,8 bilhões de litros. Já o consumo do biocombustível caiu 14,6%, para 19,25 bilhões de litros.
Com isso, o mercado do Ciclo Otto (veículos que rodam a gasolina/etanol) fechou 2020 com uma queda de 8,6%, em 49,3 bilhões de litros de gasolina equivalente. Os dados, porém, vêm melhorando. No quarto trimestre, a retração desse mercado foi de 1,7%, na comparação com igual período de 2019. Já em dezembro, as vendas no Ciclo Otto fecharam com alta de 0,25%.
Em 2021, o ano começou com trajetórias dissonantes para os dois combustíveis. De acordo com o boletim do Ministério, a gasolina começou 2021 com alta de 3%, enquanto o etanol apresenta queda de 5,1%.
O derivado mais impactado pela crise da covid-19, no entanto, foi o querosene de aviação, que registrou um declínio de 49,2% em 2020, para 3,5 bilhões de litros. Em janeiro, os números preliminares indicam para uma retração de 33%.
Na contramão da retração do mercado, além do diesel, outro combustível que cresceu em 2020 foi o gás liquefeito de petróleo (GLP). As vendas do derivado subiram 3% no ano passado, para 13,6 bilhões de litros, muito influenciadas pelas medidas de isolamento social, já que o principal uso do GLP é na cozinha, nas residências.
A comercialização do óleo combustível também terminou o ano passado em alta. As vendas do derivado, que são muito associadas à indústria e à geração termelétrica, cresceram 6,8%, para 2,019 bilhões de litros.
Fonte: Valor Econômico
Texto publicado no boletim SCA