*Por Reuel Luiz Goncalves
Médico-veterinário e Gerente Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó
Utilizar vacinas na pecuária se tornou rotina, por ser uma medida preventiva contra doenças infecciosas, por reduzir perdas e a necessidade do uso de antibióticos para os tratamentos nos animais de produção, o que diminui os custos e também os resíduos de fármacos em produtos de origem animal. A vacinação visa prevenção, controle e até mesmo a erradicação de doenças, melhoria da saúde pública e aumento dos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos.
Depois do manejo nutricional o manejo sanitário de um rebanho é de extrema importância e, a vacinação é a primeira ferramenta a ser lembrada.
Vacinar é o mesmo que imunizar?
Não! O ato da vacinação é uma prática simples, mas que requer alguns cuidados especiais e conhecimentos para imunizar bem os animais e evitar prejuízos aos produtores, danos ao rebanho e para que o processo de imunização tenha maior chance de ser bem sucedido.
Devemos sempre observar vários fatores para que a eficiência da imunização desencadeada pela aplicação da vacina não seja prejudicada. Esses fatores podem estar relacionados ao transporte, conservação (cadeia de frio), manuseio das vacinas e execução da vacinação propriamente dita.
Os principais objetivos da vacinação são:
- Proteger o rebanho e evitar surtos de doenças infecciosas;
- Proteger o indivíduo (animal) de doenças infecciosas associadas à mortalidade e evitar sequelas de longo prazo que possam interferir no desempenho ou, até mesmo, interromper o período de vida produtiva/reprodutiva de um animal ou de todo um rebanho;
- Controlar e, até mesmo, erradicar doenças infecciosas como Aftosa, Brucelose, Raiva, etc.
Planejamento
Uma anamnese detalhada da fazenda deve ser feita antes de se montar um Calendário Sanitário Vacinal.
Induzir proteção de rebanho pelo uso da vacinação deve levar em conta o tipo de sistema da propriedade, se é cria, recria, engorda, ou ciclo completo, a manifestação ou não de doenças, relatos de casos de doenças endêmicas na região e relatórios informativos sobre o diagnóstico e a prevalência de doenças contagiosas publicados por órgãos oficiais de vigilância sanitária regionais. Em seguida, deve ser montado um calendário de vacinação, onde estarão definidas as vacinas a serem utilizadas, categorias que receberam e a melhor época para a aplicação de cada uma delas. Este calendário deverá ser definido em conjunto com o médico-veterinário responsável pelo rebanho, o gerente da propriedade e o proprietário, para que todos estejam cientes das necessidades vacinais do rebanho.
As vacinas obrigatórias dos bovinos devem ser incluídas inicialmente no calendário anual de vacinação. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define um calendário oficial para a vacina de febre aftosa, em que os meses mais adequados para vacinação são definidos segundo o Estado, geralmente nos meses de maio e em novembro. Em algumas regiões endêmicas se faz também com a vacinação contra Febre Aftosa a vacina de Raiva, sendo essa uma orientação estadual.
Outra vacina oficial importante é contra brucelose, não existe uma data definida com calendário oficial de vacinação, entretanto o que fica definido são o sexo e a idade do animal em que a vacina deve ser administrada (vacinar apenas fêmeas entre três e oito meses de idade).
Definidas as datas das vacinas obrigatórias, o produtor em conjunto com o veterinário e o gerente da fazenda deve incluir as vacinas produtivas para proteger os animais contra determinadas doenças, utilizando uma ou mais das dezenas de vacinas disponíveis no mercado.
Para definir o calendário vacinal, pensado na reprodução, devemos identificar quando é a Estação de Monta (EM) da propriedade, na maior parte do país inicia-se no primeiro dia de novembro, terminando ao final de janeiro (90 dias) ou de fevereiro (120 dias).
Estabelecido a EM, fica fácil de determinar a Estação de Nascimento (EN), sendo possível organizar a vacinação das fêmeas em atividade reprodutiva nas mais diversas categorias da propriedade (Nulíparas, Primíparas, Secundíparas, Pluríparas e Vacas solteiras).
Umas das vacinas mais antigas utilizadas em fêmeas de cria é a contra o paratifo (Salmonelose) e para colibacilose (E. coli), vacinas estas feitas no 8º mês de gestação das mesmas. Hoje, estas vacinas foram substituídas pelas contra Diarreias Neonatais, onde além da proteção contra E. coli e Samonella spp pela cepa J5, elas possuem em sua composição além da cepa J5 os Vírus G6 e G10 de Rotavírus, sendo uma das vacinas mais conhecidas com essa formulação a Rotatec J5.
Outra vacina muito importante e que muitas vezes é negligenciada nas matrizes são as vacinas Clostridiais (Policlostrigen), contra carbúnculo sintomático, gangrena gasosa e enterotoxemias e também contra o botulismo. Por quê? Lembremos sempre que os animais de cria estão sujeitos a desafios diferentes que os de engorda e também precisam produzir um colostro de qualidade para seus produtos, principalmente para protegê-los nos primeiros 60 a 90 dias de vida.
Depois das vacinas massais (Clostridiose, Botulismo e Raiva), devemos dar atenção às vacinas especiais reprodutivas, que são contra Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR 1 e 5), Diarreia Viral Bovina (BVD 1 e 2), Campylobacteirose (C. fetus subsp. venerealis e C. fetus subsp fetus) e Leptospirose.
As vacinas Reprodutivas (IBR, BVD, Campylo e Lepto) devem ser feitas preferencialmente antes da EM, no mês de setembro ou outubro anualmente e, reforço semestral para vacina de Leptospirose.
Em propriedades com alto desafio para quadros respiratórios o uso de vacina respiratória conjugada (Vírus e Bactérias) deve ser implementado de preferência antes dos meses mais frios do ano (sendo maio uma boa data).
Atenção!
Vacinas produzidas com organismos vivos (vacinas vivas atenuada) merecem atenção especial, principalmente a contra brucelose, que pode causar doença em humanos (zoonose) ou apresentar reações não conformes. Portanto, o manuseio desses produtos deve ser criterioso e realizado com cautela por um profissional qualificado (médico-veterinário ou vacinador treinado, atuando sob responsabilidade do profissional de veterinária).
Todos devem saber que a resposta imunológica dos animais (proteção) após a aplicação de uma vacina não é imediata e seus efeitos podem aparecer somente após, pelo menos, 15 dias. Sendo assim, animais vacinados recentemente ainda podem apresentar a doença, pois já poderiam estar infectados antes de serem vacinados ou terem entrado em contato com o patógeno (microrganismo que causa a doença) nesta fase entre a vacinação e a imunização do animal. Os animais sadios e bem nutridos têm melhor resposta imunológica às vacinas do que os doentes ou mal alimentados.
Muitas das doenças que acometem rebanhos de cria já estão na propriedades e portanto a utilização dessas vacinas em animais acometidos buscam diminuir os sintomas das doenças como morte embrionária precoce, repetição de cio e abortos, portanto a adoção das vacinas reprodutivas busca minimizar os problemas advindos destes patógenos ate que o status imunológico esteja consolidado após 2 a 3 vacinações.
Praticamente todas as vacinas (inativadas ou vivas atenuadas), já que nem todas são totalmente vivas atenuadas, na primo-vacinação (primeira vacinação) exigem a aplicação de uma dose de reforço, normalmente três a quatro semanas após a primeira dose. Os reforços de vacinação são para garantir que houve estimulação adequada do sistema imunológico e formação de células de memória. Lembrando que interrompendo-se a vacinação por mais de um ano, devemos recomeçar a vacinação com dose e reforço.
Vale a pena mencionar que animais que não recebem a dose de reforço na primo-imunização, mesmo que posteriormente sejam revacinados no intervalo correto para determinada vacina, podem nunca se tornar protegidos.
Concluindo
Quando realizada adequadamente, a vacinação é a principal ferramenta para manter o status sanitário de um rebanho para as principais doenças reprodutivas e produtivas, alcançando os melhores resultados possiveis, entretanto, a utilização de vacinas como medida única de controle de doenças não é eficaz, pois várias enfermidades infecciosas e parasitárias ainda não dispõem de vacinas para um controle adequado das infecções, tomemos como exemplo a neosporose. Portanto, além das vacinas, um bom manejo aliado a nutrição e a utilização adequada de antimicrobianos e antiparasitários deve sempre minimizar as quedas na imunidade dos animais. Hoje apor meio de vários trabalhos publicados sabemos que a utilização de programas vacinais associados à suplementação mineral e vitamínica produzem um aumento no status imunológico das propriedades de cria.
Sobre a Biogénesis Bagó
A Biogénesis Bagó é uma empresa líder nos principais mercados da América Latina, com projeção global, e comprometida com o desenvolvimento de soluções para a saúde e sustentabilidade da produção pecuária por meio da biotecnologia. A empresa desenvolve e comercializa produtos e serviços veterinários criados para garantir a saúde e melhorar a produtividade dos rebanhos bovinos de carne e leite. Conta com um portfólio de mais de 70 produtos e 650 registros em distintos países da América Latina, China e Ásia.
Com escritórios na Bolívia, Brasil, América Central, México, Uruguai e Asia, sua sede está localizada na Argentina, com fábricas em Monte Grande e Garín (província de Buenos Aires). No Brasil, conta com uma planta fabril na cidade de Araçoiaba da Serra (SP).
A empresa é a maior provedora de vacinas antiaftosa do continente, tanto que três em cada 10 vacinas antiaftosa aplicadas na América são produzidas pela Biogénesis Bagó. A capacidade anual de produção da empresa é de 200 milhões de doses de vacinas contra febre aftosa, 30 milhões de doses de vacina antirrábica e 100 milhões de doses de vacinas combinadas.
Em 2014, 2016 e 2018 foi nomeada pela revista inglesa Animal Pharm como a melhor empresa de saúde animal da América Latina.
Mais informações
http://www.fronteirasdaamerica.com.br
http://www.biogenesisbago.com/br
Fonte: Assessoria