Ampliação de percentual de adição de 10% para 15% anunciado por Trump para agradar produtores americanos pode aumentar competitividade do etanol do Brasil
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou uma rede social para anunciar, no último sábado, que autorizou um aumento de 10% para 15% da mistura de etanol à gasolina no mercado doméstico.
A medida foi anunciada um dia depois de o Brasil renovar, por 90 dias, uma cota de 187,5 milhões de etanol importado que poderão entrar no país sem a cobrança do imposto de importação.
Foi mais um afago de Trump aos produtores dos EUA, que fazem parte de sua base eleitoral, mas pode beneficiar produtores brasileiros, que acreditam que ganharão mais competividade no mercado americano e até mesmo aqui no Brasil.
Aprovada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) na sexta-feira passada, a renovação da isenção do produto americano no Brasil foi feita sem contrapartida de Washington, como por exemplo a abertura para o açúcar brasileiro.
Agora, a ampliação da mistura de etanol à gasolina nos EUA foi considerada positiva pelos produtores nacionais, que se queixam da abertura do mercado brasileiro aos americanos.
Autoridades brasileiras, no entanto, receberam a notícia com certa cautela. Isto porque, apesar de Trump ter autorizado, o aumento da mistura não é obrigatório.
Mas, no setor privado, a avaliação é que existe uma grande probabilidade, a partir da aceitação do decreto pelos estados americanos, de o consumo do combustível, produzido a partir do milho, ter um aumento considerável.
No Brasil, estima-se que os estoques do combustível de cana-de-açúcar estejam 43% acima do previsto, devido à queda do consumo durante a quarentena.
Um executivo explicou que, se antes era preciso uma adaptação das bombas de gasolina nos EUA para comercializar o combustível com a nova mistura, agora os revendedores não precisarão mais investir nisso, o que estimulará a venda do produto com maior teor de etanol.
A expectativa é que o preço do produto no mercado americano deve encarecer nos locais onde houver maior demanda e, como consequência, o etanol dos EUA exportado para o Brasil também suba de preço. E o produtor brasileiro, que também exporta para os EUA, ganhará mais competitividade.
Essa fonte ressaltou que a medida evitará que o preço do etanol caia no mercado externo, devido à grande quantidade do álcool de milho, mais barato do que o de cana-de-açúcar.
Isso aconteceu no ano passado, quando a China suspendeu a importação dos EUA e o combustível precisou ser desovado a preços bem abaixo dos praticados, tirando competitividade do etanol brasileiro.
O Brasil exporta, principalmente, para a Califórnia. De janeiro a agosto, foram vendidos 624 milhões de litros de etanol brasileiro ao mercado americano, segundo o Ministério da Economia.
Fonte: Eliane Oliveira