Diante do ano absolutamente atípico, com baixas e altas de demanda extremas, seria lógico considerar que em 2020 os preços registrados deixaram de apresentar a sazonalidade que tipifica o mercado do frango abatido.
Mas não. Pois exceto naquele momento em que se impôs o isolamento social e a paralisação da maioria das atividades econômicas (cujos efeitos perversos recaíram principalmente sobre todos os tipos de alimentação fora do lar), os preços médios alcançados mensalmente acompanham, quase pari passu, a curva sazonal do produto.
A curva sazonal, neste caso, corresponde à média mensal de preços observada nos últimos 20 anos, ou seja, entre 2000 e 2019. Para traçá-la, levou-se em conta o preço do ano anterior, igualado em 100.
Como deixa claro o gráfico abaixo, apenas no bimestre abril/maio os preços registrados fugiram totalmente à curva sazonal. Por sinal, na ocasião foi registrado o pior mês de maio em 21 anos, pois o preço então alcançado situou-se abaixo do mínimo observado na curva sazonal. Porém, excetuados esses dois meses, o mercado tem se mantido próximo ou até ligeiramente acima do padrão traçado pela curva sazonal.
Conclusão: não fossem as influências negativas decorrentes das decisões pró-controle da Covid-19, também em 2020 os preços do frango abatido teriam tido comportamento idêntico ou muito similar ao da curva sazonal. Como isso não ocorreu, os oito primeiros meses de 2020 acabaram sendo fechados com um valor médio cerca de 3% menor que a média de 2019.
Pela curva sazonal haveria, em vez da redução, incremento próximo de 2%. Assim, os dois primeiros terços do ano com um valor médio quase 5 pontos percentuais a menos que o do indicador sazonal.
A torcida, agora, é pela manutenção dessa sazonalidade. Pois ela indica que, em setembro, o frango abatido alcança valor 17% superior à média do ano anterior. Se isso se confirmar, o preço médio do mês girará em torno dos R$4,97/kg, valor 7% superior ao de agosto último e, por ora, o melhor resultado de 2020.