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Técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento reforçam ações preventivas no caso de baixas temperaturas e riscos de geada

As baixas temperaturas esperadas para este final de semana em regiões que tradicionalmente são tidas como de altas temperaturas trazem riscos aos produtores rurais, principalmente àqueles que possuem culturas mais sensíveis ao frio. É o que afirmam os engenheiros agrônomos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento que atuam na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) em duas diferentes regiões do Estado de São Paulo, Ribeirão Preto e Presidente Prudente.

Ribeirão Preto – diferentes culturas exigem diferentes ações

“A máxima ‘o produtor está no tempo e depende do tempo’ nos faz refletir sobre as tradições e os conhecimentos passados de gerações a gerações, os sinais do clima e a interpretação da natureza”, afirma o diretor da CDRS Regional Ribeirão Preto, Carlos Henrique de Paula e Silva, que segue explicando as diferentes formas de geada. “A geada se forma com a queda intensa da temperatura, solo seco ou com pouca umidade, céu limpo e ausência de vento. A ‘geada branca’ atinge diferentes intensidades. Geada fraca é quando a temperatura do ar está entre +3°C e +5°C. Moderada é quando a temperatura do ar está entre +1°C e +3°C; e geada forte é quando a temperatura do ar está menor ou igual a 0°C. As geadas fortes podem ser ‘geadas negras’, isso ocorre quando há pouca umidade e os tecidos das plantas morrem, ficam escurecidos, sem a formação de gelo aparente. Portanto, se a temperatura do ar na madrugada for ≤ 4ºC, haverá condições de formação de geada. Em depressões (vales) em regiões montanhosas, formam-se depósitos de ar frio devido ao acúmulo de ar que desce as encostas vizinhas, favorecendo a formação desse evento climático”, explicam técnicos da CDRS Regional Ribeirão Preto.

As culturas que mais sofrem são as hortaliças, principalmente as folhosas, que são de ciclo curto, ocupam áreas de baixadas, onde o frio se acumula, estas são as mais sensíveis. “É necessário fazer a irrigação antes do entardecer, para que a maior umidade no solo retenha calor, mas com cuidado, para que as folhas ‘não durmam’ com água sobre elas, ou seja, se estiverem molhadas superficialmente e vier uma temperatura muito baixa, essa água congelará, queimando as folhas e isso acarretará perda da produção”, ensina o engenheiro agrônomo Osmar de Almeida Junior, da Casa da Agricultura de Cajuru, município da área de atuação da CDRS Regional Ribeirão Preto.

O técnico afirma que é preciso não esquecer que, no caso de geadas fortes, será necessária a intervenção do produtor ainda antes de o sol nascer, justamente quando há menores temperaturas e formação dos cristais de gelo, devendo-se efetuar a irrigação por toda a cultura, protegendo-as do congelamento. “No caso de mudas novas, principalmente de legumes, a recomendação é ‘chegar terra’, ou seja, acumular terra junto à haste da planta, evitando, assim, a queima do colo da muda”, complementa o engenheiro agrônomo Luís Fernando Zorzenon, assistente de planejamento da CDRS Regional Ribeirão Preto.

Outras culturas também podem ser afetadas; as pastagens já muito prejudicadas pelo período seco serão com certeza um alvo certo em baixadas e vales. A cultura da cana-de-açúcar, no caso de geadas mais fortes, poderá sofrer com a perda de área foliar e no caso da cana planta, ainda em crescimento, terá atraso no desenvolvimento. Nos casos mais graves, poderá ainda ter o encurtamento dos entrenós. “Por ser cultura extensa, o produtor pouco poderá fazer para socorrer seu canavial”, complementam os extensionistas.

Os técnicos lembram que não se podem esquecer as frutíferas, que dependendo do local de implantação da cultura, face do terreno e das características da topografia, também poderão ser afetadas. “Entre as mais prejudicadas, entre outras, incluem-se a cultura de banana e os citros, por sua área de extensão. O abacate, importante pela área ocupada na área da Regional Ribeirão Preto, poderá ter suas folhas queimadas, causando prejuízo no próximo ciclo produtivo; em pomares em formação, recomenda-se a proteção do tronco, com ênfase no ponto de enxertia. Nos locais de baixadas, a opção a ser analisada é a cobertura de toda a planta com sacos de plástico ou papel”, afirmam os engenheiros agrônomos da CDRS Regional Ribeirão Preto.

Já no caso do cafezal, a nebulização é uma técnica antiga, mas que pode funcionar bem no caso de geadas; outra opção, que, associada a essa, pode trazer bons resultados, é realizar uma adubação foliar com sulfato de potássio nos dias antecedentes à previsão da ocorrência de geada. “Os produtores já estão acostumados, vem a seca depois o frio, riscos como queimadas e geadas são esperados. Em alguns anos acontece, em outros não, mas o essencial é o produtor estar preparado, como ter feito uma adubação equilibrada, principalmente em nitrogênio e potássio, que oferecem um crescimento ordenado e tornam as plantas menos susceptíveis a danos. Enfim, as Boas Práticas Agrícolas são sempre bem-vindas e sempre irão oferecer uma proteção extra ao produtor rural que estiver atento a elas”, ensina Osmar de Almeida Junior.

Como gerar neblina ou fumaça

A neblina para a nebulização pode ser gerada por aparelhos nebulizadores (Solo, Swingfog e Dyna Fog) ou por um gerador Modelo IAC-7, adaptado ao escape de motores a explosão. Outra opção é pela queima de misturas geradoras de neblina, como a serragem salitrada em tambores ou em buracos abertos no chão. Estes devem ser distribuídos em locais estratégicos, geralmente nas cabeceiras das lavouras. Normalmente, um tambor por hectare é suficiente. A nebulização deve ser iniciada na noite da geada, quando a temperatura for inferior a 2°C.

Serragem seca de madeira…………… 20kg (7 latas das de querosene)

Salitre seco peneirado………………….. 8kg (8 latas das de um litro de óleo)

Óleo queimado ou diesel……………… 6 litros

Água…………………………………………. 4 litros

Em Presidente Prudente a queda de temperatura também é acompanhada pelos técnicos locais

Em Presidente Prudente, região de grandes áreas cobertas por pastagens (cerca de 750.000 ha), Marco Aurélio afirma que “assim como chuvas são esperadas no verão, as geadas são comuns no período de inverno”, quando a umidade relativa do ar está baixa (período de seca) e a temperatura cai para próximo de 0°C, especialmente nas “baixadas”. As baixas temperaturas prejudicam diversas culturas, de acordo com a sensibilidade ao frio. As pastagens podem sofrer danos quando a temperatura mínima atingir menos de 4°C; já a cana-de-açúcar demonstra maior tolerância, suportando até 2°C.

Ao se atingir a temperatura mínima tolerável pela planta, os tecidos vegetais congelam e as células se rompem, interrompendo qualquer desenvolvimento e podendo levar à morte do tecido vegetal. Por tais razões, técnicas para amenizar as perdas neste período são necessárias, sempre tendo como parâmetro a incidência de poucas chuvas e ocorrências de geadas. Um dos planejamentos essenciais, segundo Marco Aurélio, é a de produção de armazenamento de alimento para o rebanho, especialmente para aqueles que criam gado, seja de corte ou leite, em sistema convencional, a pasto com suplementação com cana no inverno. Já aqueles que engordam em confinamento não têm problemas maiores, porque o planejamento da produção e armazenamento do alimento é feito para o ano inteiro. “A suplementação alimentar, se não for planejada com antecedência, vai levar o pecuarista a um gasto maior ao ter que comprar de terceiros”, afirma o técnico.

Marco Aurélio relata que os produtores normalmente têm essa precaução, pois “não fazer isso é ir contra os princípios da natureza”, já que a época é de estiagem e frio; apesar de cada ano uma situação se apresentar com diferentes intensidades, elas são todas conhecidas dos produtores rurais. “Este ano, o inverno na região de Presidente Prudente ainda não se mostrou intenso e houve certa regularidade de chuvas, diferentemente de outras regiões do Estado, nas quais verificou-se pouca incidência de chuva”, informa o técnico.

Nos pomares de frutíferas e de outras espécies perenes e semiperenes, é preciso  planejamento antes da implantação, ocasião em que se podem trabalhar algumas técnicas, como escolha do local de plantio, tais como as partes mais altas, e levando-se em conta aspectos ambientais, como a face de exposição, dando preferência aos de face norte; a direção dos ventos no inverno; profundidade do solo, terrenos que não sejam de baixadas, entre outros requisitos agronômicos. “Em casos extremos, como são as previsões para este final de semana, se possível, realizar irrigação por aspersão de 4mm de lâmina de água por hora, medida  que contribuirá na redução e na estabilização da temperatura acima de 0°C, impedindo a formação da camada de gelo”, explica Marco Aurélio, que acrescenta: “Considerando a ocorrência de chuvas contínuas nos últimos dias, a expectativa é de que a geada, caso ocorra, não seja muito intensa em razão da elevada umidade relativa do ar, o que poderá diminuir os prejuízos”.

De forma geral, as práticas agronômicas devem ser conhecidas e respeitadas pelos produtores rurais. Este é o maior e melhor conselho dos extensionistas na orientação aos produtores rurais, não só neste período, mas durante todo o ano e em todas as ocorrências.

Por Paloma Minke

Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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