Pouco adiantou o frango abatido ter encerrado a primeira quinzena de agosto com o terceiro melhor preço nominal de todos os tempos, ou seja, com valor aquém apenas dos alcançados no bimestre novembro/dezembro do ano passado, ocasião em que as cotações das carnes (até do ovo) experimentaram verdadeiro “boom”. Porque sua capacidade de compra em relação à principal matéria-prima – o milho – é visivelmente inferior à do fechamento de 2019.
Na realidade, o frango abatido enfrenta em 2020 (média dos sete primeiros meses do ano + 1ª quinzena de agosto) o pior poder de compra não só dos últimos anos, mas de toda a presente década.
É verdade que entre 2011 e 2019 foram registradas significativas altas e baixas, conforme, principalmente, variaram as safras de milho. Assim, nesse período, houve exercício em que a quebra de safra (2016) fez com que uma tonelada de frango abatido permitisse adquirir não mais que cinco toneladas do grão. Em contrapartida, as boas safras de 2013 e 2014 propiciaram compra em torno de sete mil toneladas, 40% a mais do que seria adquirido posteriormente, em 2016.
Na média desses nove anos, a venda de uma tonelada de frango abatido possibilitou adquirir pouco mais de 6 toneladas de milho. Mas em 2020 esse poder de compra refluiu de maneira significativa – apesar do novo recorde de safra. Assim, considerados os primeiros sete e meio meses do ano, se encontra em apenas 4.567 toneladas de milho, volume quase um quarto menor que o dos nove primeiros anos da década e inferior, ainda, aos de 2016 e 2018.
Notar que a perda do poder de compra do frango vivo não é muito diferente. Comparativamente à média dos primeiros nove anos desta década, a capacidade de compra deste ano é cerca de 20% menor.