Números de 2023 apontam crescimento de 4,3% em relação a 2021 e representam retomada nos balanços anuais do setor, que deve ter novo levantamento no início de 2025, sobre a frota deste ano
O Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) divulgou na manhã desta quarta-feira (11), em seu site, o balanço da frota aeroagrícola do País em 2023. Isso depois do estudo ter sido apresentado na tarde desta terça (10) na reunião do Conselho Temático da Agroindústria (Coagro) da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento foi realizado pelo diretor operacional do Sindag, Cláudio Júnior Oliveira (que representa a entidade na CNI).
De acordo com o estudo, o Brasil terminou 2023 com 2.539 aeronaves, das quais 2.509 aviões e 30 helicópteros operando no trato de lavouras. Com as asas rotativas representando 1% do total. Com isso, o crescimento do número de aeronaves no trato de lavouras foi de 4,3% em relação às 2.432 aeronaves contabilizadas em 2021. No ranking nacional, o Mato Grosso continua liderando, com mais de 700 aeronaves agrícolas em operação. Seguido do Rio Grande do Sul (369), São Paulo (296), GO (293), BA (150) e outros 19 Estados.
LIDERANÇA
Entre as fabricantes, a brasileira Embraer segue responsável por mais da metade da frota (53%), pelas versões do avião agrícola Ipanema. Modelo este lançado nos anos 1970 mas atualmente em sua sétima geração e, que desde 2004 sai de fábrica movido a etanol. O que também o torna responsável por cerca de 1/3 da frota brasileira ser movida a etanol. Quesito, aliás, que coloca o Brasil em destaque mundial na aviação geral a partir de sua aviação agrícola.
Porém, o crescimento de modelos turboélices (maiores, de maior desempenho e importados) também bem se ampliando. A tal ponto que o Brasil já se tornou o principal mercado de aviões das fabricantes norte-americanas Air Tractor e Thrush. Batendo neste ano inclusive o mercado doméstico das duas fábricas.
Constatação feita por Oliveira em visita aos Estados Unidos em novembro, para a Ag Aviation Expo, promovida no Texas pela National Agricultural Aviation Association (NAAA, e entidade máxima do setor naquele país). Ocasião em que ele conversou diretamente com dirigentes das duas empresas. “O que é um indicativo muito forte de crescimento também pelo fato de que os Estados Unidos têm a maior frota mundial do segmento”, assinala Oliveira.
RETOMADA
O estudo de agora representa a retomada dos levantamentos feitos junto ao Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que tiveram uma interrupção a partir de 2022 – referente à frota de 2021. Segundo Oliveira, o objetivo agora foi fechar o balanço de 2023 para já a partir de janeiro se avaliar os números de 2024 e se retomar o calendário de divulgação da frota no início do ano.
Conforme Oliveira, que é economista, pesquisador e doutor em Administração, a demora pelo resultado de agora foi principalmente por ajustes na metodologia. O estudo tem um trabalho minuciosos diretamente no banco de dados da Anac – e com ajuda do órgão. Iniciando por uma filtragem entre as 31.125 aeronaves do banco de dados do órgão, retirando, por exemplo, aeronaves com perecimento, roubadas, exportadas.
De onde sobraram 21.385 aparelhos, dos quais 2.539 foram identificados como de uso agrícola. Com cuidado para se classificar corretamente, por exemplo, algumas aeronaves mais antigas que são modelos convencionais adaptados para o trabalho em campo. Além dos modelos agrícolas utilizados em escolas de pilotagem ou por órgãos governamentais.
O balanço da frota aeroagrícola historicamente era feito pelo consultor Eduardo Cordeiro de Araújo. O agrônomo, ex-piloto agrícola e um dos fundadores do Sindag (e ex-diretor da entidade) é também uma das lendas vivas do setor, tendo acompanhado toda a trajetória do segmento a partir dos anos 1960 e, na década seguinte, trabalhado no próprio projeto Ipanema, da Embraer. Aliás, Araújo (que reside em Pelotas/RS, berço da aviação agrícola no Brasil), também contribuiu para o levantamento de agora.
Fonte: SINDAG