Representantes do Fundecitrus participaram da VII Conferência Internacional de Pesquisa sobre Greening (IRCHLB), realizado na semana passada no Riverside Convention Center, em Riverside, na Califórnia (EUA).
O evento teve como tema principal “A transição da pesquisa para a realidade de campo”, e tratou sobre recentes avanços na pesquisa sobre o psilídeo cítrico asiático e o greening, por meio de palestras, sessões técnicas e pôsteres apresentados pelos principais pesquisadores do mundo ligados à citricultura.
Estiveram presentes o gerente-geral do Fundecitrus, Juliano Ayres, e os pesquisadores Juan Arenas, Eliane Locali e mais três pesquisadores da instituição que contribuíram com palestras e apresentações de trabalhos.
O pesquisador Marcelo Miranda destacou em sua palestra o resultado de um estudo sobre a utilização de caulim processado em baixas doses para redução da população do psilídeo e incidência de greening nos pomares de citros. “O estudo mostrou que é possível reduzir a dose do caulim processado e, mesmo assim, manter a eficácia do produto, procedimento importante que pode gerar uma economia para o citricultor. Além disso, a pesquisa comprovou a redução de 50% na incidência do greening e 49% na população do psilídeo se comparado com áreas não pulverizadas com caulim”, explica Miranda.
Já o pesquisador Silvio Lopes falou sobre os estágios de brotação e infecção da bactéria e como o clima pode afetar a disseminação do greening. “Experimentos conduzidos no Fundecitrus indicam que existe grande variação no cinturão citrícola referente à favorabilidade a infecção das plantas cítricas pela bactéria do greening, e tudo indica que seja o clima. Quanto maior é o número de horas entre 22° C e 28 ° C durante o dia, maior é a chance de transmissão da bactéria pelo psilídeo. Quanto as estações do ano, o verão é menos favorável e o outono e inverno são as estações mais favoráveis”, diz.
E o pesquisador Renato Bassanezi participou de uma mesa redonda que discutiu sobre as lições e desafios do greening no Brasil, além de apresentar um trabalho que abordou o efeito de não eliminar plantas doentes da faixa de borda do pomar associado ao controle do psilídeo. Bassanezi também é coautor de outros três trabalhos que foram apresentados em parceria com o pesquisador da Embrapa/Fundecitrus, Eduardo Girardi, e com o pós-doutorando do Fundecitrus Deivid Carvalho sobre o efeito de porta-enxertos ananicantes na epidemia do greening e efeito do adensamento do plantio na faixa de borda do talhão no progresso da doença. “O IRCHLB é o maior fórum de apresentação e discussão de trabalhos de pesquisa voltados exclusivamente para o greening, e tem pesquisadores de todos os países produtores de citros buscando soluções mais sustentáveis de controle da doença. Conhecemos um pouco mais sobre a citricultura na Califórnia, as pesquisas e a atual situação do greening em outros países”, destaca Bassanezi.
Para o gerente-geral do Fundecitrus, o encontro foi uma oportunidade de se atualizar sobre as recentes pesquisas referentes ao greening, os avanços na parte de diagnóstico, resistência de plantas e manejo. “Foram discussões importantes que nos direcionam para soluções viáveis e que fazem a diferença na luta contra a doença. Nosso compromisso é avançar no conhecimento científico, explorar soluções inovadoras que possam prevenir a doença, auxiliar as indústrias de suco e capacitar os produtores para situações urgentes. Assim, estaremos um passo mais perto de superar os obstáculos causados pelo greening”, afirma Ayres.
O cientista espanhol, Leandro Peña, do Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC), proferiu a palestra de abertura sobre estratégias biotecnológicas para o controle do greening, inclusive abordando os trabalhos que estão em andamento sobre plantas repelentes e plantas atraentes e letais ao psilídeo. Penã é consultor no Projeto de Resistência ao Greening do Fundecitrus (Pré-HLB), que reúne 24 centros de pesquisa de dez países para estudar estratégias sustentáveis de controle do greening.
Greening na Califórnia
Embora os pomares comerciais da Califórnia até o momento não detectaram sinal de greening, a presença da doença é iminente em árvores residenciais. O aumento dessas árvores infectadas em algumas regiões serve de alerta para o monitoramento contínuo.
Em 2019, último evento antes da pandemia, o Fundecitrus foi homenageado na VI Conferência Internacional de Greening e recebeu um prêmio por ser uma instituição referência em pesquisas desenvolvidas para o combate da doença, que serve de base para o atual manejo do greening e para a manutenção da competitividade da citricultura brasileira e mundial.
O encontro foi organizado pelo California Citrus Research Board (CRB) com o apoio das indústrias de citros da Califórnia, e reuniu pesquisadores, reguladores e membros da indústria cítrica de vários países, como Flórida, Austrália, Brasil, África do Sul, China, Espanha e Costa Rica.
Fonte: Fundecitrus