Prosa com Gabriel Colle – Diretor executivo do Sindag. Aviões e drones contra a dengue: o que é real e o que diz a lei?

O primeiro mês de 2024 registrou uma disparada de casos. Dados preliminares do Ministério da Saúde apontam 217.481 doentes prováveis de dengue em todo o país.

Mas existe uma forma mais eficiente, segura e rápida para fazer o combate?

A aviação agrícola brasileira, a segunda maior frota do mundo e considerada a mais segura e eficiente, poderia ser uma saída?

Gabriel Colle, diretor executivo do Sindag é o nosso convidado de hoje para uma prosa muito importante. Aviões e drones contra a dengue: o que é real e o que diz a lei?

 

Assista também no Youtube

Se ainda não for inscrito no canal, aproveite e se inscreva, curta, comente e compartilhe nossos conteúdos. Isso irá ajudar bastante no crescimento do canal e incentivar ainda mais a criação de conteúdo para você.

 

DENGUE – Brasil

Com 392.724 casos confirmados de dengue, o Brasil já soma 300% a mais de casos do que no mesmo período do ano passado.

Os dados são sobre as primeiras cinco semanas do ano – entre 31 de dezembro de 2023 e 3 de fevereiro.

Nesse meio tempo, já são 327 vítimas fatais – 273 mortes confirmadas pela doença e mais 54 mortes suspeitas (ainda falta confirmar se a causa foi mesmo a doença)

—- Os dados são do Ministério da Saúde

Exatamente neste sábado (10), fecha a semana 6 do calendário do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

Então, neste domingo ou na segunda-feira devemos ter os novos números do Ministério da Saúde – a semana epidemiológica sempre fecha de domingo a sábado

 

Em 2023 – o País teve um total de 1.658.816 (1,65 milhão) de casos de dengue, com 1.312 mortes (1.094 confirmadas e 218 ainda em investigação)

 

Outras doenças transmitidas pelo mosquito

Ainda falando de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, o País tem em 2024:

Zika – 341 casos até semana 3 (não há registro das semanas 4 e 5 ) – sem mortes registradas

Foram 7.592 casos em todo 2023, com 2 mortes

Chikungunya – 23.365 casos – também sem mortes confirmadas

Foram 23.365 casos em 2023, com 26 mortes (22 confirmadas e 4 ainda em investigação)

———————

 

São Paulo

O Estado já tem em 2024  61.873 casos de dengue – 215% a mais do que os 19.584 casos no mesmo período do ano passado

Nestas 5 primeiras semanas de 2024 são 37 mortes atribuídas à doença – 31 confirmadas e 6 em investigação

 

ZIKA – 12 casos, 0 mortes

No ano passado foram 72 casos o ano todo, com zero mortes

 

CHIKUNGUNYA – 1.183 casos , 1 morte

No ano passado, foram 232 casos no mesmo período (410% de aumento em 2024)

Foram 3.389 casos em todo 2023, com 17 mortes

 

——-

 

Rio Grande do Sul

O Estado gaúcho já contabiliza 3.922 casos de dengue nessas primeiras 5 semanas de 2024

O número é 2.700% a mais do que os 140 casos registrados no mesmo período de 2023

Já são quatro mortes em 2024 (2 delas ainda em investigação) segundo o Ministério da Saúde

Em 2023, o Estado teve 38.656 casos no Estado, com 54 mortes

 

ZIKA

3 casos, 0 mortes

No ano passado foram 60 casos, com zero mortes

 

CHIKUNGUNYA

53 casos, sem mortes

No ano passado, foram 14 casos no mesmo período (278% de aumento em 2024)

Foram 225 casos em todo 2023, sem mortes registradas

 

SOLUÇÃO AÉREA

 

OBS.: A capacidade de aplicação de um avião contra mosquitos é de 500 quarteirões em uma hora, com entre 500 e 800 ml de produto (o mesmo do fumacê) por quarteirão.

O drone cobre cerca de 10 a 15 quarteirões em uma hora

Em ambos os casos, atingindo toda a área – e não a parte junto à rua, como no terrestre

 

Infelizmente, os números de 2024 até aqui não são exceção.

Isso num cenário onde o Brasil já caminha para bater o recorde histórico de casos e de mortes de dengue em 2023. No ano passado, foram 1.658.816 casos da doença em todo o País, com 1.094 mortes (batendo o recorde anterior, de 2022, quando ocorreram 1.053 mortes

 

Com isso, desta vez, as próprias Prefeituras parecem estar tomando para si a iniciativa de colocar em prática uma solução que há mais de 20 anos vem sendo sistematicamente defendida pelo Sindag e que desde a década de 1940 é largamente usada em outros países.

No caso, a pulverização aérea – tanto de larvicidas biológicos quanto dos mesmos produtos que hoje são usados nos fumacês terrestres que passam pelas ruas e nos terrenos nas cidades.

 

Uma técnica que já foi motivo de polêmica por uma mistura de falta de conhecimento e ideologia, onde o Sindag foi acusado, inclusive em nota da Abrasco, de estar tentando aplicar “agrotóxicos” sobre as cidades.

Apesar de ser largamente explicado pelo setor que, em qualquer País onde aviões combatem mosquitos (Estados Unidos, México, Argentina e até na Europa e Oriente médio), as aplicações são ou dos mesmos produtos dos fumacês terrestres, ou de larvicidas biológicos.

Aliás, nos Estados Unidos os primeiros testes de uso de aviões contra mosquitos ocorreram em 1926. E desde os anos 40 faz parte das estratégias de governo contra doenças, nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDCs, na silga em inglês).

Conforme a estratégia das autoridades sanitárias locais, que são quem coordena as operações.

Aliás, a própria Força Aérea dos Estados Unidos tem uma unidade especializada no combate a mosquitos, com uso de aviões Hércules C-130. Ela é acionada, por exemplo, em caso de furações, com a missão de aplicar larvicidas em áreas úmidas, para evitar ao nascimento dos mosquitos.

Detalhe: lá as aplicações são sempre na fase de prevenção. Eles nunca deixam a situação chegar a uma epidemia. Com aplicações mensais em algumas regiões.

Mais do que isso, ironicamente o Brasil vende para os Estados Unidos equipamentos usados nas aplicações contra mosquitos – produzidos pela Zanoni Equipamentos, no Paraná

 

Aliás, como foi em 1975, quando dois aviões agrícolas  ajudaram a salvar milhares de vidas na Baixada Santista aplicando pelo alto o inseticida dos fumacês, em apoio a aplicações terrestres que cobriram os Municípios de Itanhaém, Peruíbe e Mongaguá.

Na época, para enfrentar um surto de encefalite causa por mosquito e que já tinha causado mortes na região. O sucesso da operação foi documentado pela Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo (Sucen), que atestou que não houve danos colaterais pelo uso dos aviões.

O que desde então, por motivos nunca esclarecidos, a técnica sempre foi abandonada nos gabinetes em Brasília. Mesmo nas várias vezes em que o Sindag insistiu (desde o ano 2000) para que se fizesse uma pesquisa completa com os Ministério da Saúde e Meio Ambiente.

O preconceito contra a ferramenta ficou claro em 2016, quando foi sancionada a Lei Federal 13.301/2016, que dispõe sobre as medidas de vigilância e Saúde contra o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika . Prevendo o uso da aviação para combater o mosquito.

O caso foi parar no STF, com a Procuradoria Geral da República (provocada pelas entidades contra a aviação) entrando com uma ação de inconstitucionalidade. Em 5 de abril de 2019, o STF respaldou o uso da ferramenta aérea, ressaltando a necessidade permissão das autoridades de Saúde e Meio Ambiente e realização de pesquisa para um protocolo de operação (justamente o que o Sindag sempre defendeu).

Paralelamente, o setor aeroagrícola segue por aqui a postos. Inclusive tendo participado, ano passado, do 18º Workshop de Vigilância de Arbovírus e Controle de Mosquitos de Saint Augustine, na Florida. Onde participaram o presidente do Ibravag, Júlio Kämpf, e o diretor-executivo do Sindag, Gabriel Colle.

Na ocasião, eles conversaram com o o inglês Mark Latham, radicando nos Estados Unidos desde os anos 1980 e hoje um dos mais importantes especialistas internacionais no combate a vetores. Eles falaram sobre os desafios e importância das pesquisas e detalhes sobre o serviço de controle de mosquitos na Flórida.

E tentaram trazer o Latham para o Congresso da Aviação Agrícola em julho, em Sertãozinho – mão não deu dessa vez.

Além disso, o Mark Latham é o entrevistado da Edição nº 5 da revista Aviação Agrícola. Justamente falando sobre sua formação e como funciona o combate a mosquitos nos EUA. Que foi fundamental para a própria povoação do Estado da Florida

 

 

RIO GRANDE DO SUL

– SANTO ÂNGELO – Na última terça-feira (6), a imprensa gaúcha anunciou que o Município de Santo Ângelo (no noroeste do Rio Grande do Sul) estava adotando a pulverização aérea por drones pra eliminar focos do mosquito Aedes aegypti (transmissor da dengue, zika e Chikungunya).

Isso com o uso de drones para aplicação de larvicidas biológicos, aproveitando a capacidade da ferramente aérea de atingir locais de difícil acesso – como terrenos baldios, fundos de casas, calhas em pontos elevados e até locais afastados de ruas e vielas. Onde muitas vezes não é possível chegar nem a pé, com pulverizador costal.

Para isso, a Secretaria Municipal de Saúde vez um teste de pulverização no Parque de eventos da cidade. Onde comprovou que as aplicações com drones eliminaram 80% das larvas. E sem risco para pessoas e meio ambiente.

A decisão foi tomada quando a Secretaria de Saúde detectou o primeiro caso de dengue na cidade (e ainda assim, um caso importado). Agora, segundo o Ministério da Saúde, a cidade tem três casos de dengue ainda sendo investigados.

 

SÃO PAULO

O uso de drones também tem sido uma aposta cada vez maior no Estado de São Paulo.

 

CAPITAL – O próprio prefeito Ricardo Nunes acompanhou no último sábado (3) os testes em um mutirão contra a dengue no bairro da Vila Jaguara, Zona Oeste – nas ações do Dia D de Combate à Dengue na capital. O aparelho foi usado para aplicar larvicida nos terrenos e imóveis em condição de abandono da região.

A opção pela ferramente foi pela demora do processo legal para a Vigilância Sanitária ter acesso a locais fechados.

“É um teste. Nas próximas semanas será concluída a fase de pesquisa e a cidade passará a ter um maior número de drones. Contaremos, no mínimo, com uma peça em cada uma das seis coordenadorias regionais de saúde para fazer parte do portfólio de combate à dengue na cidade”, declarou o prefeito.

Além da tecnologia de drones, a Prefeitura Paulista investiu também em equipamentos terrestres.  “Tínhamos 30 veículos para aplicação do fumacê e compramos mais 30. Tínhamos 2 mil agentes e hoje temos 12 mil”.

 

O Município tem 7.991 casos registrados de dengue este ano, com três mortes (uma delas ainda em investigação)

 

BOTUCATU – A prefeitura de Botucatu tem feito mutirão de funcionários aos domingos para eliminar focos e falar sobre conscientização. Já fez um mutirão com 1 mil funcionários deixando seus postos e indo para as ruas em ações nos bairros.

E começou a usar drones para aplicar larvicidas em locais de difícil acesso. O aparelho foi adquirido ainda em 2023, com capacidade de oito litros de produto no tanque.

 

SERTÃOZNHO – Embora sem dados , desde 2022 a Prefeitura sertanezina usa drones para aplicação de larvicida. Segundo o Ministério da Saúde, o Município tem 21 casos da doença (vai ver é por cauda do binômio drone/prevenção).

compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
WhatsApp
Telegram

Prosa com Gabriel Colle – Diretor executivo do Sindag. Aviões e drones contra a dengue: o que é real e o que diz a lei?

error: Conteúdo protegido!