Mesmo sendo preliminares e estando sujeitos a alguma correção, os dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) possibilitam concluir que em 2023 a participação brasileira nas exportações mundiais de carne de frango aumentou pelo terceiro ano consecutivo.
Era notório que essa participação vinha recuando no decorrer do tempo – seja porque grandes importadores aumentaram a produção própria ou porque diversos produtores intensificaram a presença no mercado internacional, transformando-se em concorrentes do produto brasileiro.
Assim, após o pico de, praticamente, 40,5% registrado em 2007 (efeito da queda de produção no Hemisfério Norte em decorrência de surtos de Influenza Aviária), a participação brasileira recuou de forma quase contínua nos 13 anos seguintes. Ou seja: houve breve reversão apenas em 2015, novamente por conta da Influenza Aviária no Hemisfério Norte.
O ciclo de queda foi fechado em 2020, mas desta vez por outro problema sanitário: a pandemia de Covid-19, que não só paralisou o comércio mundial, mas também reduziu significativamente a demanda pelo produto. Então, a participação do Brasil nas exportações globais caiu para cerca de 31,5%, uma retração de mais de 20% em relação ao pico de 2007 e o retorno, praticamente, aos níveis registrados em 2003, quando o País ainda caminhava em direção à liderança mundial nas exportações de carne de frango.
A recuperação iniciada em 2021 com continuidade em 2022 teve como pano de fundo o pós-pandemia (o mundo retornando à normalidade), mas também o efeito da guerra na Europa (que encareceu os custos e/ou forçou a redução da produção).
Mas o incremento observado no ano passado decorreu, sem dúvida nenhuma, do fato de a avicultura brasileira ter permanecido livre da Influenza Aviária. Foi o que permitiu chegar a, praticamente, 37% de participação nas exportações mundiais do produto, apenas 3,5 pontos percentuais a menos que no pico de 2007.
Note-se, neste último caso, que essa redução não significa perda de participação – até pelo contrário. É que os procedimentos atuais em relação aos países afetados pela Influenza Aviária sofreram mudança radical pelos padrões sanitários da Organização Mundial de Saúde Animal.
Em 2007, por exemplo, uma vez identificado um foco da doença em qualquer parte do país, todo o país era obrigado a suspender suas exportações, sujeitando-se ao embargo total de seus produtos avícolas. Hoje (embora ainda haja importador que apele para o embargo total ao país afetado), a maioria dos embargos se restringe ao local dos focos, assegurando ao restante do país a permanência no mercado.
Não fosse isso, a participação brasileira seria muitíssimo maior. E o fato de o País manter participação muito próxima da registrada em 2007 indica maior confiança no produto do Brasil.
Fonte: AviSite