Lucas Vitor, aluno da pós-graduação do Instituto Biológico, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura de SP, e bolsista da FAPESP, se destacou com um dos 15 melhores trabalhos apresentados no 12º International Congress of Plant Pathology, que aconteceu em Lyon, França, em agosto. O evento reúne cientistas do mundo todo que discutem questões de fitossanidade recentes e futuras, através de palestras e discussões sobre a saúde vegetal relacionada com a saúde humana, animal e do meio ambiente.
Foi sua tese de doutorado, focada no controle da sarna da batata, apresentada com o título: “Biological control of potato scab by Pseudomonas sp.”, que lhe rendeu o prêmio entre mais de 2 mil trabalhos inscritos.
“O motivo principal deles terem gostado, foi devido ao tema desse ano ser One Health, e eu consegui “linkar” um trabalho de controle biológico de uma praga junto ao que os produtores têm disponível no mercado. É a onda do momento, encontrar algum defensivo biológico que consiga controlar a sarna”, explica.
“Eu isolei uma outra bactéria do solo, do gênero Pseudomonas, que tinha afinidade com os plantios de batata nacionais. Testando essa linhagem a gente viu que ela conseguia crescer junto a um produto químico que é o único produto que se tem registro, o fluazinam. Experimentamos junto com o químico e deu muito certo”, comemora.
O uso do plural na sua fala vem da parceria com sua orientadora, a pesquisadora Suzete Aparecida Lanza Destéfano, do Laboratório de Bacteriologia Vegetal do Centro Avançado de P&D em Sanidade Agropecuária (CAPSA/IB), de Campinas. “A Suzi, em especial, sempre me encoraja a divulgar o máximo que eu posso desses resultados”, revela.
O premiado foi aluno de Suzete no mestrado, quando a cooperação começou. “Ele é muito proativo, estudioso e dedicado, características essenciais para um pesquisador científico. Para um trabalho ter sucesso, precisa haver sintonia entre o aluno e seu orientador, e nesse quesito somos nota dez! ”, atesta.
Lucas entrou no IB em 2016, na Iniciação Científica, fez mestrado e doutorado. Segundo conta, desde o começo sempre buscava se envolver em todas as oportunidades disponíveis em atividades de pesquisa. “É necessário acreditar que o que a gente faz dá resultado, gera lucro, reduz gastos e danos a diversas culturas, fomenta emprego e faz crescer uma economia forte e importante”, complementa.
Durante a entrega do prêmio, a emoção tomou conta do doutorando. “Quando subi ao palco para receber a premiação e vi o anfiteatro com umas 4 ou 5 mil pessoas, falei que tinha tanta gente comigo ali naquele momento, que precisaria de outro anfiteatro”, numa referência aos pesquisadores do IB e colegas de trabalho que o ajudaram nessa caminhada vitoriosa.
Sarna da Batata e o estudo do controle
A doença é causada por uma bactéria chamada Streptomyces scabiei, que está presente em quase todos os países produtores de batata e vem causando prejuízos econômicos, pois consegue resistir ao ambiente e é difícil de ser controlada. Ela não faz mal à saúde humana, mas altera o aspecto da casca do tubérculo, dificultando a comercialização.
O trabalho foi conduzido de acordo com alguns princípios. Foram utilizados defensivos químicos já existentes e que são capazes de controlar a doença, para os casos de produtores que não querem mudar seu programa de manejo (pois têm afinidade com o produto do mercado), e o biológico, que além de mais seguro ao ambiente, reduz os valores de custos de tratamento (por ser mais barato que o químico), não gera resíduos ou alguma toxicidade à cadeia de produção ou biológica.
No estudo, duas linhagens da bactéria Pseudomonas sp. resistentes ao fungicida fluazinam, bastante utilizado pelos produtores de batata, foram testadas contra a S. scabiei, tendo sido feitos experimentos in vitro e in vivo.
Nos testes, os tubérculos tratados com as linhagens de Pseudomonas sp. mostraram redução da incidência da doença em cerca de 85% e da severidade da doença em aproximadamente 63%. No tratamento apenas com o produto químico, a diminuição da ocorrência e gravidade foram de 68,5% e 50%, respectivamente. Observou-se, portanto, uma maior eficiência de controle da doença na combinação das linhagens de Pseudomonas com o composto fluazinam.
Por Caroline Caram
Assessoria de imprensa APTA
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo