Engenheiro agrônomo explica que resistência que ainda há pelo uso desse tipo de irrigação ocorre muito por falta de informações por parte de alguns produtores
Um sistema de irrigação que oferece um custo operacional bem menor, pode chegar a 100% da área plantada, seu uso não se limita pelo tipo de topografia do terreno, tem eficiência de 95% e pode aumentar a produtividade em até 50%, dependendo do tipo de cultura. Pois é, apesar de ficar escondido no solo, o mecanismo de irrigação por gotejamento subterrâneo oferece benefícios bem visíveis.
Os pivôs centrais ainda são a técnica de irrigação mais usada no Brasil, porém o sistema de irrigação por gotejamento está em franca expansão. Estima-se, segundo número da Câmara Setorial de Equipamentos de Irrigação (CSEI), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que as áreas irrigadas por gotejamento e microaspersão no país atinjam cerca de 80 mil hectares. Só entre os anos de 2020 e 2019, o uso desse sistema cresceu 15% em todo o Brasil.
Mas apesar das vantagens citadas acima e do avanço da adoção da técnica para todos os tipos de culturas, incluindo a produção de grãos, ainda há uma resistência significativa por parte de muitos produtores para uso da irrigação por gotejamento, resistência esta, segundo avalia o engenheiro agrônomo e supervisor de irrigação localizada do Grupo Pivot, Elvis Alves, é fruto falta de mais informações sobre essa tecnologia. “O que se observa ainda é uma certa resistência de alguns produtores, mas devido à falta de esclarecimentos, pois é uma tecnologia nova e que aparentar ser complexa, não é. O produtor, que muitas vezes já está acostumado com os sistemas por aspersão convencionais e que visualiza aquela água bonita cair sobre a lavoura, muitas vezes, tem dificuldade em se convencer de que alguns tubos enterrados na terra, pingando algumas gotas de água irão conseguir irrigar sua cultura”, explica o engenheiro agrônomo.
Mas Elvis Alves afirma que essa resistência cultural é facilmente superada quando o produtor se dá conta dos benefícios que o sistema de irrigação localizada por gotejamento pode trazer. Ele explica que apesar de ser frequentemente usada por aqui no Brasil em culturas de hortaliças, fruticulturas e na cafeicultura, a técnica pode ser adotada em qualquer tipo de cultivo, inclusive de grãos.
“Desde que a demanda hídrica da cultura seja atendida em volume e no local (faixa molhada), a grande maioria das culturas pode ser irrigadas utilizando esse tipo de sistema: sejam culturas anuais, como é o caso do milho, da soja e do algodão; até mesmo o arroz, que no Brasil a predominância ainda é pelo sistema por inundação, mas hoje já conseguimos o cultivo de arroz em terras altas por meio do gotejamento. Também a cana de açúcar pode ser cultivada por esse sistema, as culturas perenes como as do café, laranja, limão, maçã, manga, goiaba, mamão e várias outras”, detalha o especialista da Pivot, que tem entre os seus principais clientes para este tipo irrigação os produtores de laranja, limão e café (especialmente nas regiões de Goiás e Minas Gerais), e também na cana de açúcar e grãos.
Todos os solos
O engenheiro agrônomo também afirma que o gotejamento pode ser instalado em todos tipos de solos e a produtividade que o sistema irá trazer dependerá de algumas análises sobre a terra. “Serve para todos os tipos [de solo], entretanto, temos que ter muita atenção com os solos de textura média e arenosos. O grande segredo é conhecer as características físico-hídricas destes solos antes da implantação do sistema. Uma característica muito importante dos solos para este tipo de sistema é a matéria orgânica. Quanto mais a quantidade de material orgânico melhor”, explica.
Entre as muitas vantagens oferecidas pela técnica, Elvis Alves cita a possibilidade de se irrigar em área total, o que facilita o manejo da cultura, desde o plantio até a colheita. “Na comparação com o pivô central circular, que é hoje um dos sistemas mais utilizados no país, supondo que você tenha uma área irregular e aloca um pivô no centro deste terreno, os espaços de canto dessa área, que nós chamamos de ‘caldinhas do pivô’ não serão irrigados, mas com o gotejamento você consegue essa irrigação em toda a área, podendo cultivar com qualquer tipo de cultura”, esclarece o engenheiro agrônomo, que cita outras vantagens: o uso nos mais variados tipos de solo e relevo; operacional simplificado com quase nenhum uso de mão de obra já que o sistema é automatizado, e redução da a incidência de doenças, principalmente fúngicas, já que não molha as folhas.
Baixo custo de operação
Ao falar do custo inicial um pouco mais elevado para a instalação, o que é apontado por muitos como motivo por não optar pelo gotejamento subterrâneo, Elvis Alves explica que o investimento se paga em pouco tempo, uma vez que o sistema de irrigação é que tem menor custo operacional entre os demais. “Esse maior custo inicial não significa que o sistema seja caro, haja vista que nos sistemas de gotejamento implantados pela Pivot, o payback tem variado entre 2,8 e 3,5 anos. Portanto, esse investimento se paga significativamente rápido, quando você considera o período total que esse sistema pode ficar no solo irrigado e gerando renda para o produtor, o que pode ser de até 20 anos”, pontua.
O especialista ainda explica que o sistema de gotejamento é o que tem o menor custo de Despesas Operacionais (Opex), relativo ao custo por milimetro aplicado, portanto, consome menos energia, reduz também, em pelo menos 20%, o consumo de água, porque não se perde, ou perde menos, por evaporação e na perda por lixiviação você tem um controle maior em comparação com com outros sistemas.
Fonte: Assessoria