Aparentemente, o surgimento da pandemia e, posteriormente, a deflagração da guerra na Ucrânia não tiveram qualquer influência na relação entre os preços internos e externos da carne de frango brasileira: o adicional de 55% obtido pelo produto exportado em 2019, permaneceu praticamente inalterado no triênio 2020/2022, apresentando variação de apenas 0,12 ponto percentual.
Chega-se a essa conclusão comparando os preços (convertidos em dólar) do frango abatido resfriado comercializado no Grande Atacado da cidade de São Paulo com os preços (já dolarizados) do produto in natura exportado, conforme informações mensais da SECEX/ME.
Naturalmente, a margem apontada corresponde à média do quatriênio. Porque, nos últimos três anos, foram registradas variações extremas. No bimestre abril/maio de 2020, por exemplo, o frango exportado chegou a alcançar valor 127% superior ao do produto interno. Não porque tivesse registrado alta (ao contrário, o preço externo também retrocedeu), mas porque, com o reconhecimento da ocorrência da pandemia, o mundo parou, as exportações despencaram e os preços internos retrocederam ao menor nível do período analisado (em dólar, não mais que 60 centavos/kg, valor mais de 40% inferior à média de 2019 (US$1,08/kg).
A menor margem, por seu turno, foi registrada em setembro de 2021, mês em que, internamente, o frango abatido alcançou valor recorde ainda não superado. Então, a diferença entre o produto interno e o exportado caiu para apenas 22%. Na prática, naquele mês o frango exportado ficou mais barato que o consumido internamente no varejo da cidade de São Paulo.
Notar, no gráfico abaixo, que independentemente das variações mensais da margem, a linha de tendência aplicada sobre os dois segmentos segue de forma quase paralela. Isto indica que a margem entre mercado interno e externo tende a ser mantida, corrigindo-se mensalmente conforme as necessidades de um e outro mercado. Parece estar claro também que, apesar de o mercado interno ser o responsável pela absorção de mais de dois terços da produção total, prevalece extrema dependência entre consumo interno e exportação.
Fonte: Avisite