Diante do fraco desempenho financeiro que o frango vem registrando, há quem conclua que os preços não reagem devido a um excesso de oferta causado pelas recentes altas na produção.
É verdade, há excesso na oferta. Mas devida não ao aumento de produção e, sim, ao fato de
o consumidor ter perdido sua anterior capacidade de compra. Sobretudo porque os preços subiram sem que seus ganhos fossem corrigidos na mesma proporção.
Para comprovar que não há excesso de oferta tome-se a produção de pintos de corte. Ela, neste ano, vem sendo menor que a observada, por exemplo, dois anos atrás, no segundo semestre de 2020. É verdade que em agosto passado aproximou-se dos 600 milhões de cabeças, mas continua aquém dos 612 milhões de dezembro de 2021 e, muito mais, dos quase 618 milhões de um ano antes, dezembro de 2020.
Mas o pinto de corte é apenas um indicador. Porque, produzida a carne de frango, é preciso considerar, também, a disponibilidade interna que resultou depois da exportação. E, neste caso, os dados combinados do IBGE (abates inspecionados, o que inclui toda a carne exportada) e da SECEX/ME são a melhor referência.
Assim, como mostram a tabela abaixo e o gráfico dela decorrente (disponibilidade interna de carne de frango), o volume disponibilizado no 3º trimestre (julho/setembro) de 2022 aumentou, sim, mais de 5% em relação ao trimestre anterior. Mas continuou sensivelmente abaixo do registrado em quatro ocasiões anteriores: no 4º trimestre de 2020, no 1º e no 4º trimestres de 2021 e, mais recentemente, no 1º trimestre de 2022.
Quanto à perda de poder aquisitivo do consumidor, talvez seja suficiente comparar a evolução de preços do frango com a evolução do salário médio real dos brasileiros. E o que se constata é que, no 3º trimestre de 2022, no varejo paulistano (dados mensais do Procon-SP, deflacionados pelo IPCA do IBGE), o valor real alcançado pelo frango resfriado foi 40% superior ao do mesmo trimestre de 2020 devido à forte elevação dos custos. Já o salário médio real dos brasileiros, em idêntico período (dados do IBGE através do PNAD), sofreu redução de 8,89%.
Fonte: AviSite
