O leite é um dos principais produtos da agropecuária paulista e a sanidade do rebanho impacta diretamente na qualidade da mercadoria oferecida à população. Para garantir os melhores resultados, o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou um curso sobre Leptospirose e Controle Seletivo do Carrapato dos bovinos, para os produtores e médicos-veterinários filiados à Cooperativa Agroindustrial Serramar, de Guaratinguetá.
A Cooperativa Serramar foi fundada em 1944 e, atualmente, conta com 820 cooperados que produzem 72 milhões de litros de leite por ano, distribuídos em 18 municípios no Vale do Paraíba. A maioria é formada por agricultores familiares, que dependem da renda do leite. Em 2021, a Serramar iniciou um projeto de fomento de produção de grãos, milho e soja, principalmente. A diversificação deve avançar com estudos de potenciais culturas em terras altas na Serra do Mar, nos municípios de Cunha, Lagoinha e Guaratinguetá. Conta com uma equipe técnica de veterinários, agrônomos e zootecnistas. Este ano iniciou pesquisa aplicada em parceria com o IB, o Instituto Agronômico (IAC-APTA) e a APTA Regional de Pindamonhangaba e estão desenvolvendo projetos na área de sanidade animal.
De acordo com Harumi Hojo, coordenadora do Prosaf, o curso foi uma demanda da diretoria da Cooperativa, que possui 820 cooperados. No dia 31 de maio, pesquisadores do Instituto Biológico, do Polo de Difusão Agropecuária da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, em Pindamonhangaba, técnicos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), veterinários e produtores rurais da Serramar se reuniram com o objetivo de unir ciência e prática, num trabalho coletivo e de pesquisa aplicada no campo. “Vamos criar uma rede de pesquisa aplicada na pecuária de leite. É um grande passo para a cooperativa. Toda mudança tecnológica deve ser testada com segurança por meio de projetos piloto”, afirmou Harumi.
A primeira palestra – Leptospirose: um desafio no campo – foi ministrada por Vanessa Castro. A pesquisadora do IB, informou que a Leptospirose é uma doença causada pela bactéria leptospira, muito associada aos roedores, porque está presente no organismo desses animais sem causar mal a eles. As leptospiras conseguem penetrar na pele de animais e humanos, produzindo lesões em vários órgãos, principalmente rins e fígado. Explicou, ainda sobre, os prejuízos causados pela doença, como são feitos o diagnóstico, manejo, tratamento e a importância das vacinas.
O contágio da bactéria se dá pelo contato com o animal ou a urina contaminada (de ratos, gambás, guaxinins) ou com secreções de um animal infectado. Como se trata de uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida dos animais para humanos, é necessário muito cuidado ao lidar com o animal doente, utilizando luvas e realizando limpezas frequentes no ambiente. Após o contágio, os primeiros sintomas começam a aparecerem até sete dias. Vanessa também informou como coletar as amostras e enviar para análise no Instituto Biológico.
José Roberto Pereira, da APTA Regional de Pindamonhangaba, apresentou a palestra: Controle Seletivo do Carrapato dos bovinos em Pequenas Propriedades do Vale do Paraíba. De acordo com o pesquisador, a sanidade dos bovinos leiteiros da região tem se apresentado como um dos principais obstáculos para aumento da produtividade da pecuária leiteira. “O carrapato dos bovinos contribui substancialmente não só com a insalubridade dos animais, mas também com perdas na produção, tanto em quantidade quanto em saudabilidade. Dados mais atuais atribuem ao parasitismo do carrapato a perda de US$ 3,2 bilhões ao ano, somente na produção de carne e leite. Pesquisas recentes no Estado de São Paulo sobre resíduo de agrotóxicos no leite detectou a presença de 40,8% de defensivos agrícolas nas amostras”, explicou José Roberto, destacando que o controle seletivo do carrapato se baseia no tratamento apenas dos animais com infestação e não, como é corrente entre os produtores, aplicar o carrapaticida em todos os animais, independentemente da quantidade de animais que estejam realmente necessitando de tratamento.
O Prosaf visa levar informações e treinamento a pequenos e médios produtores a partir de suas demandas na área de sanidade animal e vegetal. Nesta edição, cerca de 20 médicos veterinários e produtores de leite participaram do evento presencial. “Trabalhando juntos, IB e CATI cumprindo diretiva da Secretaria de Agricultura e Abastecimento que se traduz em aproximar o conhecimento do produtor rural”, ressaltou Antonio Batista Filho, idealizador do Prosaf e também coordenador do projeto.
Prosaf Lançado em 2009, o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf) já auxiliou 3.500 produtores rurais paulistas, de 40 municípios, que passaram pelas capacitações, a melhorarem a sanidade vegetal e animal em suas propriedades. Com ações de curto, médio e longo prazo, os pesquisadores do IB identificam as pragas e doenças que ocorrem nas propriedades e propõem técnicas de manejo para melhorar a produção. Resultado: aumento da renda, melhoria na qualidade dos produtos ofertados aos consumidores, redução do uso de produtos químicos e produção com sustentabilidade. O programa trabalha a partir das demandas dos agricultores paulistas. São eles que entram em contato e solicitam a visita dos pesquisadores. Na propriedade, as pragas e doenças que estão afetando a produção são identificadas e, com base nos diagnósticos, os pesquisadores propõem treinamentos com tecnológicas para solucionar o problema. O Prosaf, coordenado pelo IB, é realizado em parceria com as unidades regionais da APTA e da CATI, prefeituras municipais, associações de produtores e cooperativas. O Prosaf é um programa muito importante, pois transfere conhecimento e tecnologia para os pequenos e médios produtores.
Mais informações
Nara Guimarães
Diretora de Comunicação Científica do Instituto Biológico
Tel.: (11) 5087-1790 E-mail: naraguimaraes@sp.go.br
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo