Vacinação está em fase final e vai cumprir a meta de vacinar aproximadamente 4,8 milhões de animais imunizados da primeira etapa
Apesar dos problemas detectados no ano passado com o fornecimento de vacinas, a campanha de vacinação contra a febre aftosa segue no ritmo esperado. Conforme determinação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para este ano ocorreu a inversão das etapas no Estado de São Paulo. Dessa maneira, a expectativa é que todos os animais com até 24 meses no Estado de São Paulo sejam imunizados até o final deste mês – aproximadamente 4,8 milhões de cabeças. Os dados são da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA. Os lançamentos no sistema de Gestão de Defesa Animal e Vegetal (Gedave) estão sendo feitos de maneira correta, com os produtores vacinando a faixa etária estipulada pelo programa.
Em novembro do ano passado, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) constatou a dificuldade de pecuaristas paulistas em imunizar os rebanhos de bovinos e bubalinos durante a segunda etapa de vacinação contra febre aftosa, devido à falta de oferta de doses em estabelecimentos que comercializam o produto. O MAPA verificou que, para a primeira etapa deste ano (maio), haveria baixa disponibilidade do produto e que, provavelmente, a demanda não seria atendida. Por esse motivo inverteu a estratégia nos estados que compõem o Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), dentre os quais São Paulo faz parte. Com a inversão do calendário, neste mês estão sendo vacinados os animais com até 24 meses, e apenas em novembro será a vez de todo o rebanho. Como a quantidade necessária de doses para atender apenas o gado mais jovem é bem menor, a medida soluciona o fornecimento aos produtores.
A inversão do calendário vacinal não interfere em nada na segurança sanitária dos animais e nem na programação do PE-PNEFA. A FAESP monitorou esse processo e não recebeu nenhuma comunicação de falta de vacinas ou de dificuldade de acesso às doses. O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (SINDAN) colocou-se à disposição para atender toda e qualquer revenda que não tivesse o imunizante.
Risco de aborto
Uma das preocupações dos produtores é quanto ao maior risco de aborto ao se vacinar todo o rebanho no final do ano. Isso porque há uma programação feita previamente pelos criadores, tanto para a estação de monta quanto para inseminação artificial. Quando os animais com até 24 meses – que ainda não atingiram maturidade sexual para reprodução – são imunizados na segunda etapa em novembro (segundo o calendário usual), o produtor não precisa se preocupar com o período de monta ou inseminação, porque as vacas que vão entrar em fase reprodutiva (as que tem mais de 24 meses) não participam desta fase. Neste ano, com a inversão do cronograma, em que a totalidade do rebanho paulista será imunizada em novembro, nas fazendas que fazem cria e produção de bezerro e que já tinham sua programação definida previamente, aumenta a chance de haver mais abortos nas vacas destinadas a reprodução.
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) identificou que animais vacinados até 30 dias após inseminação artificial por tempo fixo (IATF) tiveram uma taxa de perda gestacional 4,2 vezes maior em relação ao grupo que recebeu as doses 20 dias antes de passar pelo procedimento de inseminação.
Pensando nessa situação, para não prejudicar os produtores rurais que fazem o manejo reprodutivo nos animais como, por exemplo, Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), o MAPA atendeu o pedido da CNA com relação à antecipação ou postergação da etapa. Para a segunda etapa de vacinação em específico, a ser realizada em novembro e envolvendo todo o rebanho bovino e bubalino, os produtores poderão solicitar autorização aos serviços veterinários estaduais para realizar a vacinação de seus animais a partir de primeiro de outubro, ou postergar para dezembro, dependendo do planejamento reprodutivo utilizado no rebanho. Esta decisão é válida para os estados que compõem o Bloco IV do Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA): Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo, Tocantins e o Distrito Federal.
Próxima meta: deixar de vacinar
O último foco de febre aftosa em São Paulo foi registrado em março de 1996, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado. Com as metas de erradicação da febre aftosa com imunização atingidas, a agropecuária paulista busca agora evoluir para um status sanitário no qual a vacinação não seja mais necessária. Para isso São Paulo vem criando condições de cuidados sanitários e de vigilância bastante exigentes e eficientes a fim de manter o combate e prevenção à febre aftosa na pecuária para que o Estado seja declarado área livre da doença sem vacinação. Esse processo é fundamentado na avaliação contínua de indicadores monitorados regularmente por equipes gestoras do plano estratégico, formadas pelos setores público e privado nas esferas estadual e nacional. A FAESP representa o setor privado na Comissão de Coordenação dos Grupos de Estado (CCGE) do bloco do qual São Paulo faz parte. A Federação faz um trabalho constante de conscientização sobre a educação sanitária junto ao pecuarista, fator vital para a evolução do plano de vigilância.
Com o fim da vacinação, haverá redução de custos aos produtores paulistas (dos valores gastos com as doses e a estrutura necessária à aplicação) e poderá possibilitar que eles comercializem para países que pagam mais pela carne bovina de regiões do chamado circuito não-aftósico, sem uso de imunizantes. Isso acabará ainda com a necessidade de remoção de abcessos que surgem como resposta imunológica no organismo dos animais vacinados.
O MAPA divulgou no final de abril que, após a última etapa de vacinação contra febre aftosa (em novembro), irá suspender a imunização no Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Tocantins e Distrito Federal. Com isso, cerca de 113 milhões de bovinos e bubalinos deixarão de ser vacinados – o equivalente a quase metade do rebanho de todo o País. Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso já possuem a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação.
Das unidades da Federação que fazem parte do Bloco IV, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe não foram anunciados pelo MAPA como regiões a serem consideradas livre de aftosa sem vacinação após a etapa final de imunização deste ano. Conforme já informado, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA/SAA-SP) está em tratativas com o MAPA a fim de apontar os avanços do estado para que possa também entrar na lista dos que não precisarão mais imunizar os rebanhos a partir do ano que vem. Para isso, iniciou um trabalho em conjunto com o MAPA para detalhar os critérios de avaliação do Ministério.
Fonte: FAESP