O frango abatido vai encerrando abril da mesma forma como começou, visto que na segunda quinzena do mês (quarta e quinta semanas) perdeu tudo o que havia conquistado nas semanas anteriores. E por ter iniciado o período com os mesmos preços do final de março, fecha o mês com valor real negativo em relação ao registrado na abertura, pois, pela prévia (IPCA-15), a inflação de abril deve ser superior a 1,5%.
De toda forma, o valor médio alcançado no mês corresponde ao melhor resultado dos últimos sete meses, ficando aquém, apenas, do que foi obtido no bimestre agosto/setembro de 2021. Em relação ao mês anterior a variação ficou em 9,21%, enquanto o acumulado no ano alcança 23%.
Com certeza, este último índice de incremento surpreende, pois corresponde à variação observada em apenas quatro meses. Porém, sob esse aspecto, é fundamental rememorar que, depois de atingirem seu pico em setembro do ano passado, os preços do frango abatido entraram em um processo contínuo de baixas que só começou a ser revertido em fevereiro deste ano. Dessa forma, se em quatro meses houve incremento de 23%, em sete meses prevalece um recuo (em termos nominais) próximo de 2,5%.
Também chama a atenção a variação de 32,54% na média dos últimos 12 meses. Mas, neste caso, observa-se que esse é, praticamente, o mesmo índice de aumento no custo de produção do frango, isto é, da ave viva, sem considerar a elevação dos custos industriais.
Ainda que tenha proporcionado o melhor resultado em meses, o comportamento do mercado em abril merece alguma reflexão. Seus fundamentos (produção e oferta) aparentemente não sofreram grande alteração e ainda vêm sofrendo o empuxo das exportações que, à primeira vista, devem alcançar um dos melhores resultados de todos os tempos. E, no que tange à demanda interna, sofreu sem dúvida o impulso das comemorações pascais, o primeiro grande acontecimento familiar registrado desde os primeiros casos de Covid-19 em março de 2020. Mesmo assim, mal iniciada a segunda quinzena, os preços passaram a retroceder.
Tal comportamento é uma clara demonstração de que o poder aquisitivo do consumidor brasileiro se exauriu de vez. Claro, ele vai voltar às compras na semana que vem, pois terá novo salário em mãos e deve se preparar para o segundo grande acontecimento familiar pós-amainamento da Covid, o Dia das Mães, no dia 8. Porém… e depois?
Mas não é só: ainda que a demanda pela carne de frango brasileira esteja aumentando em decorrência dos desdobramentos da belicosidade russa, chegar aos mercados importadores vem se tornando desafio crescente, ora agravado pelo ressurgimento da Covid-19 em nosso principal mercado, a China. Ou seja: a logística caminha para um nó que pode, até, afetar futuros embarques.
Não havendo como evitar tais eventos, nem a progressiva degradação do consumo, resta estar preparados para enfrenta-los. Que seja apenas impressão passageira mas, tudo indica, momentos mais difíceis estão por vir.
Fonte: AviSite