Próximo da marca há vários meses, em janeiro passado o IGP-DI da Fundação Getúlio Vargas – um dos principais indicadores da inflação brasileira – ultrapassou pela primeira vez, nos quase 28 anos de vigência do Real, os 1.000% de evolução. Mais exatamente, registrou variação de 1.010,40%.
E onde estão frango vivo, ovo e milho depois desse relativamente longo período?
O frango, que abriu 2022 registrando queda de preço mensal de quase 2%, registrou em janeiro variação de 720,67% em relação ao momento de implantação do Real, ficando cerca de 290 pontos percentuais aquém do IGP-DI.
Continua pior, no entanto, o desempenho do ovo, que chegou a janeiro enfrentando seis meses consecutivos de queda e com uma redução de 5,5% sobre o mês anterior. Na vigência do atual padrão monetário brasileiro, o ovo registra variação de menos de 400%, encontrando-se mais de 630 pontos percentuais aquém do IGP-DI.
Nesse contexto, o único item enfocado que supera não só frango e ovo mas também a inflação é o milho. Que chegou em janeiro com um valor 1.200% superior ao do início do Real, ou seja, com quase 200 pontos percentuais acima do IGP-DI, quase 500 pontos percentuais acima do frango e mais de 825 pontos percentuais acima do ovo.
É interessante notar que, em termos anuais, o milho registra variação similar à do frango e não muito superior à do ovo – o que mascara seu real peso no custo dos dois produtos da avicultura. Por essa razão, na tabela abaixo, estão inclusas, também, as variações ocorridas nos últimos 36 meses, ou seja, com base em janeiro de 2019, época em que os preços do milho ainda se mantinham dentro de sua evolução histórica.
Neste caso, o que se constata é que, frente a uma evolução de 59% do IGP-DI, o frango vivo aumentou 76,5% e o ovo pouco mais de 93%. Quer dizer: superaram a inflação. Mas foi apenas uma tentativa (frustrada) de acompanhar os preços da principal matéria-prima do setor, cujo preço registrou incremento de 142%.
Fonte: AviSite