As chuvas de verão normalmente trazem consigo uma alta na infestação de matos, pragas e doenças em diversas culturas. São frequentes as dúvidas que chegam ao Fale Conosco da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) sobre como acabar com o ataque de pragas e doenças em pequenas lavouras e hortas domésticas. “Em geral, essas mesmas dúvidas chegam também nas Casas da Agricultura e em todos os nossos canais”, afirma a engenheira agrônoma Maria Cláudia Silva Garcia Blanco, do Departamento de Extensão Rural. Acostumada com palestras, cursos e oficinas pelo Estado de São Paulo afora, Maria Cláudia, em seus quase 30 anos de extensionista da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, esclarece que não é possível eliminar totalmente as pragas e doenças: “Nunca acabamos com esses organismos, todavia controlamos sua população, para que ela não ocasione danos significativos ao desenvolvimento das culturas”. A palavra-chave para isso é “convivência”, garante a técnica.
Um ponto relevante a se saber é que plantas saudáveis são mais resistentes a esses ataques e, por isso, o controle deve começar no solo que irá receber as plantas. O melhor solo é o rico em organismos e micro-organismos, pois eles são responsáveis por disponibilizar nutrientes para as plantas. Um bom teor de matéria orgânica e a garantia de que não haja a presença de contaminantes químicos ‒ como agrotóxicos e metais pesados ‒ e biológicos ‒ como uma alta concentração de organismos fitopatogênicos ‒ são fatores primordiais a um bom desenvolvimento das plantas.
“Tendo a consciência a respeito do solo, passamos a orientar as pessoas interessadas em manter uma horta comercial, ou apenas para suprir as necessidades de uma família, escola ou local de convivência, a um manejo integrado que utiliza diversas práticas agronômicas que podem evitar a proliferação da população dos insetos-pragas, dos agentes de doenças e do mato formado por plantas espontâneas, as quais surgem no sistema e competem com as culturas por luz, água e nutrientes”, explica Maria Cláudia.
Principalmente quando se trata de uma horta medicinal, é necessário ter cuidado com o que é usado para o controle de pragas. “De preferência deve ser conduzida em sistemas agroecológicos ou orgânicos de produção, pois promovem o bom desenvolvimento das culturas, favorecendo o teor e a composição das substâncias bioativas responsáveis pelas propriedades terapêuticas. “O maior equilíbrio do agroecossistema, promovido pelas técnicas do manejo agroecológico, minimiza a pressão das populações de insetos, micro-organismos ou plantas capazes de prejudicar as culturas. O desequilíbrio no sistema produtivo favorece essas populações; portanto, é fundamental que o controle fitossanitário seja realizado adotando-se um manejo complexo, constituído de várias práticas”, frisa quem é experiente no assunto, com várias publicações editadas pela CATI, entre elas o recente Guia de Plantas Medicinais e Aromáticas, o qual pode ser acessado gratuitamente pelo link https://www.cdrs.sp.gov.br/portal/themes/unify/arquivos/produtos-e-servicos/acervo-tecnico/Guia%20Plantas%20Medicinais%20e%20Aromaticas%20atualizado.pdf
Algumas práticas recomendadas
As práticas culturais e preventivas são muitas e, dentre elas, estão a seleção da área, o uso de sementes e mudas sadias, a rotação de culturas, o controle da erosão, a adubação equilibrada, a cobertura do solo, adubação verde, o uso de biofertilizantes, a adoção do policultivo com plantas companheiras e plantas armadilhas ou repelentes.
Feito tudo isso, ainda existem as práticas mecânicas, caso ainda persistam algumas pragas e doenças, entre elas a catação manual dos insetos considerados pragas e o uso de armadilhas (placas atrativas coloridas, adesivas, luminosas, entre as várias opções encontradas no mercado) e/ou empregar práticas biológicas como inserir na cultura inimigos naturais que são predadores ou parasitas de pragas específicas.
No caso de hortas não comerciais, essas práticas devem resolver os problemas, constata Maria Cláudia, porém outro recurso empregado é o uso de produtos químicos de utilização permitida pela legislação federal. “Deve-se optar, no entanto, por substâncias químicas naturais, com baixo nível toxicológico, como enxofre, caldas bordalesa e sulfocálcica, sulfato de alumínio e extratos de plantas (chás e alcoolaturas de plantas consideradas medicinais, como, por exemplo, camomila e cavalinha”, afirma a técnica, que reforça: “É importante lembrar que o aplicador desses produtos deve usar equipamento de proteção individual (EPI)”.
As principais pragas encontradas em hortas são os ácaros, as cochonilhas, as formigas, as lagartas, a larva-minadora, a lesma, os carocóis, os pulgões e as vaquinhas. E entre as doenças, as fúngicas são as mais importantes, seguidas por doenças causadas por bactérias e vírus. Algumas indicações sobre tais pragas podem ser encontradas on-line, mas é necessário, em ataques maiores, que um profissional da área seja consultado, para que se possa fazer o uso correto de qualquer destas práticas. E os engenheiros agrônomos das Casas da Agricultura e/ou das Regionais CATI em todo o Estado de São Paulo podem ser acessados. Procure o local mais próximo no site da CATI (www.cati.sp.gov.br) e encontrará os endereços, telefones e e-mails de contato.
Por Assessoria de Comunicação
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo