As geadas que têm atingido o Brasil neste inverno devem afetar os custos de produção de aves, suínos e bois de confinamento, diante das estimativas de redução na produção de milho afetada, segundo órgãos que acompanham os efeitos dos eventos climáticos nas lavouras.
O milho, usado na nutrição de aves e suínos, é um dos principais itens que compõem os custos de produção destes animais. O custo do grão, que já está em alta há mais de um ano, deve manter esta tendência depois das geadas na semana passada.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) disse na semana passada que a segunda safra de milho deve ter uma redução na produção em função da restrição hídrica e da geada nas lavouras em estágios de floração e enchimento de grãos em Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.
O governo do Paraná reduziu a estimativa de produzir 14,6 milhões de toneladas de milho nesta safra, depois que os efeitos climáticos levaram a uma perda de 8,5 milhões de toneladas ou 58% da produção.
“Em termos de volume, é a maior (perda) da história do Paraná, e pode ser também a maior em termos percentuais”, disse o analista da cultura no Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Edmar Gervásio, em nota divulgada na quinta-feira passada.
O preço do milho ao produtor no Paraná superou R$ 90 a saca em julho, elevando os custos para empresas de frango e suíno, segundo o governo do estado, que ainda não contabilizava os impactos das geadas na semana passada.
“Para o milho, a tempestade foi perfeita, com estiagem, geada e a praga do enfezamento em uma única safra e em intensidade grande”, disse Gervásio.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) disse que a influência do clima adverso no milho (seca durante a semeadura e o desenvolvimento das lavouras e geadas recentes) tem impulsionado os valores do cereal, o que afeta diretamente os custos de produção de aves e suínos.
No caso do boi, baixas temperaturas e geadas têm impacto no custo da alimentação do animal em confinamento e também prejudica o ganho de peso, já que em dias de geada o animal tradicionalmente como menos. “Assim, a oferta de animais prontos para o abate tende a diminuir”, disse o Cepea.
Por Anna Flávia Rochas
Fonte: CarneTec Brasil