A campanha é uma iniciativa da Abag/RP, das associações dos produtores de cana e produtores rurais do Estado, e reúne mapas com informações meteorológicas e materiais confeccionados especialmente para apoiar ações de educação e comunicação.
Os efeitos da falta de chuva vão além do reajuste nas contas de energia, anunciado recentemente. Entre os setores que serão impactados, a agricultura é um segmento que sofre duplamente: enquanto a produção suporta o clima seco, a palha da cana, as pastagens e até as matas nativas– que são verdadeiros oásis –, em tempos de escassez hídrica se tornam combustível para queimadas que podem se transformar em incêndios de grandes proporções. Os técnicos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo atuam junto aos produtores rurais para evitar sinistros e reduzir danos. As orientações vão desde contatos diretos e matérias informativas para jornais e sites a podcasts que podem ser enviados via WhatsApp e divulgação em rádios e nas mídias sociais da Pasta.
Alexandre Grassi, dirigente da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS/Cati), salientou o papel da extensão rural como parceira da Campanha, por meio da capilarizada rede de técnicos que atuam em todo o Estado. “Nós entendemos o risco que o produtor rural corre, podendo perder sua safra, o trabalho de uma vida, por causa de um incêndio muitas vezes criminoso ou pelo descuido de alguém que não deu a destinação correta para o lixo”, afirmou o coordenador da CDRS/CATI, lembrando da cultura da utilização do fogo para limpeza de um terreno – prática que vem sendo desestimulada há muito tempo, mas que ainda tem adeptos.
De acordo com os dados da Operação Corta Fogo, em 2020, 111.295 hectares foram atingidos por incêndios no estado de São Paulo. Essa área queimada resultou na emissão de cerca de 7 mil toneladas de gases de efeito estufa e 415 mil toneladas de poluentes atmosféricos. Foi o segundo ano com mais focos de incêndios (6.123) desde 2010 (7.292 focos). No ano passado, os incêndios criminosos foram causadores de prejuízos materiais e ambientais tanto na zona rural, quanto na zona urbana.
O setor canavieiro, especialmente os produtores localizados na região de Ribeirão Preto, experimentou perda de áreas naturais, que haviam sido reflorestadas; a queima de cana antes da hora da colheita, que diminuiu a qualidade da matéria-prima; e o fogo em áreas já colhidas, que inviabilizou a rebrota. Em muitas áreas foi preciso fazer um novo investimento em plantio.
Mônika Bergamaschi, presidente do Conselho da Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto (Abag/RP), lembra que a Campanha é realizada durante o período mais seco do ano, quando historicamente a ocorrência de focos de incêndio é maior, sendo este o momento ideal para disseminar as informações. “O mais interessante é que os grupos econômicos que possuem usinas em outros estados levam o nosso material para lá e nós temos conseguido disseminar as informações além das fronteiras do Estado de São Paulo”, comemorou, destacando que o material está disponível e pode ser divulgado por quem tiver interesse.
Protocolo Agroambiental
A Secretaria de Agricultura participou da discussão e implantação do Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético Etanol Mais Verde desde o início e, atualmente, coordena o programa. O Protocolo é uma iniciativa pioneira firmada entre o Governo do Estado de São Paulo, representado pelas secretarias de Agricultura e Abastecimento e de Infraestrutura e Meio Ambiente, pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb)e o pelo setor sucroenergético paulista, representado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), e Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (Orplana), para a consolidação do desenvolvimento sustentável do setor sucroenergético e a superação dos desafios trazidos pela mecanização da colheita da cana-de-açúcar.
Dentre as diretivas técnicas que constam do Protocolo, merecem destaque as que determinam a redução da emissão de gases de efeito estufa. A eliminação da queima da cana evitou emissão de mais de 11,8 milhões de toneladas de CO2eq e de 71 milhões de toneladas de poluentes atmosféricos (monóxido de carbono, material particulado e hidrocarbonetos) desde o início do Protocolo, conforme lembrou Mônika Bergamaschi.
Além dos ganhos auferidos com a mecanização da colheita da cana desde a implantação do Protocolo, temos ainda a restauração da vegetação nativa. 132.285ha de áreas ciliares, 7.315 nascentes declaradas e mais de 46,7 milhões de mudas nativas plantadas desde o início do Protocolo; além a normativa que prevê a criação de estruturas de prevenção e o combate a incêndios florestais. “90% das usinas signatárias participam de estruturas regionais de prevenção e combate a incêndios florestais, como os PAM/RINEM. Mais de 1860 caminhões pipa e 11.700 brigadistas compõe sua força de prevenção e combate a incêndios florestais”, aponta Carol Matos, coordenadora do Projeto Etanol Mais Verde.
A Campanha
Desde segunda-feira, 7 de junho, a Secretaria de Agricultura começou a atuar junto à Abag/RP, – e aos produtores rurais na Campanha de Conscientização, Prevenção e Combate aos Incêndios. Pelo segundo ano consecutivo a Somar Meteorologia foi contratada para a confecção diária do Indicativo de Incêndios – ferramenta que correlaciona as condições observacionais e de previsão de chuva em curto e médio prazo, umidade relativa, balanço hídrico e outras variáveis meteorológicas, apontando, com mais precisão, as áreas e regiões com maior potencial de risco de ocorrência e propagação de fogo.
Os mapas serão disponibilizados diariamente no hotsite da Campanha e estarão à disposição da imprensa e demais organizações que tenham interesse em divulgar o material. Além dos mapas, também foram produzidos outdoors, busdoors, placas de estrada, spots de rádio, vídeos e cartilhas.
Mais informações podem ser obtidas no site da Campanha:
https://www.incendiosprevina.com.br.
Assista aos vídeos acessando: https://drive.google.com/drive/folders/167VIv2d1dSonEU5oe9xayQ2NAL2zgFbm?usp=sharing
Para informações sobre a Operação Corta Fogo, acesse: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/cortafogo/
Por Bruno Amato
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo