Associações representativas da cadeia de produção de carnes de aves e suína pediram que o governo tome medidas para garantir a competitividade da indústria brasileira de proteína animal para aquisição de grãos, em momento de altas recordes nos preços do milho e da soja.
Em comunicado conjunto divulgado na segunda-feira (24), as associações catarinenses alertaram para novas altas nos preços de carnes de aves, suína e de ovos diante do aumento nos custos de grãos.
As carnes de aves, de suínos e os ovos que hoje estão com preços mais elevados foram produzidos utilizando grãos adquiridos em 2020, quando os valores por tonelada eram menores. “Por isto, novas elevações de preços deverão alcançar a população brasileira nos próximos meses, em um momento crítico para a renda e para a segurança alimentar de nosso país”, disseram as associações.
O documento é assinado pela Associação Catarinense de Avicultura (Acav), a Associação da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Aincadesc) e o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne).
Santa Catarina é o maior estado produtor de suínos do Brasil e o segundo maior de frangos.
Segundo as associações catarinenses, a avicultura e a suinocultura do Brasil enfrentam “um grave quadro setorial”.
O milho e a soja, insumos básicos usados na nutrição animal, compõem 70% dos custos de produção do setor de carnes de aves e suínos. Esses insumos têm registrado altas recordes, reduzindo as margens de criadores e dos frigoríficos.
As associações de carnes em SC afirmam que o milho registra altas superiores a 100%, em relação ao ano anterior, em diversas praças consumidoras do país. A soja acumula alta de 60%.
“Em praças como Chapecó e Campos Novos, as altas giraram em torno de 113% de elevação no milho e 71,6% de elevação no farelo de soja quando comparadas ao ano anterior”, afirmaram.
As associações pedem que o governo tome medidas como viabilização emergencial das importações de milho e de soja estritamente para uso em ração animal, suspensão do imposto Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) sobre a importação destes insumos de países não integrantes do Mercosul, suspensão temporária de cobrança de PIS e Cofins para importações provenientes de países extra-Mercosul para empresas que não conseguem realizar drawback.
Elas também pedem suspensão temporária de cobrança de PIS e Cofins sobre os fretes realizados no mercado interno, criação de sistema oficial de informação antecipada sobre exportações futuras de grãos, financiamento para construção de armazéns e realização de armazenagem para os produtos, e políticas de incentivo de plantio de milho e de cereais de inverno no Brasil.
“Medidas rápidas são emergenciais para evitar que o quadro de perda de renda seja impactado pela redução de acesso a alimentos básicos, agravando a fome em nosso país”, afirmaram as associações.
Por Anna Flávia Rochas
Fonte: CarneTec Brasil