O evento virtual contou com apresentações de experiências de produtores com o Selo e de parceiros da iniciativa
Foi realizado nesta quarta-feira (28) o workshop “Selo Arte: avaliação da regulamentação brasileira e seus resultados”, organizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Escola Nacional de Gestão Agropecuária (Enagro). Com o objetivo de analisar a implementação da certificação no país, o evento virtual contou com apresentações de experiências de produtores com o Selo e de parceiros da iniciativa.
Em 2021, a Lei do Selo Arte completa três anos de sua publicação. Além de identificar e qualificar produtos de origem animal, elaborados de forma artesanal, o Selo permite aos produtores agregar valor aos seus produtos e comercializá-los em todo o território nacional, ao mesmo tempo que possibilita aos consumidores o acesso a produtos seguros, de qualidade e diferenciados.
Na abertura do evento, o secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação (SDI) do Mapa, Fernando Camargo, destacou os benefícios da certificação. “O Selo Arte é uma emancipação do produtor, que deixa de poder vender somente na sua região e pode alcançar uma dimensão nacional ou interestadual, e, mais do que vender fora da sua região, é importante ter o Selo para mostrar que o produto é diferenciado, é artesanal e tem características muito próprias que, certamente, vão agregar valor”.
O workshop ocorreu com o propósito de apresentar o funcionamento do Selo Arte para produtores e parceiros, esclarecer dúvidas e identificar desafios e oportunidades. “Esse evento marca o início de uma grande jornada. Vamos conversar com os secretários de agricultura e fazer o que for possível para identificar onde estão os gargalos, desobstruir esses gargalos e fazer com que o Selo tenha uma dimensão realmente nacional”, ressaltou Camargo.
Para o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, além de organizar os produtores, promover ações de capacitação e padronização de produto, como já acontece, é preciso destravar questões no âmbito da regulamentação. Em sua fala, Lucchi destacou a importância dessas ações para ampliar o alcance do Selo no atual cenário. “Se a gente conseguir fazer com que mais produtores de queijo e de outros produtos artesanais implementem o Selo, certamente eles vão ter muito mais gás para passar por esse momento de dificuldade e consolidar-se no mercado após a pandemia”.
O Diretor de Desenvolvimento de Cadeias Produtivas da SDI, Alexandre Barcellos, evidenciou o trabalho realizado pelos estabelecimentos detentores do Selo e produtores artesanais. “A arte de confeccionar alimentos com segurança e todos os cuidados necessários que possam trazer, além do prazer, a expressão da arte, a agregação de valor, a rentabilidade e a sustentabilidade, tornam esses nossos artistas os grandes protagonistas desse momento em que estamos fazendo avaliação e verificando resultados do Selo”.
Para acessar o Selo é necessário atender requisitos que garantem aos produtos qualidades e características especiais, como explicou a coordenadora-geral de Produção Animal do Mapa, Marcela Teixeira. “Quando falamos dos produtos com o Selo Arte, nós conhecemos a origem da matéria-prima, em geral são produtos produzidos na propriedade ou de origem conhecida. Existe um maior uso do trabalho humano, são produtos com maior manufatura. Utilizam as boas práticas de produção, que vão garantir a qualidade e inocuidade desses produtos. Um ponto que os produtores têm muito orgulho é a redução ou não uso de ingredientes industrializados e nenhum uso de aditivos cosméticos. E tem o principal diferencial, que é o processamento por uma receita tradicional, que vem muitas vezes da família”.
Experiências
A produtora artesanal do Mato Grosso do Sul Juliana Trombini compartilhou a história do seu empreendimento e experiência com o Selo Arte. “A Soul Leve nasceu na cozinha da minha casa. Comecei fazendo pães, bolos e esfirras. Tudo funcional, sem glúten, sem lactose, sem açúcar. Voltado para quem estava buscando uma alimentação saudável”.
Depois de criar uma manteiga ghee, produzida de forma artesanal a partir da nata do leite, a produtora foi orientada por amigos a comercializar a sua produção para mercados e em grande escala. “Comecei a vender de porta em porta e, quando fiquei sabendo que era possível ter o Selo Arte, voltado para produtos artesanais, fui atrás de conhecer a legislação”, contou.
Em janeiro, o empreendimento recebeu o Selo Arte. “É bastante gratificante saber que temos hoje um produto que é artesanal, que é único e que cumpre todas as normas de boas práticas que são exigidas pelo Ministério da Agricultura. O Selo Arte veio para tornar possível, para fazer com que o pequeno produtor possa realizar o sonho de ver o seu produto em diversos estados”.
Outra experiência apresentada durante o evento foi a do produtor artesanal do Espírito Santo José Lourenção com a produção e comercialização de socol, um tipo de presunto cru produzido com lombo de porco.
“Recebemos o Selo Arte no dia 21 de novembro de 2019, o que proporcionou termos, hoje, vendas para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. E, cada vez mais, a tendência é a gente ter essa comercialização ampliada. Esse era um sonho que a gente tinha”, disse Lourenção.
O produtor do Espirito Santo contou que pretende expandir ainda mais o seu negócio. “Nunca pensei em sair de 50 kg de carne no mês para 600 a 700 kg por semana na produção do socol. Então, o Selo Arte está nos dando uma oportunidade que eu nunca pensei alcançar”.
A segunda parte do workshop, realizada no período da tarde, contou com a participação do pesquisador da Embrapa Alimentos e Territórios, Renato Manzini, do pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária, Édson Bolfe, do gerente de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Instituto Mineiro de Agropecuária (Ima), André Duch, e da médica veterinária da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), Lúcia Correia.
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Fonte: MAPA