As retiradas de biodiesel pelas distribuidoras nas unidades produtoras atingiram 489 milhões de litros em dezembro de 2020, cerca de 87% do total previsto para o mês. O percentual ficou abaixo dos 95% mínimos exigidos nos contratos, como reclamou o setor produtivo há alguns dias. O volume estimado era de 561,3 milhões de litros, arrematados no Leilão 76, realizado em outubro. Em novembro, o patamar ficou em 96,6%, com 520,8 milhões de litros, dentro das expectativas.
Os dados foram divulgados na sexta-feira pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No acumulado do ano, o volume de biodiesel retirado das usinas e comercializado pelas distribuidoras foi de quase 6,4 bilhões de litros, 8,5% a mais que em 2019, quando o total chegou a 5,8 bilhões de litros, e dentro do esperado pelos produtores.
Dos 1,1 bilhão de litros de biodiesel arrematados no Leilão 76, com entregas para novembro e dezembro, foram retirados 91,38%, segundo a ANP. Questionada sobre as razões para que o percentual total de retirada de biodiesel ter ficado abaixo de 95%, a agência afirmou ao Valor que “não tem como afirmar, mas, provavelmente, tais razões estão relacionadas às estratégias comerciais das distribuidoras, bem como eventuais erros de previsão da demanda para o período do 76 no momento do leilão”.
Em alguns casos, o percentual foi ainda menor. Entre as empresas da Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que representam um terço do mercado brasileiro, a média em dezembro fechou abaixo de 81%, com 121 milhões de litros retirados. “Esse cenário trouxe altos custos para as usinas, que se programaram com matérias primas, hedge e tiveram produção interrompida diversas vezes devido ao pleno uso da capacidade de armazenagem”, afirmou a entidade, em nota.
A Abiove reforçou que as multas estipuladas para quem descumpre a retirada mínima não são suficientes para impedir quebras de contrato. O setor também pediu a elevação temporária da mistura, para enxugar os estoques na segunda quinzena de dezembro, mas não foi atendido. “É fundamental que a ANP promova uma discussão para aperfeiçoar esses mecanismos e evitar que esse problema se repita. O Brasil perdeu com a entrega abaixo da mínima obrigatória, uma vez que o diesel comercial entregue em dezembro poderia ser menos poluente, mais renovável e com menor emissão de gases de efeito estufa”, conclui o texto.
Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA