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Entrevista: ABCS prevê alta de 5% a 10% na exportação brasileira de carne suína em 2021

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) estima que a produção e a exportação de carne suína brasileira aumentem entre 5% e 10% em 2021, disse o consultor de mercado da entidade, Iuri Pinheiro Machado, à CarneTec nesta semana.

Apesar dos desafios enfrentados em 2020, o setor registrou recorde de exportação no ano e aumento no consumo doméstico de carne suína, impulsionados pela competitividade da proteína em relação às outras carnes.

Confira a íntegra da entrevista:

CarneTec: Quais foram os principais desafios enfrentados pela cadeia de produção de suínos em 2020?

Iuri Pinheiro Machado: O primeiro semestre foi muito desafiador e instável. A covid-19 num primeiro momento, entre março e maio de 2020, com as medidas restritivas e fechamento de restaurantes e bares, determinou uma queda drástica na procura, sendo que muitas granjas tiveram que reter animais ou vender por preço muito abaixo do custo. Aos poucos, a demanda foi retornando à normalidade e, a partir de junho, as margens se tornaram positivas, não somente pelo mercado interno, mas também pelas exportações em volumes recordes. Por outro lado, os insumos estiveram em alta desde o início do ano, determinando custos de produção muito elevados.

Apesar dos altos custos de produção, a carne suína conseguiu ganhar espaço na preferência do consumidor diante da sua vantagem de preços em relação à carne bovina?

Sem dúvida, houve aumento do consumo per capita de carne suína no Brasil em 2020 e grande parte disto se deve também ao preço elevado da carne bovina. O consumidor vem percebendo que a carne suína é muito competitiva em preço e pode, sim, substituir outras proteínas com benefícios no sabor e saudabilidade. O trabalho do sistema ABCS nos últimos anos junto ao varejo, além de desmistificar a carne suína, também fez com que melhorasse sua apresentação nas gôndolas.

Qual é a expectativa da ABCS para a produção e exportação brasileira de carne suína em 2021?

Estima-se um aumento entre 5% e 10%, ainda capitaneado pela China e outros países asiáticos.

E qual a previsão para o consumo per capita brasileiro de carne suína em 2021?

A falta de boi no mercado continuará pressionando os preços desta proteína para cima, mantendo a competitividade da carne suína. Por outro lado, o ritmo da economia em um cenário de pandemia ainda é preocupante. Sem dúvida, a velocidade do controle da pandemia (vacina) e a retomada da economia como um todo, com geração empregos e renda, serão fundamentais para garantir a demanda necessária para absorver a nossa produção.

Quais os desafios que a pandemia de covid-19 trouxe para o setor de suínos? Essa situação deve melhorar em 2021?

O setor, tanto nas granjas quanto nos frigoríficos, conseguiu proteger seus colaboradores e manter a cadeia produzindo, sem interrupção da produção, como aconteceu em outros países grandes produtores que chegaram a ter que sacrificar animais devido ao fechamento temporário de frigoríficos. Nossa prioridade sempre foi a saúde das pessoas envolvidas em toda a cadeia. Outro desafio trazido pela pandemia foi a queda da demanda em determinados momentos, devido às restrições impostas pelas medidas de controle e a mudança de canais de venda, com redução do food service e maior importância do varejo. Aprendemos muito no ano passado, tanto nas questões relacionadas à prevenção e redução de risco de contágio da covid-19 quanto na comercialização do suíno, mas a normalidade só retornará com a vacinação em massa da população brasileira.

A ABCS espera abertura de novos mercados em 2021? Quais?

Acreditamos que a concentração de volumes muito expressivos para um país só representa risco e a China já detém mais de 50% de nossas exportações. Por um lado, é preciso manter boas relações diplomáticas e comerciais com aquele país e, por outro, devemos buscar atingir de fato grandes compradores como Coreia do Sul, México e Japão, mercados os quais ainda vendemos volumes irrisórios e que estão entre os maiores importadores do mundo depois da China. Esses três países são muito rigorosos com a questão sanitária, exigindo que a origem da carne seja de locais livres de febre aftosa sem vacinação, condição a qual o Brasil está paulatinamente evoluindo, com a agregação de mais unidades federativas (dentre elas RS e PR em 2020) a este status que, até pouco tempo, somente o estado de Santa Catarina detinha. Isso deve determinar uma melhor condição de negociação com esses destinos para os próximos anos.

O consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado, diz que setor de carne suína deve buscar atingir novos grandes compradores como Coreia do Sul, México e Japão, além da China (Divulgação/ABCS)

Por Anna Flávia Rochas

Fonte: CarneTec Brasil

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