Percorrer 2.644 quilômetros. Foi o que fez o estudante de Agronomia do 5° semestre da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), Marco Antonio Pareja, para conhecer a tecnologia do Instituto Agronômico (IAC), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para desenvolver batata-semente livre de vírus. Ele veio de Recife para Campinas, interior paulista, com o objetivo de ver na prática como é produzido esse broto. Na fazenda Santa Elisa, do IAC, Pareja ficou de 7 a 22 de dezembro de 2020, na companhia do pesquisador responsável pela tecnologia, José Alberto Caram de Souza Dias.
“Decidi vir fazer uma visita e discutir a possibilidade de levar esta tecnologia para o Agreste Nordestino e, particularmente, na região de Caruaru, que dista 130 quilômetros de Recife, com aproximadamente 554 metros de altitude ao nível do mar”, afirma.
Pareja conta que a região de Caruaru é tradicional no cultivo de batata há mais de 50 anos. “Em revisões de literatura e em conversa com o doutor Caram durante esta visita técnica, tive conhecimento de que são excelentes as condições agroecológicas da nossa região para a manutenção da batata-semente, com alta sanidade, conforme mostram estudos do pesquisador do Instituto Agronômico”, relata.
Segundo o acadêmico, análises das principais viroses da batata-semente em amostras de tubérculos de várias gerações sucessivas de batata, mantidas pelos próprios produtores e coletados em batatais da região de Recife, indicaram alta sanidade e praticamente ausência de viroses. As amostras vieram também da vizinha região de Campina Grande, na Paraíba.
Entretanto, de acordo com Caram, tecnicamente é recomendável a produção de batata-semente, básica, livre de vírus e outras pragas, de forma certificada, conforme as normas oficiais do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), de 2012. Essa produção certificada deverá atender à renovação periódica do estoque básico de batata-semente de alta sanidade. “Essa renovação é necessária por segurança contra problemas sanitários que podem perpetuar via tubérculo”, ressalta o pesquisador do IAC, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Na região do Agreste Paraibano, o sistema convencional e tradicional de produção comercial da batata tem dependido de batata-semente certificada vinda de fora, geralmente de outros estados do Sul e Sudeste brasileiros ou até mesmo de outros países. Caram esclarece que, quando se depende de material de propagação vindo de fora, sempre existe o risco de introdução de novas viroses ou pragas exóticas na bataticultura e agricultura local. “Esses materiais podem trazer partículas de solo com esporos de bactérias fungos, larvas de insetos, além de vírus, que podem ser introduzidos e disseminados na região que adquire os lotes”, alerta.
Apesar da produção local, o Brasil tradicionalmente depende de lotes de tubérculos/batata-semente importados. Por ano, cerca de 6 mil toneladas chegam ao país.
Para o pesquisador do IAC, essa tecnologia constitui a ferramenta correta para aproveitar, de forma sustentável e orgânica, o potencial de produção de batata-semente livre de vírus, com perspectivas de atender à demanda desse insumo fundamental na bataticultura na região de Caruaru e Agreste Nordestino. “É possível que essa tecnologia IAC seja adotada na região de Caruaru e venha oferecer lotes de batata-semente tanto à própria região como a outras localidades do Brasil”, avalia.
Juntamente com técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura de Caruaru e de professores da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Caram observou baixa incidência de insetos transmissores de viroses durante o ciclo de cultivo da batata na região. “Com essa evidência tão vantajosa e incomum nas principais regiões produtoras de batata no Brasil e no mundo da área subtropical, que produzem esse alimento tão importante à humanidade, penso ser importante experimentar esse potencial inovador no agronegócio na região”, conclui.
Por Paloma Minke
Fonte: Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo